Capítulo 25

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Sou recebida por gargalhadas quando volto à Corte das Sombras. Estou esperando encontrar Sadie do jeitinho que a deixei, intimidada e calada, talvez ainda mais infeliz do que antes. Mas as mãos dela foram desamarradas, e ela está à mesa, jogando cartas com Finn, Noah... e Millie. No centro tem uma pilha de joias e uma jarra de vinho. Há duas garrafas vazias embaixo da mesa, o vidro verde capturando a luz da vela.

— S/n — diz Millie com alegria. — Senta aqui! Vamos botar você no jogo. 

Fico aliviada por vê-la ilesa. Mas nada mais no cenário é bom. 

Sadie sorri para mim como se tivéssemos sido grandes amigas a vida toda. Eu tinha me esquecido do quanto ela pode ser encantadora... e do quanto isso é perigoso.

— O que vocês estão fazendo? — explodo. — Ela devia estar amarrada! Sadie é nossa prisioneira!

— Não se preocupe. O que ela vai fazer? — pergunta Finn. — Você acha mesmo que ela dá conta de passar por nós três?

— Não me importo de usar só uma das mãos — diz Sadie. — Mas se vocês forem amarrar as duas, vão ter que derramar o vinho direto na minha boca.

— Ela nos contou onde o velho rei guardava as garrafas boas — explica Millie, afastando o cabelo do rosto. — Sem contar um depósito de joias que pertenciam a Jacey. Ela imaginou que no meio de toda aquela confusão, ninguém perceberia se sumisse, e até agora ninguém percebeu mesmo. Foi o trabalho mais fácil que Barata já fez. 

Tenho vontade de gritar. Eles não deviam gostar de Sadie, mas por que não gostariam? Ela é uma princesa que os está tratando com respeito. É irmã de Spencer. É feérica, como eles.

— Tudo está espiralando para o caos mesmo — diz Sadie. — Que ao menos a gente se divirta um pouco, então. Você não acha, S/n?

Respiro fundo. Se ela minar minha posição aqui, se conseguir fazer com que eu seja vista como a intrusa, eu nunca vou convencer a Corte das Sombras a seguir o plano que ainda está confuso na minha cabeça. Já não consigo descobrir como ajudar a todos. A última coisa da qual preciso é que Sadie piore a situação ainda mais.

— O que ela ofereceu a vocês? — pergunto, como se estivéssemos todos envolvidos na mesma piada. Sim, é um jogo. Talvez Sadie não tenha oferecido nada ainda.

Tento disfarçar que estou prendendo a respiração. Tento não mostrar como Sadie faz eu me sentir pequena.

 Noah me oferece um de seus raros sorrisos.

— Principalmente ouro, mas também poder. Posição.

— Muitas coisas que ela não tem — completa Millie.

— Pensei que fôssemos amigos — diz Sadie com desânimo.

— Vou levá-la para os fundos — aviso, colocando a mão no encosto da cadeira da princesa cheia de propriedade. Preciso tirá-la daqui antes que ela leve a melhor em cima de mim. Preciso dela longe daqui agora.

— Pra fazer o quê? — pergunta Finn.

— Ela é minha prisioneira — lembro a eles, me agachando e cortando as tiras de pano que ainda prendem as pernas de Sadie à cadeira. Percebo que ela deve ter dormido assim, sentada, isso se dormiu. Mas não parece cansada. Sadie sorri para mim, como se o fato de eu estar ajoelhada fosse uma espécie de reverência. Tenho vontade de arrancar aquele sorrisinho da cara dela, mas talvez eu não possa. Talvez ela vá sorrindo assim para o túmulo.

— A gente não pode ficar aqui? — pergunta Sadie. — Tem vinho. 

Isso faz Finn dar uma risadinha.

The Cruel Princess - Sadie Sink and YouOnde histórias criam vida. Descubra agora