Capítulo 11

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Pedro enxugava o rosto vendo se conseguia se livrar dos enjoos matinais. Apesar da sua pele era visível a palidez e ainda tinha um desejo enorme de comer alguma coisa doce.

O menor mal havia saído do quarto enquanto Ryan estava bem quieto para o seu gosto.

Saiu da casa de banho para o quarto confiante que estava sozinho, por isso só tinha uma cueca azul vestida mas tomou um susto quando viu Ryan sentado na beira da cama esperando por ele.

O maior engoliu seco quando viu a quase nudez do seu esposo e com o queixo erguido caminhou lentamente até chegar  no guarda-roupa, foi impossível não sentir qualquer coisa.

Ryan ergueu a sua grande altura e caminhou até o seu marido que fingia estar concentrado no que fazia.

Graças a sua altura, os olhos azuis foram analisando as costas nuas, podia ver da cabeça aos pés de Pedro. A pele negra sem nenhuma mancha e cheiro doce de amêndoa o fez salivar.

A sua garganta ficou seca imaginar a sua boca saboreando cada poro daquele corpo.

Sem resistir, levou a mão áspera para apertar a nádega macia que facilmente aceitou a mão dele e depois enfiou o dedo indicador na renda onde vontade de rasgá-la e pode contemplar completamente o seu corpo.

Pedro sentiu um arrepio percorrer o seu corpo inteiro quando Ryan passou o dedo pela cueca a puxando com tanta provocação, forcando-o a engolir um gemido.

Um sorriso maroto surgiu do novo iorquino ao perceber como Pedro reagiu aos seus toques mas não era a hora para voltarem a fazer amor.

Pedro mordeu o interior do lábio quando sentiu a mão alva de Ryan subindo lentamente pela barriga e parou bem perto do seu peito querendo que o outro continuasse mas Pedro não iria admitir que queria mais.

O moçambicano se afastou do loiro irritado por ter caído nas provocações do seu esposo e pelas suas pernas trêmulas sabia que iria ceder em se permitisse Ryan continuar.

— Vista-se, nós vamos sair  — o menor ergueu o rosto para poder encontrar os olhos azuis. Ryan foi surpreendido por ver decepção e excitação nos olhos castanhos.

— Se for para ir a uma daquelas festas de gente rica dispenso — Ryan se afastou do menor que havia escolhido a roupa mais confortável para vestir.


— Não é uma festa. Ficar trancado em casa não é bom para ti e sem falar que um pouco de ar fresco talvez faça bem para você, por favor, Pedro — olhou para o lado de fora através da janela, podia ver o sol radiante.


— Se você quer mesmo companhia. Leva uma das suas amigas e eu fico aqui esperando você voltar, como um bom marido faz — Ryan passou a mão pela cabeça em frustração. Ele estava ciente que tinha sido um imbecil prepotente quando se conheceram.

Porém, Ryan desejava poder ganhar o perdão e o amor verdadeiro do moçambicano mesmo sabendo que não seria fácil.

— Só fui beber com a Bianca e aquela mulher apareceu de repente, nem mesmo toquei nela então porque não esquecemos disso? — Pedro colocou a camisa antes de passar por Ryan.

Pedro foi sentar em frente ao espelho começando a passar os seus cremes hidratantes no rosto e tentou fazer um rabo de cavalo porém Ryan o impediu.

O loiro não se importava com a vaidade do marido até porque era necessário. Pedro tentou ser o mais indiferente possível com o outro mesmo sendo impossível.

— Você não tem coisas para fazer? Treinos, publicidade ou sei lá o que celebridades fazem — disse claramente irritado por causa da insistência do maior.

Pedro notou o semblante pálido ficando mais sombrio após a sua pergunta, alguma coisa não estava certa.

— Eu saio com você mas não pode me beijar, abraçar ou mesmo dar a mão quando estivermos em público e eu vou escolher o lugar. Combinado? — o mais novo assentiu rápido gostando da ideia.

Pedro saiu da cadeira começando a procurar pela sua carteira, algo que intrigou bastante Ryan afinal, ele iria pagar por tudo e não deixaria o menor gastar nem um tostão.

— É mesmo necessário? — questionou ao homem negro assim que o viu levando o seu passaporte com visto assinado e documentos.

— Se eu não quiser dormir numa cela húmida, cheia de baratas e cheirando a urina é sim — respondeu duro.


— Pode não parecer mas é um milagre eu sair para a rua e conseguir voltar sem ter um polícia pedindo a minha documentação. Enfim, é só mais um dia normal para um imigrante em Nova Iorque — Ryan segurou o pulso do esposo quando quis sair do quarto sem mais delongas.


O maior enlaçou a cintura do mais velho que manteve os olhos no peito de Ryan. O seu coração batia tão forte que chegava a doer e quando sentiu a mão áspera segurando o seu queixo, não conseguiu fingir que não via o desejo nos olhos azuis.

Ryan resmungou insatisfeito quando Pedro virou o facto evitando o seu beijo, saber que Pedro não tinha se envolvido com o seu irmão mais velho causou um certo alívio no jovem.

O loiro estava se comportando estranho desde o momento que voltou daquela festa entretanto Pedro preferiu não perguntar nada.

— Vamos logo antes que eu mude de ideia, seu carente  — resmungou fugindo do embaraço do maior indo pegar o seu telemóvel.


Ryan pegou as chaves do seu carro seguindo o homem mais velho que não mostrava nenhum sinal de estar contente com a sua presença.

O dia estava ensolarado com o céu limpo, sem nuvens indicando que seria uma tarde perfeita para tomar algo refrescante.

— Você vai dirigir? — Pedro não conseguiu esconder a surpresa quando viu o mais alto abrindo a porta do carro.

— Sou um óptimo motorista. Pode confiar em mim, babe — respondeu descontraído. O seu dedo balançando a chave no ar com um sorriso enorme tomando conta do seu rosto.

— Você bebeu ou bateu com a cabeça? Porque é um pouco difícil acreditar que o mesmo filho da puta que me ofereceu dinheiro a troca de sexo esteja me tratando assim. — disse com uma sobrancelha erguida.

— Você sabe que esse casamento é só por interesse e nada mais então porque age como se realmente tivesse sentimentos por mim? — o silêncio do mais novo foi o suficiente para fazer Pedro desistir de ter aquela conversa.

Ryan ficou sem saber o que dizer no momento. As palavras estavam na ponta da língua mas entalhadas, ele queria ter um relacionamento mais duradouro mas a dúvida de que Pedro só aceitaria ficar com ele por estar ajudando Clara.

— Entra no carro, por favor? — O mais velho conteve as lágrimas quando Ryan disse aquelas palavras sem dizer nada mais.

— Onde queres ir? — o maior questionou ao ver o marido de braços cruzados quando entrou no carro.

Pedro respirou profundamente, tentando controlar as lágrimas que teimavam em querer cair.

— Tanto faz, Ryan — apertou o volante ao perceber a voz vacilante do mais velho preencheu o silêncio do carro.

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