#30 Sombras do Passado

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Nota do autor: Esse capitulo tem (11766 palavras)

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Os novos bichos, imersos em luz, jamais compreenderão,

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Os novos bichos, imersos em luz, jamais compreenderão,

As provações que os antigos enfrentam a escuridão.

O relógio ancestral retrocede,

Revogando dores que, até hoje, não se renderam.

A noite caiu como um manto pesado. Rénan, um garoto indígena de boné vermelho com a aba para trás, andava pela cidade de Candeias na Bahia, da sua caixa de cigarros vermelha ele tira um e tenta acender o cigarro com isqueiro mas não funciona, os postes projetando um brilho fraco que iluminava seu caminho pelas calçadas desertas. A cidade parecia vazia, como se tivesse sido abandonada, um lugar tomado por um silêncio inquietante. Foi então que um som quebrou a quietude com Rénan jogando o isqueiro perto do lixo e errando. Em seguida, latidos, agudos e frenéticos. Cães surgiram, fugindo em disparada. "Devem tá no cio, esses sacaninhas", diz rindo em seguida, mas algo nele temia que fosse mais do que isso.

Ele se virou e, por entre as sombras, viu o que parecia um pesadelo saído das profundezas. Um cão colossal, de três cabeças, escuro como a noite, avançava lentamente. A boca de cada cabeça gotejava sangue, mastigando algo que, com horror, percebeu serem restos humanos, e também uma bola de futebol. De uma das bocas caíram braços e cabeças como brinquedos descartados. Ele ficou paralisado, o coração disparado.

As três cabeças começaram a latir, um som grave e gutural que ressoava como trovões, reverberando pelas ruas desertas. O instinto finalmente o dominou, e ele correu. Dobrou uma esquina, os passos pesados do monstro ecoando atrás de si como um tambor de morte. O enorme cão colidiu violentamente com um poste ao virar a esquina, derrubando-o e mergulhando a rua em uma escuridão total. Tropeça e cai, o coração batendo descompassado.

No breu, ele ergueu os olhos e viu apenas a lua cheia acima, pálida e distante, enquanto os seis olhos vermelhos brilhavam como brasas no vazio, avançando lenta e inexoravelmente. Um frio percorreu sua espinha. Ele sabia que não havia escapatória. Sua mente gritou, mas seu corpo permaneceu imóvel, tomado pela desesperança. "É o meu fim", pensou, aceitando o destino de ser devorado por aquela criatura infernal.

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