Clara apenas observava o seu filho andando de um lado para outro há quase trinta minutos reclamando sobre Ryan.
— Cão sarnento! Sem vergonha insensível! Imbecil! — a mulher negra segurava a risada quando viu o seu filho andando de um lado para outro xingando Ryan de tudo que é nome.
— Aquele filho da puta acha que pode fazer o que quiser e ainda pensar que tem o direito de sentir ciúmes? Eu o odeio — Pedro não queria ver Ryan nem pintado de ouro desde que o que aconteceu na noite anterior.
— É verdade que o Ryan tem um carácter duvidoso e você gosta dele mas não é bom ficar alterado principalmente no seu estado — a sua mãe disse enquanto desfrutava da sua maçã.
— Gostar de quem? Ele pode ser um tremendo macho que beija bem, tem uma pegada dos deuses e tem aquele sorriso que me irrita profundamente mas isso não é motivo para gostar de um idiota arrogante e egoísta como ele — disse indo sentar no baloiço que tinha no jardim de Ryan.
Ele tinha um jardim gigante que somente mostrava a sua natureza extravagante e rica. O lugar é tão grande que era um milagre nenhum dos dois terem se perdido ainda.
A mãe de Pedro teve uma sessão perfeita durante na manhã daquela sexta-feira e estava tão relaxada que somente escutava os desabafos de Pedro.
O sol se punha no céu, pintando as nuvens de cores vibrantes e o azul sendo substituído pelo amarelo brilhando majestoso no horizonte.
— E você notou tudo isso porque o odeia? Interessante, filho — Clara disse sarcástica fazendo Pedro cobrir o rosto com os seus dreadlocks ao sentir as suas bochechas aquecer.
Na sua cadeira de rodas, ela mostrou um sorriso fraco quando viu Ryan vindo em direcção a eles.
— Você está dizendo isso por causa do Theodore e não, eu não gosto do Ryan e ponto final — resmungou insatisfeito com a sua mãe parecendo estar confortável e se divertindo com a situação dele.
— O Theo é lindo e estou solteira então não vejo problema nenhum ao contrário de ti que estás muito bem casado e com um filho a caminho — respondeu dando a última trinca da sua maçã.
Ryan parou esperando ansiosamente pelas palavras de Pedro quando percebeu as suas mãos apertando a corrente e os seus olhos encarando o céu.
— Seria um sonho se fosse um casamento de verdade, sem mentiras, escândalos ou ter que fingir que amo aquela desgraçado — disse com pesar.
Clara assentiu levemente quando notou a hesitação que Ryan mostrava ao permanecer parado logo atrás do homem negro.
A mulher negra moveu a sua cadeira mantendo uma distância considerável para dar privacidade a Pedro e o seu esposo.
O loiro se aproximou do mais velho que ainda não havia percebido a sua presença, ele queria tanto poder conversar com Pedro mas não sabia por onde ou como fazê-lo.
— Sabes que nunca pensei em casar ou ter filhos mas eu esperava que fosse acontecer com um homem que amo e me ama de verdade e não essa farsa — contou sincero.
Pedro soltou um suspiro longo quando percebeu que o loiro que não saia dos seus pensamentos estava bem ao seu lado.
— Não estou afim de falar contigo, pelo menos não agora — Pedro disse sem olhar em direção do homem que sentou no baloiço ao seu lado.
O homem negro abaixou levemente a cabeça para poder aproveitar o espaço entre os seus dreadlocks para poder complementar Ryan.
Ele trajava um terno rosa bebê que caia muito bem na sua postura alta e musculosa. O perfume com um cheiro levemente doce o fez querer abraçar o homem mas se recompôs assim que se deparou com os olhos azuis.
— Tem um evento de celebridades hoje a noite e como somos um casal, eu preciso que venha comigo — Ryan falou passando a mão no pescoço, gesto que surpreendeu o menor.
— Você disse que poderia ter qualquer homem ou mulher aos seus pés, leva um deles e me deixa em paz — respondeu, erguendo a sua estatura fazendo menção de abandonar a presença do homem.
Porém Ryan enlaçou a sua cintura o puxando para o meio das pernas dele e Pedro apoiou as mãos no peito do loiro.
— Dá para esquecer isso? — o jovem nova iorquino demostrou a sua frustração por sempre estarem tocando na mesma tela.
Pedro ficou boquiaberto com a ousadia de Ryan, como se atrevia a pedir que esquecesse as suas palavras. O momento mais humilhante que passou em toda a sua vida.
— Não, não dá para esquecer — exasperou com escárnio que não passou despercebido do loiro.
Ryan engoliu seco achando extremamente atraente a faceta enrugada do homem negro. Os traços faciais afeminados sempre o fascinavam e Pedro mordeu aquela boca que o lembrava dos beijos que deu na noite anterior.
Achava inacreditável uma boca tão bela soltar tantas afrontas e ainda assim sentir mais vontade de tomá-la.
— Estou tentando me redimir, mas é impossível se você continuar tocando na mesma tecla e ainda usar outros homens para provocar ciúmes. Sei muito bem que fiz merda, Pedro mas facilita para o meu lado também, vai? — o menor tentou empurrar Ryan mas o maior manteve o seu embaraço firme.
— Facilitar? Desde que casámos, você não dormiu em casa nem uma vez e ainda teve coragem de se envolver com outra então não me venha com essa conversa, Ryan — Pedro disse sentindo os seus olhos arder.
O loiro levou a mão para limpar a lágrima que escorreu pelo rosto do homem negro e pelo seu lábio tremendo parecia que iria chorar.
Ele estava ciente que estava agindo daquela maneira por causa dos seus hormônios e a gravidez que o deixavam emocionalmente instável.
O mais velho fungou abraçando o loiro que ficou de pé e carregou o menor que enrolou as pernas na cintura de Ryan.
— Eu ainda odeio você — o maior não sabia o que dizer. Nunca teve nenhum tipo de relacionamento que realmente o fizesse querer mudar ou ter que mostrar afecto por isso não sabia como agir com Pedro.
Ryan assentiu levemente quando Clara gesticulou com a mão para que ele continuasse. A mulher sabia que o seu filho poderia ser teimoso e orgulhoso às vezes por isso preferia que ele fosse aceitando os sentimentos que estava nutrindo por Ryan com o tempo.
Gastón, antes sentado no sofá da sala de estar, esperando pelo loiro, soltou um suspiro longo e quando se deparou com Ryan segurando Pedro nos seus braços.
— O que há com ele? — Questionou fazendo o menor querer afundar a sua cabeça num buraco.
— Ele está um pouco enjoado — respondeu ao perceber os músculos tensos do homem que carregava.
— Óptimo. Bem, o evento irá começar em meia hora então sugiro que se apresse ou iremos chegar atrasados — disse sério, mas se arrependeu logo que viu os olhos azuis o encarando com uma seriedade que nunca viu antes.
— Eu não vou, Gastón — o homem encarou Ryan como se tivesse duas cabeças, algo que o fez revirar os olhos.
— Não tens escolha, Ryan. Você cancelou dois eventos importantes em menos de dois meses e as pessoas organizaram tudo para te receber então não ir está fora de questão — disse abraçando o seu tablet.
Ryan se viu sem escolha. Ser popular, rico e ter um monte de contratos e patrocinadores era incrível, mas não dava tanta liberdade como ele queria.
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Jogadas Do Destino
RomanceRyan Hunter é um talentoso e jovem jogador de basquete que vive no topo do mundo, conhecido tanto por suas habilidades na quadra quanto por seu estilo de vida extravagante e irresponsável. Apesar de sua fama e riqueza, Ryan se sente profundamente so...