•Prólogo•

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🐺

Eu estava sendo arrastado pelo chão, minhas mãos e meus pés amarrados e um saco na minha cabeça. Não consigo ver nada a minha frente.

Sou jogado no que parece ser uma cadeira, escuto passos, considerando os dois homens que me arrastaram até aqui deve ter no mínimo umas três pessoas aqui. Então o saco é tirado da minha cabeça, pisco os olhos algumas vezes para conseguir enxergar, estou em uma sala, rebocada mas sem tinta, tem um homem sentado em uma cadeira a minha frente e os dois homens que me trouxeram estão em pé cada um de um lado seu, olho para o chão. Arregalo os olhos e levanto minha cabeça espantado, o chão está coberto de sangue seco, muito sangue seco.

-Você roubou o depósito de armas do maior traficante do mundo, e só agora está com medo. Por quê viu sangue?- o homem a minha frente pergunta.

Ele é alto, o cabelo bem cortado e veste um terno simples, mas que parece ser muito caro, está inexpressivo, e mantem uma postura ereta e elegante. Simplesmente não consigo responde-lo.

—Você sabe a quem estou me referindo?— permaneço em silêncio, e começou a suar frio.—Responda.

—Sim senhor, eu sei.— me surpreendo pelo foto da minha voz ter saído tão firme.— Dizem que ela mata de salto alto para não sujar os pés com sangue de traidores.— ele abre um sorriso.

—Ela?— ele me encara como se pudesse ler a minha alma, acho que vou morrer agora.— Me conte o que sabe sobre ela.

—Ela foi traída pelo marido, que era dono dessa máfia. Ela tinha cabelos tão escuros quanto a noite mas depois que seu marido quebrou sua confiança, ela os pintou de loiro, depois que você é pego só resta esperar, escutar o barulho dos saltos, é como o anjo da morte chegando.— mantenho meus olhos no chão, todos já conhecemos essa história.

Ficamos em silêncio, e mais silêncio depois disso. Então escuto o barulho, barulho de saltos no corredor, lentos como se apreciasse a caminhada, meu corpo inteiro está paralisado, meu sangue parece ter virado gelo puro e se solidificado nas minhas veias. Não conseguiria me mexer nem mesmo se quisesse.

Então a porta se abre, rangendo as dobradiças pela falta de óleo, levanto meu rosto por um impulso que até mesmo me surpreende, um homem de altura mediana entra pela porta, ele usa um terno cinza que parece ser feito sob medida, nas mãos luvas de couro pretas, nos seus pés sapatos com saltos baixos, e seus cabelos loiros. Mas seus olhos são o que mais me assustam, são frios.

—Estava esperando uma mulher em busca de vingança pela traição do marido?— ele pergunta me olhando nos olhos. Consigo sentir meu corpo todo estremesser.— Ainda me pergunto de onde surgiu essa história.

—Senhor.- o homen sentado a minha frente se levanta, e da a cadeira para o loiro.—Um carregamento de revólver calibre 38, mais quatro carregamentos de M-16.— ele começa falar assim que o loiro se senta na cadeira, ele olha fixo para mim, avaliando o quanto vale minha vida.

—Prejuízo em capital.— o loiro ordena.

—121.443.750 wons, senhor.— o homem de terno preto fala, então suspira. —Isso é apenas o preço da mercadoria, contando com danos e os atrasos para a entrega, o transporte e os homens que perdemos, o capital perdido é de aproximadamente 500 milhões, senhor.— ele completa.

Eu vou morrer. Lenta e dolorosamente. O loiro suspira fecha os olhos e inclina a cabeça para o lado, expondo a tatuagem no seu pescoço. Um lobo branco.

—Você invadiu meu território, o que já é suficientemente estúpido. Então roubou minha mercadoria, destruiu meus pertences e matou meus homens.— ele abre seus olhos lentamente, as íris verdes penetram na minha derme. —A quem você supõe que deve temer mais, a mim ou a pessoa que ti enviou aqui?— ele me pergunta lentamente sem pressa. —Responda.

—Ao senhor. Senhor!— estou quase implorando para que eu me poupe. Nem que seja para ser seu escravo.

—Muito bem. Então lhe farei uma pergunta simples.— ele se inclina para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, olhando até a minha alma.—Quem mandou você?

"Não posso responder" penso. "Se não responder eu morro." Minha consciência diz.

—Lembre-se de que vou saber se mentir.— ele afirma, com seus olhos verdes em mim.

—Park Seo-joon. O senhor Park me enviou, a mim e mais dez comigo.— já devem estar todos mortos mesmo, e ele vai me matar de qualquer forma, não ligo.

O loiro abre um sorriso. Um sorriso venenoso, como uma cobra que acabou de achar uma presa perfeita. Ele se levanta e olha para o homem de terno preto, acho que essa é a hora em que eu deixo esse mundo.

—Não vamos matar ele.— diz simplista.

—Senhor?— o homem de terno preto pergunta.—O que pretende fazer com ele?

—Você tem duas opções...— ele volta a me encarar, ainda com aquele sorriso se canto assustador.—Você pode morrer agora.— ele tira uma pistola de detrás do terno engatilha e aponta para a minha cabeça. Arregalo os olhos assustado.—Ou pode fazer a minha marca e ser um dos meus homens. No três a arma vai disparar, e não me importarei nem um pouco com esse fato. Um...

—Eu aceito!— quem vai parar pra pensar em uma situação dessas.—Estou as suas ordens senhor, para o que precisar, minha vida lhe pertence.— falo tão rápido que as palavras se sobrepõem.

—Ótimo!— ele trava a arma e a guarda de volta no lugar onde ela estava.—Senhor Kim, pode cuidar da hospedagem, comida e segurança dele por gentileza?

—Sim senhor.— o homem de terno preto responde. O loiro me encara sério novamente, o mesmo rosto com que entrou na sala mais cedo.

—Se me trair vou esfolar você nessa cadeira na qual está sentado, com sapatos de salto para não sujar meus pés com seu sangue.— ele sorri novamente e caminha em direção a porta.

Mas tem uma coisa que não faz sentido, quem é esse cara? Ele é o chefe? Ele é o maior traficante de mundo? É ele de quem todos tem medo?

—Senhor!— quando me dei conta já o tinha chamado, o homen de terno preto me olha com uma cara inexpressiva.—Quem é o senhor?— o loiro para a frente da porta mas não fala nada.

—O lobo branco.— o homen de terno responde.

Então de repente estou agradecido aos céus, Deus, anjos, e todos os seres celestiais por estar vivo, e não em uma banheira com os órgãos expostos para fora.

—Tenho uma reunião. Cuide do novo recruta senhor Kim, sem mais informações.— o loiro fala e então sai pela porta.

—Ele... Ele é...— estou em choque e quase chorando por estar vivo.

—É você tem uma sorte do caralho de estar vivo.— fala um dos homens que me arrastaram até aqui.

—Mandem marcar ele e o mandem para um dos nossos dormitórios.— o senhor Kim fala para os homens, que agora estão me desamarrando.—Seu nome agora não importa, você terá um código e se identificará por ele, vamos implantar um rastreador em você também.— ele tira o que parece ser um tablet do terno e digita algo nele me encarando em seguida.—Soldado 4009, esse é o seu código, e seu nome. Não traía essa corporação ou vai morrer da pior forma possível.

Senhor Kim sai pela porta, e cerca de uma hora depois sou direcionado para o dormitório, meu código já está na porta, 4009. Meu novo nome, a tatuagem da pata do lobo no antebraço ainda dói, mas eu prefiro isso a morrer.

Entro no quarto e encontro um armário com roupas e o que parece ser o jantar sobre a mesa. Ao lado da comida um aparelho, todas as informações que eu preciso saber antes de trabalhar, por assim dizer.

—Senhor Park com seus 85 anos, chefe da máfia cujo o nome é Meute de loups, temido por ser sanguinário e impiedoso. Sua marca registrada são os três cortes deixados no pescoço de suas vítimas, lhe garantindo o apelido de lobo negro.— ainda bem que o filho dele que me achou. Penso logo voltando a ler.—Seu filho Park Jimin, conhecido por matar a sangue frio os traidores da corporação, braço direito e carrasco para seu pai, Park é conhecido como lobo branco e anjo da morte.

4009, meu novo nome. Meute de loups minha nova corporação, e o Lobo branco meu novo chefe. Minha vida agora pertence a ele.

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