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Acordei cedo naquela manhã, sem ter pregado o olho a noite inteira

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Acordei cedo naquela manhã, sem ter pregado o olho a noite inteira. Passei horas revirando-me na cama, atormentada por pensamentos incessantes. Quando o sol finalmente começou a despontar, levantei-me sentindo o peso da insônia. Vesti-me de qualquer jeito, puxando uma blusa amarrotada e um jeans desgastado. Saí apressada pelo corredor da UNIBRA, com cada passo ecoando minha raiva crescente.

O caminho até a biblioteca parecia interminável. A ansiedade fazia meu coração bater mais rápido, e a lembrança do bilhete ameaçador de Apollo incendiava minha indignação. Quando finalmente alcancei a porta da biblioteca, abri-a com força, fazendo-a bater na parede. A sala estava vazia, para minha sorte. Caminhei a passos largos entre as estantes de livros, meus olhos focados apenas em encontrar Apollo.

Lá estava ele, de frente para a seção de Política Internacional, manuseando "A Riqueza das Nações" de Adam Smith. Ao me ver, um leve sorriso surgiu em seu rosto, mas logo se desfez quando percebeu minha expressão furiosa. Sem pensar, arranquei o livro de suas mãos e joguei-o no chão com toda a força.

— Você não me intimida! Pare de me ameaçar! — gritei, minha voz reverberando pelas prateleiras da biblioteca.

Apollo me olhou, a confusão estampada em seu rosto. Seus olhos azuis estavam cheios de perplexidade.

— Do que você está falando? — perguntou ele, tentando entender minha fúria.

Joguei a carta em sua direção. Ele a pegou e leu, ainda mais confuso.

— Eu não escrevi isso — afirmou, a sinceridade evidente em seu tom, mas eu não podia acreditar. Minhas mãos formaram punhos e, tomada pela emoção, comecei a socar seu peito repetidamente.

Apollo me segurou com firmeza, seus braços fechando-se em torno dos meus com uma força inesperada. Como eu também fazia força para me desvencilhar, ele me empurrou contra uma das estantes de livros, fazendo com que várias obras antigas caíssem com um estrondo, espalhando-se pelo chão em uma confusão de capas e folhas amareladas. O barulho dos livros caindo soava como uma explosão abafada, misturando-se ao ritmo acelerado do meu coração.

Ele me encurralou, seus olhos azuis intensos a poucos centímetros dos meus. Sua respiração quente e rápida batia em meu rosto, fazendo com que meu peito se comprimisse. A proximidade era desconcertante, e o cheiro de seu perfume misturado com o aroma dos livros antigos me invadiu, tornando tudo ainda mais confuso.

— Para com isso — murmurou ele, a voz suave, mas carregada de uma autoridade que eu não podia ignorar. Seus olhos brilhavam com uma intensidade que me prendeu, seus cílios quase tocando os meus. Eu conseguia ver cada detalhe, cada nuance de suas írises, que pareciam estar implorando por compreensão. Os músculos de seu corpo eram tensos, e eu podia sentir cada respiração sua como uma chama quente contra minha pele. — Eu não escrevi esse bilhete!

Desviei o olhar, tentando evitar a intensidade de seus olhos, mas ele segurou meu queixo com delicadeza, forçando-me a encará-lo.

— Olha para mim — insistiu ele, a voz firme e persuasiva. — Eu não escrevi isso.

Corações EntrelaçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora