Capítulo 20

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Oak está de verde, dançando na frente da carruagem. Quando me vê, corre até mim, ávido para que eu o pegue no colo, depois corre para fazer carinho no cavalo antes de mim. É uma criança fada, com os ímpetos de uma criança fada.

 Trina está linda com o vestido bordado, e Vivi está radiante em cinza-violeta suave com mariposas delicadamente costuradas no corpete, parecendo voar dos ombros para o peito e se reunindo em um montinho de um lado da cintura.Percebo como foram poucas as vezes em que a vi com roupas realmente esplêndidas. Seus cabelos estão presos e meus brincos cintilam nas orelhas cobertas de penugem. Os olhos de gato brilham à meia-luz, gêmeos dos deMadoc. Pela primeira vez, isso me faz sorrir. Seguro a mão de Trina com minha mão boa, e ela a aperta com força. Trocamos um sorriso, conspiradoras destavez.

 Na carruagem, há várias coisas para comer, uma decisão muito inteligente dealguém, porque nenhuma de nós se lembrou de se alimentar o suficiente o diatodo. Tiro uma luva e como dois rolinhos de pão tão leves e cheios de ar queparecem se dissolver na língua. No recheio de cada um, uma mistura de passas enozes com mel, a doçura suficiente para fazer meus olhos se encherem d'água.Madoc me passa um pedaço de queijo amarelo claro e uma fatia ainda sangrentade carne de cervo com cobertura de junípero e pimenta. Mandamos ver nacomida rapidamente. 

Vejo o capuz vermelho de Madoc enfiado no bolso da frente. É sua versão deuma medalha, acho, a ser usada em ocasiões oficiais.

 Ninguém fala nada. Não sei o que está se passando pela cabeça dos outros,mas abruptamente percebo que vou ter que dançar. Sou péssima dançarina porque não tenho prática além das aulas humilhantes na escola, com Trina sendo meu par.

 Penso em Noah, em Finn e em Millie tentando proteger Spencer do que Caleb planejou. Como eu gostaria de saber o que fazer para ajudá-lo.

 MATE O PORTADOR DESTA MENSAGEM. 

Olho para Madoc, que beberica vinho com especiarias. Ele parece totalmenteà vontade, totalmente alheio (ou despreocupado) à perda de uma de suas espiãs.

 Meu coração acelera. Fico me lembrando de não passar a mão na saia dovestido por medo de sujá-la de comida. Por fim, Oriana nos entrega alguns lenços molhados com água de rosas e hortelã para nos limparmos. Isso gera umaconfusão, com Oak fazendo o possível para escapar da limpeza. Não há muitoespaço para correr na carruagem, mas ele consegue se afastar mais do que pareceser possível, pisoteando todas nós no processo. 

Estou tão distraída que nem faço a careta automática quando passamos pelapedra e entramos no palácio. Estamos parando antes mesmo de eu perceber quechegamos. Um recepcionista abre a porta, e consigo ver o pátio inteiro, tomado por música e por vozes e por alegria. E velas, florestas de velas, a cera derretendo e criando um efeito de madeira comida por cupim. Tem velas até nos galhos das árvores, as chamas tremeluzindo com o movimento dos vestidos abaixo. Elas ocupam as paredes como sentinelas, e também se amontoam sobre as pedras, iluminando a colina. 

— Pronta? — sussurra Trina para mim. 

— Sim — digo, levemente sem fôlego.

 Então saímos da carruagem. Oriana prendeu uma pequena coleira de prata no pulso de Oak, o que não me parece uma ideia tão ruim, ainda que ele esteja choramingando e se sentando na terra em protesto, tal qual um gato. 

Vivienne olha ao redor. Há algo de feral em seu olhar. As narinas se dilatam. 

— Temos que cumprimentar o Grande Rei uma última vez? — pergunta ela para Madoc. 

Ele balança a cabeça sem muito afinco. 

— Não. Seremos chamados quando for a hora de fazermos nosso juramento.Até lá, tenho que ficar ao lado do príncipe Spencer. E vocês podem ir se divertir até os sinos tocarem e Val Moren começar a cerimônia. Nessa hora, sigam para asala do trono para testemunharem a coroação. Prefiro que fiquem perto do trono, onde meus cavaleiros podem cuidar de vocês.

The Cruel Princess - Sadie Sink and YouOnde histórias criam vida. Descubra agora