🔞Betânia, uma garota sonhadora e ávida leitora de filosofia moderna, vê sua vida mudar ao conquistar uma bolsa de estudos na mais prestigiada universidade da América Latina, um reduto da elite brasileira. Tudo parecia perfeito até que ela cruza o c...
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Apollo acordou sob o incômodo da claridade matinal que invadia seu quarto, fazendo seus olhos, naturalmente sensíveis, piscarem em protesto. Ainda com o corpo pesado de sono, ele se ergueu da cama, vestido apenas com uma cueca boxer simples, e caminhou até o banheiro adjacente. Os passos eram automáticos, guiados pela rotina matinal já entranhada em seu ser.
A luz suave do banheiro revelou um homem de boa aparência, traços angulares suavizados pelo sono recente. Apollo escovou os dentes meticulosamente, o movimento repetitivo trazendo uma sensação de normalidade em contraste com a turbulência de seus pensamentos. A lâmina da navalha deslizou suavemente pela pele, removendo a sombra de barba enquanto ele encarava seu reflexo no espelho. Cabelos loiros penteados com precisão, semblante sereno, mas os olhos traíam um peso invisível, um fardo emocional que não desaparecia com água e sabão.
Seu quarto, em contraste, estava impecavelmente arrumado, uma extensão da ordem que ele buscava em sua vida externa, mesmo quando a interna parecia desmoronar aos poucos. O rosto de Betânia emergiu em sua mente, acompanhado pela figura de Marcos, uma combinação que provocou uma pontada de tristeza profunda e mais um sentimento desconhecido. Era um sentimento que ele preferia evitar, mas que o assombrava incessantemente.
Depois de se vestir com elegância, Apollo alcançou o pequeno frasco de antidepressivos em sua mesinha de cabeceira. Com um gole de uísque para acompanhar, ele engoliu o comprimido, ignorando as advertências de seu psiquiatra que ecoavam como um sussurro de consciência não desejada. O álcool era um consolo rápido, um amortecedor para as emoções que ameaçavam transbordar a qualquer momento.
Ao descer as escadas, ele se deparou com Marjorie, cujo olhar carregava uma mistura de raiva contida e desaprovação mal disfarçada. Ela não perdeu tempo e lançou uma pergunta, sem mesmo dizer bom dia, o que ele também não fazia questão de ouvir dela:
— Então, o que está rolando entre você e a Betânia?
Ele não respondeu, deixando sua pergunta voar pela sala, ignorada. Marjorie, contudo, não recuou. Seus lábios se curvaram em um sorriso irônico.
— Espero que nada. Seus pais não iriam gostar nada disso, uma combinação de classes sociais bem inapropriada. Sua mãe principalmente, não suportaria uma nora como ela, tão desprovida de classe e de família insignificante.
