𝕻𝖆𝖗𝖐
Como você se sentiria se toda a sua vida tivesse sido planejada, até os mínimos detalhes sobre ela. Seus pais, o dia do seu nascimentos, suas roupas, suas falas, até a maneira como você anda.
Você consegue imaginar? Eu vivo essa teoria a vinte e sete anos.
Meus pais foram escolhidos a dedo, até mesmo o dia o qual minha mãe deveria engravidar foi cuidadosamente selecionado, meu nascimento gerou tumulto no meu mundo e consequentemente muita dor de cabeça para algumas pessoas interessadas nos bens da família Park.
O único herdeiro de Randall Park— como o próprio gostava de falar—, o magnata dono de uma grande empresa que investia em qualquer coisa que pudesse lhe fazer lucrar absurdamente, quanto maior os números maior sua satisfação.
Meu avô era um homem que ninguém se atrevia a desafiar, não somente por sua fama espantosa perante o cenário empresarial como também pelo seu poder fora dele.
Como eu disse tudo que dava para investir e se obter lucro, Randall estava definitivamente envolvido de alguma forma.
Assim que nasci fui tirado dos braços da minha mãe e levado para a mansão Park, fui treinado até mesmo para segurar a mamadeira corretamente, li tantos livros sobre geopolítica, bolsa de valores, indústrias, finanças, economia, e milhares mais. Aos dezessete eu já sabia mais sobre as leis do país do que qualquer professor universitário de Direiro.
Meu avô fez questão de que eu tivesse a melhor educação, não somente intelectual mas também de etiqueta e defesa pessoal. Aprendi sobre todos os tipos de luta, sua história e como se utilizava na prática.
Treinei com armas de fogo e com espadas e bastões, ainda que os dois últimos fossem difíceis de se utilizar no cotidiano e a mansão Park fosse uma fortaleza, meu avô jamais permitiria que eu ficasse vulnerável.
—A vulnerabilidade vai matar você, seja ela física ou emocional.
Essas foram suas palavras para mim no meu aniversário de dezoito anos, pouco antes de eu ingressar na faculdade de direito. Fiz faculdade no exterior, mas ainda que estivesse estudando voltava com frequência para meu país natal para treinar, para que vovô me treinasse, terminei a faculdade aos vinte e três anos com direito a honra ao mérito.
Ao voltar para minha casa, achei que talvez vovô me deixasse viver um pouco já que eu dediquei toda a minha vida até o momento á ele e a agrada-lo de todas as formas possíveis.
No entanto assim que atravessei as portas da mansão Park encontrei inúmeras pessoas na sala, todas de preto, uma mulher chorava debruçada sobre um caixão no centro da sala de estar, no lugar onde ficava a mesa em que vovô e eu jogávamos xadrez nas tardes de domingo.
Entrei na sala vagarosamente, as pessoas me encaravam assustadas com minha presença, outras sussuravam coisas como 'Eu sinto muito' ou 'Você está bem?', quando cheguei próximo ao caixão senti minhas pernas falharem e meu coração pulsar ferozmente no peito, no entanto minha expressão se tornou como um aço forjado pelos deuses, algo imutável.
—Tirem todos daqui.— foi o que eu disse para senhor Kim, que estava parado ao meu lado.—É uma ordem direta minha.
—Senhor, eu não acho que seja...
—Agora mesmo!— disse mais uma vez, alto o suficiente para que todos escutassem.
—Seu desgraçado!— grita a mulher que chorava a poucos minutos, se levantando e vindo em minha direção.—Seu avô morreu por sua causa, porque você não estava aqui para ele, seu merdinha!— ela vociferava triste e irada.—Meu pai escolheu você, dentre todas as pessoas, dentre até mesmo os seus filhos ele escolheu você, o neto bastardo!
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Lie
FanfictionAs vezes quando estamos em desespero cometemos erros e esses erros geram consequências que nos perseguem até que sejam pagas. E é dessas consequências que Jeon Jungkook tem fugido e lutado com seus punhos, literalmente, para despista-las ao mesmo te...