Pânico tomou conta de Pedro. Ele nunca cogitou a ideia de que Ryan poderia usar violência contra outra pessoa, nem mesmo Billy.
O homem negro sabia que Billy merecia muito pior por ter tirado a vida do seu filho, mas uma preocupação ainda maior tomou conta dele: Ryan não poderia arruinar sua carreira por causa desse desgraçado.
— Ryan, pára! — A voz de Pedro, cheia de pânico e desespero, finalmente cortou através da névoa de raiva que envolvia o loiro. Ryan parou, respirando pesadamente, seus punhos ainda cerrados enquanto olhava para o marido.
— Parar? Esse filho da puta quase matou você! Um dos nossos bebês morreu por culpa dele! — Ryan gritou, sua raiva transbordando.
Pedro sentiu um frio percorrer sua espinha ao ver o ódio nos olhos do marido. Ele olhou em volta, vendo que os colegas de Ryan o seguravam para que não partisse novamente para cima de Billy. A visão de Gastón tentando estancar o sangramento no nariz de Billy o fez estremecer. A ideia de Ryan perdendo tudo o que trabalhou tanto para conquistar o assombrou.
"Se Ryan fizer algo drástico, tudo o que ele construiu pode desmoronar", pensou Pedro, o coração apertado. Ele sabia que Billy estava provocando, querendo ver Ryan se destruir, e não podia deixar que isso acontecesse.
— Não acredito que foi mesmo domado por uma bicha! E que diferença faz se eu matei o feto? Nem era uma pessoa ainda e pode muito bem fazer outro — Billy zombou, provocando Ryan mais uma vez.
Pedro viu o marido avançar novamente, os olhos inflamados de raiva, mas antes que ele pudesse agir, Pedro desferiu uma bofetada no rosto de Ryan, fazendo-o parar abruptamente. O silêncio tomou conta do ambiente, todos em choque.
Pedro, com os olhos marejados, encarava Ryan, implorando silenciosamente para que ele parasse, para que não deixasse que a raiva o consumisse. Ryan piscou, a visão finalmente clareando. A lembrança do que estava em jogo, de tudo o que eles poderiam perder, começou a se infiltrar em sua mente.
Ryan ainda estava tremendo de raiva, seus olhos brilhando com a intensidade do que acabara de acontecer. Mas ao ver Pedro, tão frágil, tão assustado, e lembrar-se de quanto Pedro sempre o apoiou em sua carreira, Ryan sentiu a raiva começar a diminuir, substituída por um profundo cansaço e arrependimento.
— Eu sinto muito… — Ryan sussurrou, mais para Pedro do que para qualquer outra pessoa, enquanto olhava para o homem que amava, ciente de que, por mais que quisesse proteger Pedro, talvez tivesse acabado de piorar as coisas.
Pedro levou a mão à cabeça quando sua vista ficou turva, a preocupação com a carreira de Ryan, somada ao choque do momento, finalmente o atingiu. Felizmente, Gastón conseguiu apanhá-lo antes que ele se esborrachou no chão duro.
Billy mostrou um sorriso vitorioso enquanto era retirado da presença de Ryan. O sorriso arrogante e prepotente fez lembrar dele mesmo antes de conhecer Pedro.
Lembrou daquele Ryan que fazia as coisas porque queria e não se importava com as consequências que poderiam trazer na vida dos outros.
As mãos trêmulas por causa da adrenalina ainda correndo em suas veias, Ryan fechou os olhos tentando recuperar a calma há alguns minutos perdida.
Gastón depositou o corpo inconveniente de Pedro no sofá da sala no mesmo instante em que Ronald e Theodore adentraram o lugar.
O silêncio tomou conta do lugar enquanto Theodore tentava assimilar e perceber o motivo de Pedro estar inconsciente, Ryan com os punhos avermelhados e Billy que viu sendo acompanhado para o hospital.
Gastón ficou de pé indo imediatamente parar ao lado de Ryan, o secretário do loiro mais novo evitava Ronal como a lua foge do sol.
— O que aconteceu aqui? — questiona sem nenhuma resposta de imediato. Ryan soltou um longo suspiro antes de pronunciar as tão esperadas palavras.
— Perdi a cabeça e bati nele — Theodore passou a mão pelos fios grisalhos após escutar a resposta do seu filho mais novo.
— Eu quero aquele desgraçado pago pelo que fez ao meu genro tanto quanto você, filho… — mencionou enquanto Ronald indo atender Pedro que parecia estar recuperando a consciência.
— Tem um monte de pessoas esperando que você cometa um erro e se aproveite para arruinar a carreira pela qual tanto lutou. O seu sonho está a um passo de ir para o ralo por causa da sua imprudência e vai arrastar o seu marido e filho junto, Ryan — repreendeu frustrado.
Ryan fintou o quadro pendurado na parede, será que ela também o repreenderá se ainda estivesse viva? ou iria acolhê-lo como sempre fazia? Pensou o loiro.
Por um momento implorou que a possibilidade de voltar no tempo fosse possível, seria a única forma de mudar as coisas e não ter caído nas provocações de Billy.
Ryan sentiu a raiva novamente tomando conta de si ao contemplar o seu irmão deliberadamente apertando a coxa nua de Pedro enquanto acariciava o seu rosto.
— Foi só um enjoo, estou bem, Ronald — Pedro respondeu, ainda meio zonzo por causa do desmaio por isso ficou sem afastar ou mesmo fugir do toque de Ronald mesmo sentindo desconforto.
O loiro barbudo passou o polegar bem próximo dos lábios escuros que Ryan havia acabado de beijar e aquilo foi o ápice para o mais novo que empurrou o irmão.
— Eu já avisei para não tocar nele — ainda sentado no sofá, usando a pouco força que tinha Pedro segurou o braço do marido.
— E vai fazer o que se eu tocar? — retrucou desafiando o mais novo. Theodore ficou totalmente perdido, ele não queria que os seus filhos tivessem mais desavenças do que já tinham.
— Rebento a sua cara sem pensar duas vezes — falou ainda parado. Ryan poderia facilmente se livrar do embaraço do moçambicano mas não queria machucá-lo, por isso permaneceu no lugar.
— Ryan, por favor — Pedro pediu para que acabasse com aquela loucura. O menor já tinha que suportar a culpa por trazer problemas para a vida profissional do loiro e agora teria que envolver a família dele?
— Eu não me importo que seja o filho favorito do nosso pai, o melhor na quadra e tenha um esposo que dá inveja mas não tolero que me falte ao respeito, Ryan — respondeu dando um passo para a frente.
Theodore parou entre os seus filhos ao perceber que a situação estava ficando fora de controle.
— Ronald, respeita o Pedro e o relacionamento dele com o seu irmão. E Ryan, o que eu disse sobre não deixar a raiva tomar conta de ti? — o homem disse.
— Está dizendo para eu aguentar calado enquanto o meu próprio irmão toca de maneira desrespeitosa no meu marido? Lamento, mas isso não posso e nem vou fazer — Ronald quis responder porém os presentes na sala voltaram a atenção para Pedro.
O homem negro entrou em pânico quando sentiu um dor debaixo do ventre e as lágrimas caíram logo ao lembrar do momento que perdeu um dos seus bebés.
— Não, não, não. O meu bebê não — Theodore saiu às pressas para ir buscar os medicamentos que o médico havia prescrito para a gravidez delicada do menor.
Não demorou muito para Theo trazer os medicamentos que Ryan ajudou Pedro a tomar. Passados uns minutos, o menor caiu no sono.
— Vão embora — Ryan falou para o pai e seu irmão mais velho enquanto carregava o esposo sonolento nos seus braços fortes no mesmo instante que a sua casa foi invadida por dois policias.
— Ryan Hunter Borges, o senhor está preso por agressão física contra Billy Butch — o loiro entregou o esposo nos braços de Theodore pois sabia exactamente porque aquelas pessoas estavam ali.
Sem luta, Ryan estendeu as mãos que foram algemadas logo de seguida. O jovem nova iorquino de certa forma sentia que merecia estar passando por tudo aquilo.
— Não contem para ele, por favor — foram as suas últimas palavras antes de acompanhar as autoridades.
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Jogadas Do Destino
RomanceRyan Hunter é um talentoso e jovem jogador de basquete que vive no topo do mundo, conhecido tanto por suas habilidades na quadra quanto por seu estilo de vida extravagante e irresponsável. Apesar de sua fama e riqueza, Ryan se sente profundamente so...