Capítulo 11

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A escuridão de Brianesra era densa, praticamente palpável, e aquela neblina da neve só piorou tudo. Assim que chegaram à entrada da cidade de Gardinhen, Ruca começou a reclamar do frio, o que resultou em Korafane dando seu casaco para o pequeno.

— Aguente um pouco mais Ruca, sei que não deve estar fácil para você.

— Aqui é muito gelado. Você vai ficar bem sem o casaco?

— Não se preocupe comigo. Estou com frio, mas com certeza não tanto como você.

— Estava de dia horas atrás, como pode ter escurecido assim em pouco tempo?

— De fato escureceu, mas...Na verdade essa escuridão toda é espiritualmente o corpo da face oculta da Hildegarda que se manifestou quando a face anciã dela se sacrificou.

— Sabe que falando assim ficou bem confuso, né?

— Hm...Popularmente falando por regiões de Nadur, todas as faces dela são chamadas de Hildegarda. As pessoas diferenciam ela falando qual face é. Hilde é uma Deusa que se multiplicou para que suas vontades e personalidades não entrassem em conflito. Ela é bem misteriosa e complexa, mas separar sua existência divina a ajudou. Ela é múltipla, e ao mesmo tempo, singular.

— Até agora só ouvi da anciã e da face oculta.

— São quatro. Lioriel, a donzela. Elarith, a mãe. Morwen, a anciã e Nimrath, a face oculta. Não fique muito preocupado, geralmente elas aceitam ser chamadas de Hildegarda, ou Hilde se você tiver permissão.

     Após aquela explicação, Ruca começou a prestar mais atenção ao cenário ao seu redor. Haviam casas de pedra com janelas altas decoradas com desenhos em vitrais. As luzes das casas estavam acesas, causando uma sensação um tanto cálida naquele frio. Pouco a pouco a grande catedral gótica ficava visível no meio da neblina obscura.

    Na caminhada, Korafane arregalou os olhos ao ver uma jovem faeran de traços antigos. Com certeza era uma visão rara que Korafane não se aguentou em se aproximar dela que logo percebeu a chegada dos dois, pois Ruca naturalmente, foi atrás do elfo. Olhos da cor roxa, um cabelo branco longo e uma pele alva...Sem dúvidas era uma Faeran legítima andando tranquila por Brianesra!

— Hm...Posso ajudar o Senhor, Mensageiro? — Perguntou ela.

— Deuses, uma Faeran! — O elfo não conseguiu esconder sua euforia. — É raça mais antiga de Nadur, Ruca. — Explicou o Mensageiro antes de ouvir uma pergunta. Por agora, Korafane omitiu a parte que os Faerans eram selvagens e viviam abaixo da terra. E quando se fala de Faerans selvagens, estamos falando de seres fortes e violentos que lutavam entre si.

— É...Eu sou. — Confirmou a Faeran constrangida. — Com esse cabelo vermelho, presumo que seja o Mensageiro Korafane.

— Sim, sim, e este atrás de mim é o humano Ruca. Como se chama?

— Evangeline Vistel.

Evangeline...Vistel? — Uma sobrancelha do elfo se ergueu em dúvida. O nome claramente não era nada Faeran.

— Esse é o meu nome agora.

— Hm...Acho que entendi.

— É bom ter um elfo por aqui, quem sabe o Senhor possa fazer algo.

— Como assim? — Ah não, pensou o elfo. Está aqui para resolver a situação do Ruca, mas por motivos de alta responsabilidade ele não pode simplesmente ignorar um problema. — Brianesra tem um elfo, é Virothar.

    Evangeline engoliu um seco e apenas fez um ''não'' lento com a cabeça. O olhar da Faeran se direcionou para a criança que estava morrendo de frio. Ela sabe que para os visitantes o clima de Brianesra era complicado, imagina para uma criança.

A Jornada de Korafane e RucaOnde histórias criam vida. Descubra agora