Capítulo 5

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 A floresta dos Espíritos era um local sagrado para animais, e antigamente, antes da Noite da Ruptura, era sagrado para os humanos também. Bem na entrada havia uma antiga estátua da Deusa Luparia feita de mármore, mas infelizmente vandalizada de todas as formas possíveis.

— Isso é tenebroso. — Comentou Ruca assustado com a tinta vermelha que passaram nos olhos da Deusa e em suas mãos. Essa mensagem era muito clara.

— Ríon Blodau, len scenair dreva, míra follaidh. (Ríon Blodau, que cenário triste, eu sinto muito.) — Após falar as palavras na língua altíssima, o elfo tirou da bolsa seu livro de símbolos e pegou dali entre as páginas a flor Luparia seca, e deixou nos pés da estátua. — Apesar de tudo, ela me ouviu e te salvou.

— O que a Deusa Luparia fez para ser tratada assim?

— Na Noite da Ruptura, ela não soube controlar bem tudo que viu. Primeiro a morte do Senhor Coroain, e depois, ela viu que os humanos haviam matado muitos dos coelhos rosados dela. Para Luparia, os animais são extremamente importantes, ela entendia que os humanos precisavam se alimentar, então ela estabeleceu algumas regras para equilíbrio entre o homem e a natureza. Esses coelhos rosados foram mortos em grande número para usarem sangue para as magias e símbolos desenhados naquela noite. Luparia se entregou à ira e atacou todos, inclusive os inocentes em Kaelcair, e quando ela notou o que fez, desapareceu chorando de vergonha. Isso é tudo muito triste porque apesar da Luparia não ser minha Mestra, ela era conhecida por ser generosa e divertida. Os outros Deuses não a levavam muito à sério, mas ela não se importa com a opinião deles.

— Acha que ela ter me salvado indica algo?

— Para mim, indica que ela quer voltar, posso estar enganado, mas é por isso que viemos aqui, para falar com o principal servo dela.

    A floresta dos Espíritos, mesmo sem o olhar de Luparia e sua presença por perto, ainda estava muito linda. Alguns animais se aproximavam para receber o elfo e a criança, outros fugiam. Era uma pena que isso parecia ser sério, porque Ruca não pode fugir de seu instinto infantil de querer brincar com esses animais, mas por agora ele teve de se segurar.

    A grande árvore da floresta que tinha folhas verdes e rosas era o ponto central do lugar. Antigamente era a casa da Deusa Luparia. Dentro daquele tronco enorme ficava os pertences de Luparia antes dela desaparecer, e se os boatos que Korafane escutou anos atrás, quem cuida agora do local é Anencael.

    Se aproximando da casa, alguns sons femininos suspeitos fez com que Korafane arregalasse os olhos.

— Ruca, fica aqui. — Disse o elfo com firmeza.

— Ah? Como assim? Do nada!

    Korafane nem explicou, apenas andou com passos rápidos até a porta da casa e a abriu com tudo.

— Seu depravado! — Gritou Korafane vermelho por ver a cena íntima da ninfa nua montada em Anencael igualmente nu. — Pelos deuses, tem mais três aí! Saiam agora!

    As ninfas reclamaram, riram mas saíram da casa ainda nuas o mais rápido possível. Já Anencael se levantou lentamente se espreguiçando e sem pressa pegou seu manto e a pequena coroa de chifres de alce.

— Seu... — Começou Korafane.

Depravado imundo, sei, sei... — Finalizou Anencael como se o insulto não fosse grande coisa. O elfo vestiu um manto. — Bom te ver também, Kora, apesar de ter atrapalhado meu momento de prazer.

— É isso que você faz nessa casa? Não tem vergonha, é a casa da Deusa Luparia.

— Se você soubesse quantas vezes eu e ela transamos por esses cantos ficaria surpreso. Cada um serve ao seu criador como acha que deve.

A Jornada de Korafane e RucaOnde histórias criam vida. Descubra agora