Saí do meu quarto e me encaminhei em direção à sala, onde avistei Uraraka e Iida de pé, com expressões visivelmente preocupadas. Antes mesmo que pudéssemos começar a conversar, pedi que eles esperassem por mim e segui direto para a cozinha para tomar o remédio que aliviaria aquela dor persistente que vinha me incomodando. Aproveitei aqueles poucos minutos para me concentrar na calmaria que a casa oferecia, sentindo o conforto familiar das paredes conhecidas ao meu redor… Estaria prestes a saber tudo que aconteceu... Após ingerir o remédio, retornei à sala, esperando que ele começasse a fazer efeito. Me aproximei da dupla assim que cheguei no cômodo.
— Bom dia, Iida. Podem se sentar. Gostariam de beber ou comer alguma coisa? Posso preparar o café da manhã para nós três. — Eu sorri para os dois, o relógio marcava apenas sete horas da manhã.
— Bom dia, Midoriya. Não será necessário, só viemos conversar sobre a noite anterior. — Ochako e Tenya se sentaram no sofá de três lugares. — Você está bem? Ontem foi um tanto agitado… especialmente para você.
— Hum? M-Mas por que? P-Por acaso… fiz algo na noite passada?! — Tive receio.
— Como esperado… — Ajeitou os óculos. — não se lembra de nada sobre ontem por causa da ressaca. Mas sim, você fez. — Cruzou os braços.
— Oh... Deku — Ela olhava para o chão e para os lados, seus olhos vasculhando a sala de estar, aparentou estar procurando algo específico… Intrigado, observei-a, curioso sobre o que poderia estar buscando. —, onde estão os animaizinhos que você pegou da rua? — Eu franzi a testa e pisquei várias vezes, em dúvida. Do que ela estava falando?
— O-O que? Uraraka, eu não peguei nenhum animal de rua… Eu acho…
Eu sorri para ela, mas senti como se aquilo fosse uma farsa... Logo em seguida, uma palidez veio com força sobre mim. Tudo passou pela minha mente rapidamente — o que poderia ter acontecido na noite passada? Será que eu esqueci completamente de algo importante por causa da bebida? As perguntas giravam na minha cabeça, deixando-me ansioso por respostas que não chegavam.
─ ...E-Eu peguei, não é?!
Ambos concordaram com a cabeça enquanto eu observava, sem reação, minha pele empalidecendo ainda mais. Como isso foi acontecer?! Minhas mãos começaram a tremer descontroladamente, nem condições tenho para sustentar animais! De modo inesperado, senti algo suave e peludo roçando em minhas pernas. Olhei para baixo e lá estava um gatinho bicolor peculiar: metade branco, metade vermelho. Uma lembrança turbulenta surgiu em minha mente. Essas cores... eu já as vi antes, porém essa é a primeira vez que vejo um gato com uma pelagem tão estranha. E então, um cachorro desgrenhado, cujo pelo desalinhado era da mesma cor do cabelo daquele “homem-cachorro” que encontrei recentemente… Ele surgiu na entrada do corredor que levava até o meu quarto.
Percebi então a conexão entre os animais e aqueles homens… Será que…? Minha mente tentou de maneira desolada juntar as peças de uma noite embaçada pelo álcool. O gato e o cachorro, com suas pelagens distintas, aquela comemoração, aquelas pessoas fantasiadas... céus, ter bebido tanto foi um erro! Minhas mãos ainda tremiam, não apenas pela surpresa, mas pela inquietude causada pelo arrependimento e pela preocupação com o que mais eu poderia ter esquecido.
— Ah! Aí estão vocês! — Ela pegou o gato no colo para fazer um carinho.
— Você fez uma ótima ação acolhendo eles, Midoriya. — Iida, observando o cão se aproximando de nós, estava indo acariciá-lo, porém ele rosnou para Tenya que recuou a mão rapidamente.
Não posso acreditar nisso… Estou enlouquecendo? Ou será que já estou louco?! A imagem daqueles animais, daquela forma tão esquisita, não pode ser apenas fruto da minha imaginação… Eles estavam aqui, de uma maneira diferente, como se fossem humanos, e até mesmo brigaram por minha causa mais cedo. Será que tudo aquilo foi real ou apenas uma ilusão da minha mente perturbada?!
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Meus Bichinhos de Estimação
Hayran KurguIzuku Midoriya, decidido a começar uma nova vida fora da casa de sua mãe, vai diretamente para Osaka onde imagina que lá terá uma vida estável e sem preocupações. Ao chegar em uma das cidades, Izuku Midoriya teve a sorte de conseguir financiar uma m...