Capítulo Dois

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Na manhã seguinte, o sol nascia pela janela do meu quarto, acariciando meu rosto e me despertando. Ainda era cedo, mas meu pai já estava de pé, murmurando algo em seu escritório. O som intrigante de suas palavras atravessava a porta entreaberta, mas eu não conseguia entender o que ele dizia.

— Isso não faz sentido — foi a única frase que consegui decifrar.

O que será que ele estava tentando resolver?

Pouco depois, William saiu do escritório, deixando a porta aberta. Meu coração disparou. Esta era a minha chance. Entrei no escritório em silêncio, determinada a descobrir seus segredos. O ambiente estava repleto de papéis antigos e jornais amarelados. Um mapa pendurado na parede chamou minha atenção. "Maré Azul 1980" estava escrito no topo.

Aproximei-me da mesa de escritório e vi um livro antigo, com rasgos e manchas, como se tivesse sido escondido por anos ou rasgado intencionalmente. Peguei o livro em minhas mãos, mas o título estava irreconhecível. No chão, papéis e cartas estavam espalhados como se alguém tivesse revirado tudo às pressas. Entre a bagunça, um jornal destacou-se com a manchete "O mistério da bruxa de Maré Azul". Quando o segurei, um arrepio percorreu minha espinha. Como era possível? Meu nome estava no jornal.

( Imagem )

Meu nome em um jornal antigo

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Meu nome em um jornal antigo. Minhas mãos tremiam ao segurar o papel. De repente, ouvi a porta ranger. William estava ali, com seu olhar severo fixo em mim.

— O que está fazendo aqui, Elizabeth? — Sua voz carregava uma ameaça implícita enquanto eu escondia o jornal atrás das costas.

— Eu só queria ver o que você estava fazendo — menti, tentando soar casual.

— Volte para o seu quarto e não volte mais aqui — ele ordenou com frieza. Abaixei a cabeça e obedeci, mas uma determinação crescia dentro de mim. Eu descobriria o que William estava escondendo, custasse o que custasse.

(...)

Eu estava deitada em minha cama, observando o jornal que estava em minhas mãos. No final do jornal, havia um número de contato. "Para mais informações, ligue para este número" era o que estava escrito. Algo me dizia que esta era a chave para desvendar o mistério que William escondia.

Na escola, mal consegui me concentrar nas aulas. Cristian percebeu minha inquietação e, durante o intervalo, me puxou para um canto mais afastado do pátio.

— Liz, o que está acontecendo? Você parece inquieta — ele disse, preocupado.

Olhei em seus olhos preocupada e soube que não podia esconder dele. Sentei-me em uma das arquibancadas onde costumávamos comer nossos lanches e desabafei. Cristian escutava com muita atenção tudo o que eu falava e então, finalizei.

— O meu nome estava lá — disse, sentindo algo dentro de mim.

— O seu nome? — Cristian perguntou, claramente preocupado.

Cristian ficou em silêncio por um minuto, processando o que eu havia mencionado, e então, quebrou o silêncio.

— Precisamos descobrir mais sobre isso, Liz — disse ele, finalmente, com determinação. — Mas precisamos ir com cuidado. Seu pai não pode descobrir que estamos investigando.

O sinal tocou, nos fazendo voltar para a sala de aula. A aula se iniciou, mas meus pensamentos não estavam lá. Eu me pegava presa em meus pensamentos.

Quando o dia letivo finalmente terminou, pedalamos em direção à minha casa. Cristian me deixou na porta e então partiu. Havíamos combinado de nos encontrarmos escondidos à noite.

Ao anoitecer, nos encontramos em nosso esconderijo de criança, nossa casa na árvore, que ficava em um bosque em uma das árvores mais altas, onde dava para ver toda Maré Azul. O vento soprava suavemente, fazendo meus cabelos dançarem ao ar.

— Vamos começar pelo número de contato no jornal — disse Cristian, pegando o seu celular. — Pode ser nossa primeira pista — ele se sentou na quina da pequena casa de madeira, ao meu lado.

Pude sentir seus braços passarem por cima dos meus, me motivando assim, de alguma forma.

Cristian discou o número e colocou seu celular no modo viva-voz. Após alguns toques, uma voz rouca atendeu.

— Alô?

Cristian e eu trocamos olhares nervosos antes que ele finalmente respondesse.

— Olá, nós... ligamos referente a um número que estava em um jornal antigo e gostaríamos de saber mais sobre esta história.

O homem suspirou. — Por acaso vocês acharam ela? — ele perguntou.

— Não... mas gostaríamos de... — O homem desligou, antes que Cristian pudesse concluir.

Ele suspirou, aparentemente frustrado.

— E lá vai nossa chance de conseguir algo — ele sutilmente tirou seus braços de mim.

Virei-me e o encarei. — Havia muitas coisas naquele escritório, e se olhássemos o que tem lá?

Cristian assentiu, seu olhar agora cheio de renovada determinação.

— Vamos fazer isso. Precisamos de todas as pistas que conseguirmos.

Com essa decisão, sabíamos que estávamos prestes a mergulhar no coração dos segredos de Maré Azul, e nada nos impediria de descobrir a verdade.

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Maré De Amor (Em Criação)Onde histórias criam vida. Descubra agora