Capítulo 3

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1 dia depois de muita caminhada...

Andar acompanhado era levemente estranho para Korafane. Antigamente, antes da Noite da Ruptura, ele andava acompanhado de vários tipos de pessoas que buscavam um contato maior com os Deuses. Particularmente, ele se dava melhor com os anciãos, as crianças eram barulhentas e problemáticas demais às vezes, mas ele deu graças que Ruca era um menino tranquilo. Tranquilo demais para a idade dele, disse para si mesmo.

— Hm, Ruca — Começou Korafane. — considerando sua situação, onde você estava morando?

— Em uma caverna, eu também fazia alguns pequenos trabalhos para conseguir comida. Dava pra sentir que algumas pessoas tinham dó de mim, principalmente as mulheres que são mães. — O elfo encarou o menino com um pequeno sorriso.

— E você se aproveitou disso, não?

— Hm...Sim? — Respondeu Ruca com um pouco de temor. Apesar de Korafane ser amigável ao seu ver, ele ainda era um mensageiro. — Eu fiz errado?

— Não. — Negou Korafane suavemente com a cabeça. — Você fez o que pode para sobreviver, não te julgo por isso. Já te falei que pode me chamar de Kora? Não tem problema.

— Kora.... — O menino ficou surpreso com o simples fato de poder chamar o mensageiro pelo apelido, mas logo sorriu. — Tudo bem, Kora.

— Por acaso quer cortar seu cabelo se tiver oportunidade? Está bem grande.

— Você me confundiu com uma garota, não foi? — Perguntou Ruca com a maior cara de tacho.

— Eh.... — O elfo ficou sem graça. — Sim...

— Acontece muito. — O menino deu de ombros. — Gosto do meu cabelo longo, apesar dessa confusão. O seu cabelo também é super longo, e aí?

— Você me pegou nessa, também gosto dele comprido.

— Então estamos quites. Ah veja só! — Ruca apontou em uma certa direção. — Finalmente um estábulo, acha que vamos conseguir um cavalo, Kora?

     O elfo demonstrou certa preocupação. Os estábulos recebiam todos os tipos de pessoas, pelo menos era assim no passado. Fazia muito tempo que Korafane não deixava sua casa, então ele não sabia o que pensar.

— Só vamos saber se entrarmos lá, vamos torcer para que tudo dê certo.

— Isso te dá medo, Kora?

— Não medo, apenas preocupação.

     Mais trinta minutos de caminhada e eles chegaram no estábulo que também era um tipo de taverna. Assim que Korafane e Ruca entraram, todos aqueles que estavam conversando ou bebendo, pararam imediatamente para encará-los. Que maravilha...Pensou o elfo ironicamente.

Kora... — Disse Ruca baixinho atrás do elfo.

— Está tudo bem, é só não se afastar tanto de mim.

     Dito isso, Korafane começou a andar em direção ao balcão principal. O dono da taverna era um ancião carrancudo, e era nítido que ele não estava feliz com essa chegada.

— Boa noite Senhor, eu gostaria de comprar um cavalo. — Disse Korafane.

— Cavalo é? Engraçado um mensageiro falar isso, não são vocês que são abençoados com tantos poderes? — O dono da taverna jogou a pergunta e acendeu o cachimbo.

— Ora, meu bom Senhor, não é assim que funciona. Ainda preciso usar minhas pernas.

— Que melhor uso então dessas pernas do que longas distâncias?

A Jornada de Korafane e RucaOnde histórias criam vida. Descubra agora