Capítulo 17

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Korafane e Ruca acordaram antes do sol nascer, e dessa vez Ruca não reclamou, parece que o menino estava animado para continuar a viagem e conhecer Sulhaul. A viagem com certeza iria continuar, mas não sem um bom café da manhã antes.

— Você caprichou nessa mingau da manhã, Kora. As últimas vezes que você fez me embrulhava o estômago. — Comentou Ruca aproveitando bem o mingau.

— Eh... — O ruivo fez uma careta. — Se estava tão ruim assim era melhor nem comer né? Ou então avisar que não estava bom.

— E magoar você?

— Engraçadinho, pois você deveria começar a cozinhar então.

— Não posso, sou apenas uma criança.

— Agora você é uma criança? — O elfo riu baixo. — Uma criança com a língua do tamanho do mundo às vezes. — Parando para passar...Ruca quando estava sozinho como costumava comer? Não custa perguntar. — Ruca, como era antes?

— Antes o que?

— Como você comia?

— Hm.... — A criança ficou pensativa. — Eu ganhava comida de algumas mulheres e comia frutas por aí.

— Você então não sabe mesmo cozinhar, vou te ensinar para que não passe por apertos quando isso acabar.

   Ruca parou de comer e encarou o elfo com um olhar preocupado. A fala de Korafane deu um sabor amargo no mingau, como assim quando isso acabar? Quando acabar eu vou ficar sozinho de novo? De repente deu uma vontade enorme de chorar, os olhos do garoto se encheram, e antes de Korafane perguntar à Ruca um simples "o que foi?", o som de uma coruja branca chamou a atenção do elfo. Fosse um som qualquer daquela ave, ele não teria parado sua conversa com Ruca, mas aquela coruja era muito peculiar.

    Os dois olharam para o céu, ambos ficaram surpresos por motivos diferentes. O motivo da surpresa de Korafane era porque ele não esperava receber a visita do "animal de estimação" da Adellore, já Ruca, naturalmente ele nunca havia visto uma coruja tão grande. Lunathariel era uma coruja mística e serva da Mensageira Adellore. A elfa e a coruja carregam um histórico de amizade e de lutas.

— Ela é gigante! — Exclamou Ruca boquiaberta. Notando o movimento da coruja, Ruca percebeu que a coruja estava se preparando para pousar em frente de Korafane. — Ela é sua conhecida?

— Sim...De muito tempo atrás.... — Confirmou Korafane.

Lunathariel pousou e fitou o elfo ruivo, e depois se curvou em respeito.

— Ei, Luna, você não precisa fazer isso, sabe como fico sem graça! — Korafane se aproximou da coruja e tocou sua cabeça para fazer um carinho. — Luna, este é Ruca, uma criança que está comigo em uma jornada. Ruca pode se aproximar, Luna é amigável.

 A coruja percebendo o leve receio de Ruca, abaixou mais a cabeça para que a criança também pudesse fazer carinho. O menino respirou fundo, e então, após olhar para Korafane como quem diz  "tem certeza?", foi até Lunathariel para fazer carinho.

— Uau, é tão macia, e bonita. — Comentou Ruca.

— Ela é... Estranho, Adellore simplesmente te deixou voar por aí, Luna? — O olhar de Lunathariel indicou para Korafane que ele deveria olhar em suas costas. — Ah, entendi...

Havia um pergaminho preso nas costas da coruja. Ao abrí-lo imediatamente Korafane reconheceu a letra de Adellore.

Korafane, como vai você? Desculpe não poder te passar essa mensagem pessoalmente, mas como você deve saber, ando bem ocupada indo atrás de certas Pragas Terrenas e essa é uma caça à qual não posso simplesmente deixar de lado. Entretanto, quero alertá-lo que espiões meus que ficam pela área de Aqualor me avisaram que há um acampamento de Pragas Terrenas perto das terras do Senhor Sulhaul. Bestas que estão com armaduras e boa quantidade de armas, o que me faz suspeitar de um ataque. Espero que Luna te encontre o mais rápido possível para que você possa falar sobre isso com seu Mestre. Eu mesma poderia fazer isso, mas conheço já o Senhor Sulhaul e sua personalidade, então amigo, deixo essa missão com você. Pegue uma carona com Luna se estiver muito longe.

A Jornada de Korafane e RucaOnde histórias criam vida. Descubra agora