Capítulo 04

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Bianca suspirou profundamente quando escutou a campainha tocando como se o fosse o fim do mundo.

O homem negro teve que servir o jantar a ela porque a empregada estava doente e o único que ficava durante a noite era ele.


— Vai atender ou quer que eu vá? — Pedro controlou a vontade de responder aquela pergunta e para evitar que a sua língua afiada o trouxesse problemas seguiu caminho para a porta.

Assim que abriu a porta, Pedro desejou não ter cometido tamanha loucura ao deparar-se com os olhos azuis cansados do homem que não desejava ver nem pintado de ouro.

Babe! — Ryan disse sem deixar o seu sotaque nova iorquino passar despercebido aos ouvidos do moçambicano.


Pedro, sem dizer uma palavra sequer, esperou o outro entrar e assim que fechou a porta seguiu caminho para a cozinha.

O homem negro sentiu o grande corpo de Ryan colado contra o seu assim que deu uns passos.

Pedro respirou profundamente quando sentiu o hálito quente contra o seu pescoço, o calor do seu corpo contra o seu, o braço forte apertando a sua cintura.

Ryan afundou o seu nariz no cabelo do homem que estava nos seus braços. Ele nunca pensou que fosse adorar ter a sua altura mas gostou de poder contemplar da cabeça aos pés do homem que lutava para se livrar das suas garras.

— Não me toques, filho da puta — ameaçou entre dentes, porém sabia que Ryan não escutaria pois estava cheirando a bebida.

— Não se faz de difícil, eu sei que você quer — sussurrou apertando a cintura do menor que usando toda a sua força, deu uma cotovelada na barriga do jogador de basquetebol.

Ryan fintou o homem negro que tinha a testa franzida. Viu as suas expressões afeminado realçadas quando puxou os dreadlocks, os brincos que usava ficaram a mostra com o gesto de afastar.

O seu queixo fino coberto pela pouca barba que cobria parcialmente a sua pele negra, os cílios longos que quase tocavam as suas bochechas sempre que piscava.

You're so fucking beautiful — Pedro agradeceu pela sua melanina abundante se não o homem com a mão na barriga perceberia as suas bochechas esquentando.

Ryan mostrou um sorriso fraco ao perceber a reacção do menor. Ele se recompôs quando a dor dissipou e caminhar até parar na frente de Pedro.

O homem negro teve que erguer a cabeça para poder encontrar os olhos azuis que não conseguiu esquecer durante os dois meses que passou literalmente fugindo dele.

Pedro continuou imóvel ansioso para ver o que o outro faria. Segurou um gemido quando Ryan enlaçou a sua cintura o puxando para mais perto.

O menor tremeu quando sentiu os lábios macios de Ryan roçando contra os seus.

Ele queria desesperadamente beija-lo mas não iria se humilhar tomando iniciativa com um filho da puta como ele.

Ryan deslizou lentamente pela cintura do homem negro até chegar a sua bunda, ele amava sentir a maciez das nádegas fartas, apertou fazendo Pedro arfar.

O americano aproveitou a oportunidade para deslizar a sua língua molhada para dentro da boca do mais velho.

Pedro fechou os olhos se deixando levar pelas carícias do homem alto que conseguia esquecer desde a noite maravilhosa que tiveram.

Na ponta dos pés, o homem negro apertou o tecido macio do casaco caro numa tentativa de conseguir saborear mais o beijo, sentia o sabor a álcool na língua ágil varrendo a sua boca.

Os dedos grossos emaranharam-se nos dreadlocks grossos de Pedro antes de puxa-lo para os seus lábios quentes encontrarem o lóbulo da orelha do homem negro.

Os dois estavam tão imersos no momento que não perceberam que haviam tirado uma foto deles.

— Quer subir? Desta vez eu pago o quanto você quiser — aquela foi a gota de água para o mais velho.

Ryan cambaleou quando sentiu as mãos de Pedro empurrando pelo seu peito e começou a rir como louco assim que percebeu o menor limpando a boca freneticamente.

Come on. I know you want it — Pedro sentiu uma profunda raiva ao perceber que quase ia caindo nas provocações dele e por um momento se arrependeu por seu filho ter um pai horroroso como ele.

Com as mãos trêmulas de tanta raiva, pegou na sua carteira onde ainda tinha guardado os quinhentos dólares que Ryan lhe deu depois da noite que tiveram.

— Vai se foder, filha da puta! — gritou jogando as cinco notas de cem para o homem alto que lutava tentando manter a postura inabalável mas no fundo aquelas palavras haviam lhe afectado.

— O que está havendo aqui? — Pedro segurou as lágrimas quando escutou os passos se aproximando cada vez mais deles.

— Posso ir para casa? A minha mãe está um pouco incomodada e gostaria de passar a noite com ela? — a mulher negra percebeu o que acontecia assim viu os olhos vermelhos de Pedro e o seu melhor amigo um pouco ofegante e ambos com os lábios inchados.

Bianca suspirou profundamente quando viu a cena do seu melhor amigo e Pedro fumegando de raiva.

— Você pode ir, eu fico bem sozinha e tenho os guardas para vigiar também a Clara precisa mesmo de ti — falou quando percebeu que Pedro iria protestar e Ryan fez menção de impedir o outro.


— Que merda você está fazendo? Eu avisei para não se meter com ele e olha o que você faz. — Bianca perguntou chateada com o comportamento do seu melhor amigo e Ryan levou as mãos ao rosto, ele não fazia ideia o porque explicar o motivo de ter agido daquela maneira com Pedro.

— Não começa, Bianca. A minha cabeça está me matando e eu estou sem paciência para aturar mais alguém me repreendendo — respondeu indo se jogar no sofá da sala de estar.

Ryan passou uma bela noite ao lado de Gastón, tinha um monte de homens e mulheres para atender os seus prazeres mas não conseguia evitar por sentir a solidão.

Ele sempre foi rodeado de pessoas que sempre davam o que ele pedia sem pensar duas vezes e isso o fazia sentir um vazio no peito. Saber que ninguém gostaria dele por quem era doía mesmo que não quisesse admitir.

Pedro foi a primeira pessoa a dizer um não para ele e isso somente chamou mais a sua atenção, a beleza do homem negro era indiscutível mas a sua personalidade também atraía Ryan.

— Onde ele mora? — Bianca balançou levemente a cabeça ao notar a persistência de Ryan.

Pedro esfregou o rosto, furioso por estar chorando por causa de Ryan e saber que ele o atraía piorava ainda mais a sua raiva. E ainda teria de ter um filho dele para lembrá-lo do seu erro.

O homem negro estava tão distraído que não percebeu o homem parado a sua frente e ergueu a vista para encontrar os olhos do desconhecido.

O homem branco tinha uma barba enorme que parecia ser macia ao toque e olhos cinzentos que quase lembravam de Ryan.

Ele usava roupas esportivos da Lakers e sapatos da Nike, Pedro não tinha dúvida que ele também seria um jogador de basquetebol assim como o homem que beijou há minutos.

Se recompôs e passou directo por ele sem dizer uma palavra sequer, estava sem ânimo para conversar com qualquer pessoa que não fosse a sua mãe.


Caminhou durante quinze minutos que pareciam uma eternidade por estar com pressa de sair dali e assim que entrou em casa correu imediatamente para abraçar a sua mãe.

— Eu quero abortar — Clara ficou chocada com a declaração do seu filho e ver a determinação nos seus olhos marejados soube que alguma coisa havia acontecido.

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