A noite do primeiro show com apenas uma atração masculina chega rapidamente, para desagrado e desespero de Jisung. Enquanto se arruma no camarim lotado as meninas, mesmo conversando, gargalhando e agindo normalmente, conseguem perceber a distância dos pensamentos do menino que não interage com ninguém.
– Jisu. – Yeji tira o menino de seus pensamentos chegando próxima a ele. – Vai dar tudo certo, ta bem? – Ela o encoraja pegando em seus ombros.
– Obrigado, Ji. – Ele sorri fraco e é abraçado pela amiga.
Pépi entra às pressas, como sempre, bastante estiloso e com um casaco de plumas rosas.
– Vamos minhas crianças. Quero todas em seus postos. – Ele bate palmas apressando as meninas. – Vamos, vamos.
Yeji se despede de Jisung com um beijo carinhoso e amigável depositado na bochecha do amigo e logo sai apressada junto com as meninas. Jisung espera as meninas saírem, suspira fortemente e se dirige a saída, mas é impedido de deixar o recinto por Pépi.
– Jisu, meu querido. – Ele segura o menino por seus ombros e olha em seus olhos confiantemente. – Eu tenho certeza que você vai passar por isso com maestria. – Jisung sorri fraco e ele prossegue. – Agora levanta essa cabecinha e vai brilhar, meu solzinho.
Pépi beija a testa de Jisung que sai um pouco mais confiante para seu palco. Antes de adentrar e iniciar o show ele suspira novamente, pensa no amigo debilitado e no quanto ele precisa que Jisung seja forte neste momento, no quanto ele precisa de sua resiliência e força. Logo ele assume uma pose mais confiante ainda e entra no palco preparado para o que está por vir.
O show começa com a casa cheia e Jisung consegue esconder bem o temor que domina seu coração. Enquanto dança sentindo os ferozes olhos daquela plateia sobre seu corpo, ele estuda o lugar e certos olhos lhe prendem novamente. Dessa vez, um ser no escuro com olhos enigmáticos está sentado em uma das banquetas do bar com os olhos fixos nele. Agora, como a figura está mais próxima, Jisung consegue perceber algumas peculiaridades. Os olhos são de cores diferentes, sendo um de cor azul cristalina e outro extremamente preto, de um escuro intenso que parece ler sua alma, a boca que é tomada por um copo baixo de whisky, a curvatura da mesma é baixa e exibe uma suculência que atrai o dançarino. O liquido descendo por sua garganta torna seu pescoço uma tentação sem igual. Enquanto essa cena lhe hipnotiza Jisung não para de dançar, descendo pelo pole dance conforme o liquido desce a garganta do rapaz, logo seus olhos se encontram e é como se conversassem em silêncio. O movimento de seus quadris é quase poético e atinge fortemente a boca que se abre em resposta a linda performance. Os dois parecem sozinhos, não se conhecem, não conversam, quase não se enxergam, mas se sentem, quase como se pudessem tocar um ao outro, eles se desejam.
As palmas que sucedem o final da performance cortam a conversa silenciosa entre eles, porém não tira a atenção de seus olhares cumplices. Alguns homens fazem lances para levar o menino para um dos quartos particulares, mas logo o manager dele lhe retira do palco e leva para a suíte que já havia sido comprada pelo maior lance da noite. Então Jisung, em roupas mais reveladores e um tanto vulgares, aguarda sentado à beira da cama.
Inconscientemente ele aguarda aquele par de olhos misteriosos, mas quem entra é outro homem robusto para apossar-se de seu corpo. O homem, sem qualquer delicadeza posiciona o menino de quatro em cima da cama e retira suas roupas com agressividade arrancando gemidos sôfregos do jovem abaixo de si. Ele estoca com agressividade até sua exaustão e se deita suado ao lado do menino. Logo Jisung precisa se aprontar e sair para atender outros clientes e a noite se sucede sem que ele consiga retirar aqueles olhos enigmáticos de seus pensamentos.
Na manhã seguinte o rapaz acorda olhando melancolicamente para a cama vazia do amigo com quem divide quarto. Ele se direciona para tomar o café da manhã, mas decide ir ver o amigo antes. Chegando à enfermaria ele percebe uma movimentação diferente, com ansiedade, corre até onde Felix estava e percebe que ele havia sido realocado e está na cama com pessoas em volta. As lágrimas começam a se formar em seus olhos percebendo que o amigo está sendo reanimado com fervor pelas enfermeiras e o médico do estabelecimento chega com um desfibrilador. Ele põe a mão no peito e passa a chorar intensamente desesperado pela chance de perder o amigo.
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Fonte dos pecados - Minsung
Mystery / ThrillerPrólogo Han Jisung é um pobre jovem que, em meio ao caos da vida pobre de sua família acaba sendo deixado à própria sorte ainda bebê em uma cidade repleta de histórias macabras e superstições sombrias. Com o tempo o menino enfrenta um destino cruel...