II

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A luz suave do amanhecer começava a infiltrar-se pela janela do meu quarto quando acordei abruptamente, o coração ainda ecoando um ritmo frenético devido ao susto inicial

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A luz suave do amanhecer começava a infiltrar-se pela janela do meu quarto quando acordei abruptamente, o coração ainda ecoando um ritmo frenético devido ao susto inicial. Num instante de confusão entre o sono e a vigília, meus olhos se voltaram para Tifany, minha colega de quarto, cujo sono era tão profundo que nem o mais estrondoso dos roncos a poderia perturbar. Ela jazia ali, serena e alheia, sua respiração pesada e um rastro de babas indiferente aos turbilhões emocionais que me assaltavam.

O dia anterior ressurgiu em flashes desordenados, como se minha mente estivesse determinada a reviver cada momento. Apollo, figura respeitada no campus universitário e filho do professor Antônio, havia cometido uma traição imperdoável, envolvendo-se com a própria madrasta. A incredulidade que senti naquele momento ainda pulsava dentro de mim, alimentando uma raiva que eu mal conseguia conter.

— Como ele pôde fazer isso? — murmurei para mim mesma, a frustração borbulhando em cada palavra.

Para minha sorte, Tifany continuava imersa em seu sono pesado.

Decidi que não iria para a faculdade nas primeiras aulas da manhã. A ideia de cruzar com Apollo logo cedo era um peso que eu não queria suportar tão cedo. Em vez disso, combinei com Marcos, meu confidente fiel, um encontro no mercado local. Ele sempre tinha o dom de distrair minha mente dos tumultos emocionais que me atormentavam.

Suspirei aliviada quando o ônibus finalmente chegou. Subimos e sentei-me junto à janela, permitindo-me observar a cidade que se desenrolava rapidamente diante de mim.

Assim que chegamos ao mercado, avistei Marcos à espera na entrada.

— Ei, Betty! — saudou ele com um sorriso caloroso. — Você está bem? Parece preocupada.

Por um momento, me vi paralisada. Era surpreendente como eu não conseguia ocultar minha verdadeira expressão facial. Além disso, Marcos possuía uma habilidade notável para ler meus pensamentos mais profundos.

— Estou tentando ficar bem, Marcos. É muita coisa na minha cabeça — respondi, esboçando um sorriso forçado.

— Quer conversar sobre isso? — insistiu ele, enquanto pegávamos um carrinho de compras.

— Talvez mais tarde. Vamos nos concentrar nas compras por enquanto — sugeri, desviando o assunto.

Contudo, Marcos continuava a observar-me atentamente, seus olhos negros e penetrantes capturando cada sinal de angústia. Eu o conhecia o suficiente para temer que ele pudesse ler minha alma como um livro aberto.

— Tem certeza de que está tudo bem? — perguntou ele, persistentemente. — Você parece distante.

Suspirei profundamente, ciente de que ele não desistiria facilmente.

— Não quero falar sobre isso agora. Só preciso me distrair um pouco.

— Somos amigos, Betty. Se tem algo que eu possa fazer para ajudar, por favor, me diga — implorou ele.

Corações EntrelaçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora