Korafane foi o primeiro a acordar na casa, com certa pressa ele tomou o café da manhã e foi arrumar as coisas para continuar sua jornada com Ruca. A Deusa foi a última a acordar, claro que depois da noite anterior, ninguém ousou incomodar seu sono.
Perto do almoço, Luparia estava atrás de Ruca, que estava sentado, para arrumar o longo cabelo do garoto.
— Você não quer cortar nem que seja um pouco, tem que amarrar então.
— Pode fazer algumas tranças como a do Kora? — Perguntou o menino. — Ai. — Ele reclamou com um puxão de Luparia.
— Ah pelo amor, isso não foi nada, e sim, posso fazer algo parecido com as tranças do Kora, mas você reclamou que os fios ficam encostando na sua cara, então é melhor amarrar.
O resultado do penteado foi um rabo-de-cavalo baixo com algumas tranças misturadas a mechas soltas. O toque final foi alguns fios soltos para dar um charme perto da orelha. Luparia morreu amores enquanto admirava o Ruca.
— Ai, mas ficou tão lindo. — Disse Luparia toda boba. — Eu amo o tom cobre do seu cabelo. Anen, olha!
O elfo da floresta estava preparando algumas poções a pedido de Korafane, mas não negou a atenção, e por estar perto ele sabia que o assunto era o penteado de Ruca.
— Ficou muito bom mesmo, você não perdeu a prática, Senhora.
— Eu fazia tranças no cabelo do dono da taverna, isso antes dele casar. Depois que ele se casou ficou impossível, a mulher dele me dava medo.
O elfo ruivo entrou em casa apressado e com mais duas bolsas. Ele havia ido na cidade de Verdoria para comprar mais comida, roupas novas porque a próxima parada era em Briasnera, e lá com toda certeza vai estar frio.
— Pessoal, adoraria ficar mais tempo, mas acho que eu e Ruca já devemos ir.
— Nada disso. — Disse Anencael. — Só vão depois do almoço.
— Isso mesmo. — Reforçou Luparia. — E outras, têm ervas por aqui que são úteis e só tem por aqui.
— É verdade...Kora, a Lupe me deu essa missão, ela já me falou onde ficam as ervas. — Comentou Ruca pegando uma cestinha para guardar as ervas.
— Acho que são todos contra mim. — O ruivo respirou fundo. De fato, ele estava ansioso para ir embora. — Então vá pegar as ervas, e não demore pro almoço Ruca.
— Tá bom, tá bom! Chato você nem elogiou o penteado que a Lupe fez em mim.
— ... — Korafane piscou algumas vezes constrangido. — Eu acho que ficou ótimo.
— Ah mas agora também não vale mais. — Disse Ruca em tom de teimosia passando pelo ruivo.
— Mas o que... — O elfo do fogo ficou abismado. — Tem horas que a personalidade do Ruca parece um chicote.
— Ah mas aí teve um pedacinho de culpa sua, ficou bem óbvio. — Comentou Luparia com um sorriso.
— Desculpe, estou com pressa. — O ruivo deu de ombros sentando-se na beira da cama.
Assim que ele se sentou, Anencael se aproximou de braços cruzados, seu olhar era sério.
— Anencael? — Perguntou o ruivo.
— Korafane, tire a parte de cima da roupa.
— O quê??! — O rosto do elfo do fogo ficou tão vermelho quanto seu cabelo.
— Falei pra tirar a parte de cima da roupa, ah pelo amor...Já te vi assim antes, como eu poderia me esquecer? — Anencael não perdeu a oportunidade de expor um pequeno caso.
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A Jornada de Korafane e Ruca
FantasíaNa terra de Nadur, a ferida da Noite de Ruptura ainda sangra. Anos após deuses e homens terem rompido suas relações, a discriminação contra criaturas mágicas se enraizou. É nesse cenário que o destino entrelaça Korafane, um elfo de fogo, e Ruca, um...