Fonte dos pecados - Minsung

Capítulo 1 - Agmaui ma-eul

O afastado vilarejo de Agmaui ma-eul (악마의 마을) faz jus a seu nome sendo antro de criaturas com face humana e almas obscuras. Um lugar cheio de prostíbulos que abrigam pobres almas perdidas sem qualquer esperança.

As casas são todas muito escuras, com pouca ou quase nenhuma iluminação à noite, seus moradores são pessoas esquecidas e perdidas que não tem lugar para ir, sem ter qualquer perspectiva de uma vida digna. As ruas tem uma arquitetura gótica com casas com tijolos a mostra, nenhuma cor que contraste ou se diferencie um pouco do cinza e preto que predomina. O ponto mais atrativo, se tornando uma locação turística considerada perigosa, é a lindíssima fonte dos pecados centralizada em meio a alguns bares e o prostíbulo mais famoso conhecido por todos como um lugar onde ocorrem atrocidades. O monumento é apelidado desta forma devido às muitas histórias macabras que lhe rodeiam desde o século X, da qual é datada a existência da fonte.

A linda fonte possui água cristalina com tijolos de tonalidade escura transforma as ondulações da água em filetes hipnotizantes, porém, mesmo que aderindo uma beleza singular combinando divinamente com a arquitetura gótica predominantemente fiel nessa parte da cidade, a reputação da fonte é cercada de mitologias macabras e sombrias, assim como a cidade em que a mesma reside. Muito se fala sobre a existência de vampiros, demônios e outros possíveis monstros que assumem uma pelagem humana e por ali vagam sem rumo aguardando por vítimas da encantadora fonte. Anos antes a fonte foi um ponto turístico que atraíra muitas famílias e turistas estrangeiros, mas após muitos relatos de pessoas enriquecendo ou ganhando o que mais desejavam e depois voltando a fonte como se fossem zumbi para, ali, encontrar um fatídico fim, oficialmente o governo impediu que pessoas entrassem ou saíssem da cidade. Ainda assim algumas pessoas ainda frequentavam o local de forma ilegal para conseguir concretizar seus pecaminosos sonhos.

Assim foi com a família Han que, envoltos em pobreza e dificuldade, resolveu sacrificar o filho caçula, ainda um bebê, e deixa-lo para viver naquele vilarejo para sair dali com as contas bancárias garantindo-lhes uma vida de reis para esposa, marido e duas belas filhas. O caçula nunca conheceu uma vida tranquila em família, pois fora deixado ali por seus pais quando ainda tinha apenas 1 ano de vida. Uma senhora de aparência muito doce resolveu criar o jovem, mas suas intenções nunca foram realmente de proteger a pobre criança inocente. Aos quatro anos as crianças que ali existiam trabalhavam em uma fábrica de sapatos. Suas mãozinhas pequenas eram precisas e agiam mais rápidas que outras crianças, por isso o menino se destacara e conseguia um prato um pouco maior de comida no final do dia. Nenhuma das crianças possuía uma infância descente.

Pela escassez de comida o jovem Jisung desenvolve um corpo bastante magro e, devido às horas intermináveis trabalhando na fábrica o menino, com apenas 11 anos, enfrenta um grande problema de falta de vitamina D, se tornando alvo de bullying por sua aparência mais infantil que o normal. As bochechas fartas geram apelidos desagradáveis que faz com que o menino assuma uma postura retraída. O ambiente em casa não difere da fábrica nem das ruas, pois a senhora de aparência doce, agora com sete crianças sobre seus cuidados, não oferta qualquer gesto de carinho para nenhum, tornando aquelas pobres crianças seus escravos particulares.

Perto de completar 12 anos, Jisung, como sempre muito esperto, se desespera por saber qual será seu destino. Normalmente a fábrica apenas permanece com as crianças entre 4 e 12 anos e, após este período, seus destinos são incertos, alguns se tornam artesãos, outros vão trabalhar em borracharias ou mercearias, mas alguns acabam sendo vendidos para o prostíbulo da cidade. Por conhecer muito perfeitamente a senhora Ryu, o jovem consegue ter certeza que o prostíbulo lhe espera, mais especificamente o dono, um homem nojento e asqueroso que compra virgens para seu bel prazer. Em sua grande maioria, são deste lugar as histórias mais macabras e doentias que são explanadas pela aldeia.