Capítulo 14 - O selar da conexão

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No bar, Lino encarava o copo de whisky em suas mãos, hesitando entre permanecer ali ou voltar ao dark room. Ao seu redor, o caos desenrolava-se como um espetáculo sombrio, mas ele mal prestava atenção. Sua mente estava presa em Jisung, no brilho ingênuo de seus olhos e na dor que ele provavelmente sentia naquele momento. Aquela dor o corroía de forma diferente, como se um peso invisível estivesse lhe esmagando o peito. Era estranho, quase absurdo para ele — um demônio forjado no sofrimento alheio, criado para infligir dor e não para senti-la. Mas algo em Jisung despertava sensações que ele não compreendia, algo que o fazia questionar se aquela conexão era um presente ou uma maldição.

– Você pode fugir de mim. – A voz de Jisung surgiu em suas costas, mas não se virou de imediato – Mas não pode negar nossa conexão... quem é você?

A pergunta era como um soco no estomago pouco sensível da criatura. Ele sentira a intensidade daquelas palavras. Virando-se cuidadosamente ele encara o jovem menino com a expressão entristecida, ele desejava o apoio de Lino, que não sabia se conseguiria ofertar o que o menino merecia.

– Jisung... – A voz sairá mais baixa que o esperado, com uma intensidade cortante. – Se você se aproximar... não terei mais como salva-lo.

– Não tenho salvação.

– Você está muito enganado.

– Nessa vida? Acha mesmo que eu tenho uma salvação? – Jisung se aproxima, ficando a milímetros do rosto do demônio que lhe encara atônito. – Meu melhor amigo morreu, minha melhor amiga nem se alimenta, estou vendo-a definhar sem poder fazer nada e nem preciso dizer o rumo que minha vida tem tomado. – Os olhos, antes brilhantes do menino, passam a umedecer-se em meio às palavras. – Eu sou a porcaria de um prostituto, nem meu corpo é meu, só sirvo para satisfazer os desejos dos outros... eu tenho... nojo... – A voz saindo embargada quando algumas lágrimas lhe escapam.

– Não diga isso. – Lino fala em tom muito baixo limpando as lágrimas do rosto do menino. – Nunca mais diga isso.

– Ou o que? – Jisung lhe encara tentando manter-se firme.

Os dois se encaram por alguns segundos e finalmente o demônio entende que não teria mais como negar a sensação que queimava seu interior. Ele não poderia abandonar o menino agora, neste momento. A todo instante em sua cabeça passava a necessidade de demonstrar ao menino o quanto seu corpo era adorado, o quanto seu ser era especial e diferente do que lhe rodeava, ele entendia que a ação que tomaria poderia ser egoísta demais, mas não poderia evitar mais.

Em um impulso Lino lhe pega pelo braço e se dirigem ao quarto onde tudo houvera começado. Sem conseguir pensar em suas ações ele abraça o menino e um calor percorre seu corpo, é como se a sensação de o manter em seus braços lhe aproximasse da humanidade.

– Por favor. – Jisung fala baixo ao pé do ouvido de Lino. – Não me deixe.

O olhar intenso de ambos deixara nítido o desejo compartilhado. Jisung conseguia sentir a respiração do homem a sua frente. Com bravura ele se aproxima dos lábios de Lino, mas sente um leve recuo do rapaz.

– Não posso.

– Pode sim... podemos... por favor.

– Você não entende... eu sou um monstro. Apenas de encostar em você... posso estar te condenando.

– A minha vida já é uma eterna condenação. Por favor, não me rejeite.

Jisung aproximou-se devagar, os lábios pairando sobre os de Lino, antes de selá-los em um beijo carregado de desejo. O toque de suas bocas despertou um calor mútuo que se espalhou por seus corpos como uma corrente elétrica, instigando-os a aprofundar a conexão evidente entre eles. Lino, tomado pela intensidade do momento, deslizou as mãos firmes para a cintura esguia do rapaz, segurando-o com uma fome que deixava claro o quanto ansiava por mais.

Deixando os receios para trás, Lino envolveu Jisung em seus braços e o ergueu com facilidade, conduzindo-o até a cama. Deitou-o ali com uma delicadeza quase reverente, como se o próprio toque fosse sagrado. Ao tirar a camisa, sob o olhar atento e curioso do jovem, Lino revelou o mapa de cicatrizes que marcavam seu corpo. Por um momento, temeu o recuo de Jisung ao se deparar com aquelas marcas que carregavam histórias de dor. Mas, para sua surpresa, Jisung se inclinou, passando os dedos com suavidade por uma cicatriz profunda em seu abdômen, antes de depositar ali um beijo terno.

O arrepio que percorreu o corpo de Lino foi tão visceral quanto inesperado. O calor e a maciez dos lábios de Jisung sobre sua pele sofrida pareciam curar algo além do físico. Tomado pela entrega, Lino afastou as últimas barreiras, despindo-se diante do jovem. Seus olhos nunca deixaram os de Jisung, que o encarava com uma mistura de fascinação e desejo. Com movimentos cuidadosos, Lino começou a despir Jisung, cada peça de roupa sendo removida com uma atenção quase adoradora. Seus lábios vagavam pela pele alva do rapaz, deixando um rastro de beijos que pareciam incendiar cada pedaço exposto.

O quarto se encheu de respirações entrecortadas e olhares intensos, enquanto ambos se entregavam ao momento, deixando que as barreiras fossem completamente dissolvidas.

Quando invadiu Jisung, Lino sentira o calor de seu corpo e a conexão deles fortificando-se mais e mais, a cada estocada, encarando seu rosto repleto de prazer, o demônio não conseguira mais conter o desejo cortante pelo menino. Jisung, por sua vez, sentira como se cada movimento fosse uma onda de prazer que dominara seu corpo mais e mais, a cada toque, beijo, estocada. Ser preenchido pelo homem misterioso era algo que poderia facilmente ser interpretado como divino, ele sentira agora que Lino facilmente poderia ser seu anjo, seu salvador, dono de si. Em toda sua vida não sentira prazer igual, entregar-se para o homem fora além de qualquer expectativa.

O prazer os consumia como ondas de um mar revolto, avassalador e incontrolável, quando, juntos, chegaram ao ápice de seus prazeres. Seus corpos, ainda entrelaçados, se encontraram novamente em um beijo intenso, como se selassem aquele instante em que o mundo parecia ter parado. Depois, lado a lado, entregaram-se ao silêncio carregado de significados.

Lino, de olhos fixos no teto, sentia a culpa pesar em seu peito. Ele havia cedido ao desejo de tomar para si aquele a quem queria proteger mais do que qualquer coisa. Por outro lado, Jisung, repousando a cabeça contra o peito marcado do homem, sentia apenas gratidão. A intensidade daquele momento o preenchia, mesmo que não compreendesse o porquê de Lino acreditar que estava, de alguma forma, condenando-o.

Enquanto um se perdia em dúvidas e receios, o outro só conseguia sentir que, por fim, pertenciam àquele instante e não queria, de forma alguma, ver seu fim. 

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⏰ Última atualização: 11 hours ago ⏰

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