Prólogo

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Korafane, que estava acostumado com o poder das chamas desde o início de sua existência estava abismadp. O fogo que era de seu entendimento natural agora o amedrontava. As chamas que se movimentavam de forma violenta refletia em seus olhos castanhos. O elfo ruivo ajoelhado estava desolado, cansado e com um ferimento em seu peito nu. Por conta do borrão de sangue não se podia avaliar a profundidade do ferimento, mas por Korafane ser um elfo, a dor não estava tão aguda, mesmo que ainda pudesse ser sentida.

    O cenário em volta de Korafane era triste e infeliz. Luparia, Deusa das flores estava no seu ápice da ira, os espinhos que saiam de seu corpo apertava qualquer tipo de vida, daquelas criaturas novas e malditas e de humanos. Com certeza havia inocentes ali, assim como criminosos. Os gritos eram uma sinfonia de terror.

    O Deus do sol, Sulhaul, segurava o corpo morto de seu irmão. Ele abraçava com força o corpo de um ser divino morto como se ainda tivesse alguma esperança. A cada segundo que se passava, a tristeza se corrompia em um ódio cego.

    Hildagarda, a Deusa do destino estava longe do conflito em sua terra, seu tipo de batalha era distante e silenciosa. Uma parte de sua existência divina deveria ser sacrificada. Sua terra natal Briasnera sentiria o impacto de seu sacrifício.

   E por fim, Coroain, o Deus guardião da terra de Kaelcair foi o primeiro a morrer desde o início daquele conflito.

   Como a batalha começou ninguém ainda sabia com certeza, apenas Hildagarda horas antes. Quando o sangue de Coroain foi derramado, a terra de Kaelcair ficou cinza.

    Com um ato de conforto e cuidado, o elfo da floresta Anencael colocou seu manto sob os ombros de Korafane e tocou seu ombro com a mão esquerda. Ele usava uma máscara quebrada de cervo, e um dos pequenos chifres de veado que ele usava com coroa estava quebrado. A máscara foi quebrada na área do olho esquerdo. Era a primeira vez que Korafane via a pupila vertical do elfo da floresta, isso significava que ele estava lutando, e que provavelmente estava irado mesmo de forma tão silenciosa.

— Anen... — Perguntou Korafane engolindo um seco. — O que será de nós agora? Dessa terra? De toda Nadur.

O elfo da floresta que estava observando Sulhaul chorar direcionou o olhar para Korafane lentamente.

— Não sei amigo. Existem muitas lacunas por aqui. Estou tentando não ser tomado por todos esses sentimentos negativos, mas é difícil... — A mão sob o ombro de Korafane foi apertada.

— Isso é tudo culpa da Hildagarda! — Gritou Sulhaul. — Como ela não imaginou isso, é impossível! Ela não fez nada e nem ao menos está aqui.

— Senhor... — Disse Korafane com os lábios trêmulos.

— Hildagarda agora tem sangue nas mãos, de todos os seres mortos aqui. De todos!

   De repente Sulhaul se levantou segurando o corpo de seu irmão e uma forte luz amarela tomou conta de seu corpo. Sulhaul subiu aos céus em sua forma de dragão e se foi para sua terra natal, deixando para trás a chuva.

— Senhor! — Se levantou imediatamente Korafane erguendo uma das mãos para o céu. — Espere por favor!

Korafane. — Disse o elfo da floresta com firmeza. — Deixe o Senhor Sulhaul ir, sabe bem do temperamento dele, ele não te escutaria neste momento.

— Mas Anen...É o meu deve estar ao lado dele nessa hora.

— Entendo como se sente, veja só...Eu também deveria estar do lado da Senhora Luparia, mas temo que eu também sairia ferido por ela. Isso também me dói.

  Os dois se encararam e então olharam para as chamas. Naquela noite, mais coisas aconteceram, coisas que ainda não ficaram tão claras com o passar do tempo...

A Jornada de Korafane e RucaOnde histórias criam vida. Descubra agora