Capítulo nove

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09. A festividade no farol-- parte 3

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O tempo parecia se arrastar, e os barulhos dos instrumentos haviam cessado. O público já não estava mais lá.

- Parece que nem em um simples festival vocês param de ser curiosos - aquela voz grave e familiar ecoou pela sala vazia, me assustando.

- Vicent, então além de barista e bibliotecário, você também é guitarrista? Essa eu realmente não esperava - ironizei, com palavras que claramente não agradaram Vicent.

- Deixe eu tentar adivinhar, está procurando mais coisas onde não foi chamada, certo? - ele deu um passo à frente, me prendendo contra a parede fria.

Seus olhos fixos nos meus me deixaram constrangida com sua atitude. Meus olhos então encontraram seu medalhão, onde havia um símbolo misterioso, parecido com os símbolos antigos do mapa que eu havia encontrado no escritório de meu pai. Então, Soube que a chave para tudo isso estava bem à minha frente.

Vicent percebeu meu olhar fixo no medalhão. Com uma expressão intrigada, ele recuou ligeiramente, seus dedos inconscientemente tocando o objeto pendurado em seu pescoço.

- Por que está tão interessada nisso? - ele perguntou, sua voz agora carregada de um misto de curiosidade e cautela.

- Esse símbolo... Eu já vi algo parecido nos papéis antigos do meu pai - respondi, sentindo uma onda de determinação crescer dentro de mim. - Pode ser a chave para entender tudo que estamos procurando.

Por um momento, Vicent ficou em silêncio, suas feições endurecidas por uma luta interna. Seus olhos analisaram os meus, talvez buscando a sinceridade em minhas palavras ou ponderando sobre quanto deveria me contar.

- Você realmente não sabe no que está se metendo, garota - ele finalmente disse, sua voz um pouco mais suave, mas ainda carregada de um peso desconhecido.

- Eu sei, Vicent, mas preciso descobrir o que aconteceu com minha mãe. E se esse medalhão tem algo a ver com isso, então você precisa me ajudar - insisti, meu coração batendo forte.

Houve um breve momento de hesitação, até que ele suspirou profundamente, como se tivesse tomado uma decisão importante.

- Tudo bem, mas saiba que, a partir de agora, não há como voltar atrás - ele disse, com uma seriedade que fez um calafrio percorrer minha espinha. - Esse medalhão pertence à minha família há gerações e está ligado a segredos que muitos morreriam para proteger. Se você está disposta a enfrentar isso, espero que não recue.

Cristian se aproximou de nós com uma expressão de quem não aguentava mais ficar do lado de fora, notando a tensão no ar. Seus olhos saltaram entre mim e Vicent, tentando entender o que estava acontecendo.

- Então, o que vamos fazer? - ele perguntou, com uma expressão determinada.

- Vamos até o escritório de William. Ele tem mais papéis antigos que podem nos dar pistas sobre esse símbolo - sugeri, já traçando o plano em minha mente.

Vicent assentiu, mas antes que pudéssemos nos mover, ele segurou meu braço levemente, fazendo com que eu parasse e olhasse para ele.

- Se realmente quiser seguir em frente, precisará confiar em mim. Há coisas que ainda não estou pronto para compartilhar e farei o que puder para te ajudar - ele disse, com uma sinceridade que eu não havia visto antes.

Assenti, sabendo que, a partir daquele momento, a confiança entre nós seria essencial. Enquanto nos preparávamos para sair do farol, uma sensação de união crescia entre nós, como se finalmente estivéssemos todos na mesma página. O farol havia se tornado um marco importante, não só na investigação, mas também na formação de um novo vínculo entre nós.

A noite escura ainda nos envolvia, mas, de alguma forma, com Vicent ao nosso lado, senti que estávamos mais perto da verdade do que nunca.

Maré De Amor (Em Criação)Onde histórias criam vida. Descubra agora