MIDNIGHT

CAPITULO 18

  Todos já haviam acabado de comer, mas isso não significava que o evento havia acabado, as pessoas agora estavam espalhadas pelo jardim conversando entre si, eu por minha vez preferi ir para a estufa de Rose, era uma construção de vidros e vigas de sustentação brancas, flores e plantas de diversos tipos, mas eu preferi ir para os fundos, onde estava uma única arvore de bordo vermelho, grande e majestosa que ultrapassava o teto da estufa.

   Me sentei ali debaixo da arvore e peguei meu celular, abrindo no Spotify e deixando que minha playlist de músicas soasse baixinho, o céu de cores quentes iluminava a pequena casa de vidro trazendo conforto. Pensei que poderia ficar sozinha ali, mas a figura de Alice se fez presente.

   — Você está bem? — a pergunta me pegou de surpresa enquanto a morena se aproximava.

   — Sendo sincera... não tenho certeza — suspirei pelo cansaço mental.

   — Sabe que estou aqui se quiser conversar — a Marks se sentou ao meu lado, e eu apoiei minha cabeça em seu ombro.

   — Já sentiu como se todos já tivessem decidido sua vida por você, e você não pode fazer nada contra? — esperei por sua resposta, mesmo que eu fosse entender se ela não quisesse dizer.

   — Não posso dizer que sim, minha família é mais liberal em comparação com a sua, mas entendo o sentimento, estar presa em algo e não poder dizer não para aquilo — sua mão acariciou meu cabelo.

   — Era mais fácil quando eu era pequena e você era minha baba — ri fracamente pela lembrança.

   — Deuses, sim — Alice riu junto a mim — Ainda me lembro de quando sua tia vinha visitar e trazia suas primas, você e Artêmis eram duas monstrinhas quando se juntavam.

   — Sinto falta também, mas as trigêmeas estão na Deimos, e minha tia disse que eles não deixam ninguém visitar em períodos de aula — comentei me lembrando de quando minha tia comentara isso com meu pai.

   — Deimos parece ser assustador — Alice concordou e eu balancei a cabeça confirmando.

   — Eu queria poder voltar no tempo, talvez eu pudesse impedir que meus pais se conhecessem — zombei.

   — Não diga isso — Alice se virou para mim fazendo com que eu levantasse minha cabeça e a olhasse — Você é uma garota maravilhosa Persa, merece todas as coisas boas que o mundo tem a te proporcionar.

   — Obrigada Alih, de verdade, você é como uma irmã para mim, sabe disso né? — a abracei, sentindo seus braços me rodearem.

   — Você também é uma irmã para mim Persa, minha pequena irmãzinha — ela deixou um beijo em minha cabeça — Tenho que voltar lá para fora para ficar com JJ, você vem?

   — Não, eu preciso ficar mais um pouco sozinha — balancei minha cabeça negando.

   — Saia quando se sentir melhor — Alice se levantou e caminhou para fora, me deixando ali sozinha.

   Ou nem tão sozinha.

   — Pensei que ela não fosse mais embora — uma voz conhecida se fez presente.

   Depois de tanto tempo aguardando, Oliver finalmente havia tomado coragem para vir até mim.

   — Era isso que você queria, não era? — me levantei enquanto o moreno se aproximava — Você sabia que isso ia acontecer, você me manipulou.

   — Eu não fiz nada, você decidiu vir para a noite das mentiras — ele se aproximou cada vez mais.

   — Não banque o egocêntrico agora Oliver, afinal, você conseguiu o que queria — ri sem nenhum humor — Você é pior do que eles.

   — Meu irmãozinho vai atrás de você e você simplesmente acredita nele — sua mão segura meu queixo, me fazendo olhar para ele — Vai trocar de irmão Lilly?

   O estalo ecoou pela estufa, sua bochecha ficando vermelha com a marca da minha mão que ardia pelo conato inesperado.

   — Qual a porra do seu problema? Eu vim para Riverwind por sua causa, por sua maldita causa — o empurrei para longe de mim — Você não estava lá, mentiu para mim e ao menos sabe pelo que eu passei.

   — Eu tinha coisas para resolver — ele disse como se nada do que eu tinha dito tivesse importado.

   — O que diabos poderia ser mais importante Oliver? Você me fez pensar que gostava de mi...

   Seus lábios colidiram com os meus, interrompendo qualquer coisa que eu pudesse dizer a seguir, tentei empurrá-lo para longe, afastá-lo de mim, mas foi em vão quando ele me trouxe mais para perto.

   Seus lábios em contato com os meus me fizeram derreter, cedendo quando sua língua pediu passagem para dentro da minha boca, suas mãos desceram até minhas coxas descobertas pelo vestido onde ele as apertou na parte de trás, Sad Boy Savior da MERIT tocava de fundo no meu celular que ainda estava ligado na minha playlist, meus braços rodearam seu pescoço trazendo Oliver para mais perto até que nossos corpos estivessem colados.

   — Não posso proteger você quando estiver enfiada no meio da temporada — ele disse ofegante enquanto se separava de mim para recuperar o folego — E você pode estar puta da vida comigo agora, mas eu sempre, sempre vou fazer de tudo para que você fique bem, e se isso significa que você tem que estar aqui para isso, então me xingue, me bata, faça o que quiser, apenas não me odeie por ser egoísta sobre isso.

   — Como acha que eu poderia te odiar? — encostei minha testa na sua — Você pode ser um idiota as vezes, mas é uma das pessoas que me prendem a realidade.

   Ele sabia o que eu queria dizer. Oliver era uma das únicas pessoas que conseguia me manter sã, passei tanto tempo sendo moldada pelas pessoas, para ser algo da qual eu não queria, que minha mente parecia gostar de se desconectar da realidade.

   — Isso significa que estou perdoado? — ele sorriu, esperando pela minha resposta.

   — Não, eu não te odeio, mas você vai ter que me convencer de que merece ser perdoado — enquanto seu sorriso se desmanchava, o meu crescia de maneira felina — Não sou idiota Oliver, não vou esquecer o que aconteceu na Liar Night, então arrume um bom jeito de se desculpar, porque não vou te esperar para sempre.

   Sai da estufa o deixando ali, tendo em mente que um novo jogo havia começado, e se eu fosse esperta o suficiente, seria aquela que comanda o jogo.