Batendo de Frente

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— Enfim, hoje começa o meu novo turno.

Concordei em trabalhar no horário noturno na lanchonete onde estava empregado como garçom. Meu chefe veio com a proposta e, após refletir um pouco, decidi aceitar. Não vi nenhum problema inicial, somente iria ter que ficar acordado até madrugada, coisa que não fazia com frequência. No entanto, comecei a perceber que essa mudança pode não ser suficiente... O ruim é que, muito provavelmente, terei que deixar o local.

Estou pensando seriamente em procurar um emprego em outro lugar. A verdade é que preciso de um salário maior para poder sustentar Todoroki e Kazinho, e meu chefe Aizawa muito possivelmente não está disposto a me dar um aumento... Eles dependem de mim e, com os gastos subindo, essa se tornou uma prioridade.

A decisão de mudar de emprego não é fácil, especialmente quando penso em como terei que me despedir dos meus colegas de trabalho e meu chefe. Criamos laços fortes e construímos muitas memórias juntos. Ainda assim, fico um pouco despreocupado por saber que poderei manter o contato deles no meu celular. Essas amizades significam muito para mim.

Naquele início de noite, me vi conversando com Todoroki em frente ao espelho enquanto me aprontava. Ele prestava atenção as minhas palavras que saiam da minha boca, realmente interessado no que eu dizia. O reflexo no espelho mostrava seu rosto atento.

— Meu parabéns, Midoriya. Porém não se esqueça de parar um pouco e descansar, para ter bons resultados precisa de um bom descanso.

— É um pouco difícil com meu chefe em cima, hehe… — Soltei uma risadinha.

— Eu sei como é, Midoriya. Mas seu bem-estar é importante. Não adianta se esforçar tanto se acabar se esgotando. — Todoroki falou, com um olhar sério e preocupado.

— Certo. Você tem razão. — Respondi, sorrindo levemente. — Às vezes, esqueço de que preciso cuidar de mim mesmo. — Enfim me arrumei completamente. — Tudo bem, estou pronto. Já vou indo, Todoro…

Ele então me abraçava por trás, balançando suavemente seu rabo de gato e mexendo suas orelhas peludas e bicolores. Logo recebi um beijo no pescoço, fazendo-me ferver e quase desmaiar! Isso foi muito repentino! Nem tive chance de notar que estava para se aproximar.

— Tenha um bom trabalho. — Falou em um tom amistoso e manso.

— A-Ah, obrigado… — Gaguejei, totalmente inibido.

Para piorar a situação, Kazinho cruzou a porta do quarto... Nos viu naquele estado e arregalou os olhos, sua face mostrava surpresa, mas eu podia sentir que ele estava atingido ao nos ver abraçados. Encontrei-me envergonhado novamente e, rapidamente, saí do abraço de Todoroki para evitar mais confusões e conflitos desnecessários.

— B-Bom, tchau, pessoal! — Acenei para a dupla com um sorriso desajeitado estampado no rosto, tentando disfarçar. E assim saí de casa, indo para o trabalho.

Ufa, ainda bem que Kazinho não disse nada. Imagine só... uma briga intensa entre os dois ou até mesmo nós três! Só de pensar nisso, já sinto um nó no estômago. No trajeto até a lanchonete, pensei um pouco em Todoroki… Ele só quer me ver bem, sempre me ajudando e me elogiando. Me sinto tão confortável ao seu lado, ele é tão doce e generoso. É um amor de pessoa.

Me peguei relembrando do nosso beijo. Nossas bocas em sincronia perfeita... Foi um instante memorável. Minhas bochechas avermelharam-se na hora, e, a cada passo, recordava da lembrança melosa que tive com o felino. Eu estava tão distraído passando pela rua que costumava pegar para ir até o meu trabalho, eu ouvia algumas vozes também… eram os trabalhadores daquele dia? Escutei brevemente um deles me gritando para não passar ali, pois era muito perigoso… O engraçado disso tudo é que continuei meu caminho pensando em Todoroki e ignorei meu entorno.

Meus Bichinhos de EstimaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora