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Meio dia e meia.
É o horário que aparece na tela do meu celular e percebo que já está na hora do almoço, e apesar de não nos encontrarmos muito durante o dia, sempre almoçamos juntos, cerca de noventa e sete por cento dos dias já que as vezes Sohee almoça na faculdade por ter aulas nos dois turnos.
Acredite eu não sou do tipo que sufoca as pessoas que ama com preocupações simples, no entanto estou sempre preocupado, tenho um instinto superprotetor quando se trata das pessoas próximas a mim.
Como irmão mais velho eu busco apoia-la em todos os seus sonhos, sempre procuro escutar seus planos e aconselha-la, apesar de na maioria das vezes ela fingir não dar a mínima para a minha opinião, sei que Sohee sempre procura aprovação mesmo que inconscientemente isso é algo que foi criado nela pela convivência com nossos pais.
Minha irmã nunca precisou de um escudo, algo que irmãos mais velhos estão sempre preparados para ser, pelo contrário, So sempre se defendeu muito bem sozinha. Ela começou no boxe aos quinze anos de idade escondida de nossos pais, sempre buscou ser uma mulher forte e independente.
So nunca quis ser uma mulher que dependesse de alguém, segundo ela "De quanto menos pessoa eu depender, menos pessoas vão poder jogar algo na minha cara", não sei se discordo verdadeiramente disso até porque na casa em que fomos criados isso ocorria diariamente, frases como: "Eu que pago as contas, o mínimo que mereço é respeito!" "Não fez mais que a sua obrigação, estou pagando escola cara para isso!" "Eu que ti visto, ti calço, ti alimento e ti dou moradia, então não venha me desafiar!", eram frequentes.
Chega a ser exaustivo, só de lembrar já fico irritado.
Os pais tem uma ideia generalizada de gratidão e amor, na cabeça deles trazer alguém para esse mundo é o suficiente para que esse alguém te ame incondicionalmente, não necessáriamente é assim. O conceito de amar alguém só porque eles são seus genitores é tão estúpida quando a ideia de ser crime amar outras pessoas do mesmo gênero.
Desde crianças fui ensinado a respeitar meus pais acima de tudo, mesmo quando gritavam comigo ou me batiam para ensinar bons modos, quando pegavam meu celular e vasculham todas as conversas, quando me mandavam calar a boca por estar chorando, segundo eles eu não tinha motivo para chorar.
"Engole o choro."
Era o que eles diziam muitas das vezes, se eu sequer pensasse em demonstrar sentimentos, eu não sei o que é ter pais. Os meus eram presentes ausentes, estavam lá mas sinceramente se não estivessem não mudaria nada, eles sempre se colocavam em uma posição vitimista no intuito de fazer com que nos sentissemos culpados. E dava certo.
Crianças são incrivelmente frágeis e moldáveis, elas vão acreditar em tudo que dizer a elas desde as maiores mentiras as pequenas verdades. Mentiram muito para meu eu criança que hoje me pergunto se alguma daquelas palavras era verdade, isso é doloroso e lembrar disse é como sentir milhões de agulhas perfurando seu corpo.
Escuto passos na escada que ligam o sótão a casa e logo So aparece na entrada, ela vem em minha direção se sentando ao meu lado no chão, minha irmã apoia a cabeça no meu ombro e ficamos em silêncio. Um silêncio bom e confortável.
—Sei que não está preocupado só com a luta.- ela entrelaça suas mãos mexendo nos próprios dedos.—Mas sei também que não vai me contar o que está ti encomodando, pelo menos não agora. Sei que está cansado Jungkook, e não julgo você por isso, nós dois sabemos o quanto foi difícil conseguir sair daquela casa, daquele lugar que só nos machucava.— seus olhos buscam meu rosto, e So me mostra um sorriso fechado.—Você consegue mano, e eu sei disso porque se você não ganhar vovó vai soltar toda a coleção de palavrões dela em cima de você.— um segundo de silêncio antes de soltarmos altas gargalhadas.
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Lie
FanfictionAs vezes quando estamos em desespero cometemos erros e esses erros geram consequências que nos perseguem até que sejam pagas. E é dessas consequências que Jeon Jungkook tem fugido e lutado com seus punhos, literalmente, para despista-las ao mesmo te...