Capítulo Três

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03

A noite passou rápido, e eu estava ansiosa para encontrar Cristian. Nosso encontro na escola foi breve, e enquanto caminhávamos pelos corredores, discutíamos sobre o que aconteceu no sábado.

—Eu andei pensando, e tem algo que não está certo.– afirmei, enquanto Cristian me olhava intrigado com o assunto.

—E o que seria?– ele perguntou.

—"1983"... este é o ano em que minha mãe desapareceu– eu disse, minha voz baixa, quase um sussurro.

Cristian refletiu sobre tudo por um momento e então, ouvimos o sinal tocar. Recolhemos nossas coisas e nos direcionamos à sala de aula.

Havia tantas coisas em minha mente que eu não pude evitar a distração. No ápice dos meus devaneios, fui interrompida pelo professor.

—Liz, o que acha sobre isso? –ele perguntou, claramente consciente sobre minha falta de atenção.

Apenas me recolhi em meu lugar, enquanto diversos olhares caíam sobre mim.

Nas arquibancadas do pátio, sentávamos enquanto Cristian continuava a ler o jornal. Não pude resistir ao cheiro dos lanches que a mãe de Cristian sempre preparava para nós e então, dei uma mordida, saboreando um delicioso sanduíche.

—Espera –Cristian disse, interrompendo meu momento sagrado.

—O que é?– perguntei, enfurecida.

—"Maré Azul, área norte" não é esta a referência do farol?

E então, uma chave rodou em minha mente. Estávamos mais perto de desvendar os segredos de meu pai.

—Cristian, e se fôssemos até o farol?– dei a ideia.

—Você tem certeza? Ouvi dizer que está abandonado, pode ser perigoso– ele disse, um pouco preocupado.

—Isto pode ser um pouco louco, mas é a nossa única chance de descobrir o que aconteceu com a minha mãe.

Cristian assentiu com a cabeça e então, o plano estava feito. Novamente, sairíamos à noite para desvendar mais este mistério.

(...)

Ao chegar em casa, William não aparentava estar. Suspirei aliviada e subi ao meu quarto, jogando-me na cama. Comecei a devaneiar sobre o que havia descoberto neste pouco espaço de tempo. Como isso envolveria a minha mãe?

Enquanto eu refletia, ouvi passos pesados subindo as escadas. Meu coração disparou. A porta do meu quarto abriu-se com um estrondo, revelando William com uma expressão sombria.

—Liz, preciso falar com você– ele disse, sua voz grave.

Levantei-me da cama, tentando esconder minha apreensão.—O que foi?

—Onde você estava na noite passada?– ele perguntou, direto.

Eu hesitei por um momento. —Eu... eu estava apenas dando uma volta.

William estreitou os olhos, claramente insatisfeito com minha resposta. - Não é seguro você sair assim sem me avisar. Há coisas que você não entende, coisas que podem ser perigosas.

—Coisas como o que aconteceu com minha mãe? – retruquei, a frustração evidente em minha voz.

—Isso não é assunto para você se preocupar. – ele respondeu, desviando o olhar.

—Claro que é! – Eu disse, a raiva crescendo. —Você não pode simplesmente me manter no escuro para sempre!

William suspirou profundamente, esfregando as têmporas. —Liz, você está proibida de sair de casa à noite. Isso não é uma escolha. É uma ordem.

Meu coração disparou. —Você não pode fazer isso!

—Posso e vou. –Ele se aproximou, seus olhos firmes nos meus. —Pelo seu próprio bem.

Saí do quarto antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, a raiva e a frustração fervendo dentro de mim. Mas não podia desistir. Precisava descobrir a verdade, e se isso significava desobedecer a William, assim seria.

Cristian estava esperando por mim na esquina. —E então? – ele perguntou.

—Estamos indo para o farol esta noite.  –respondi, determinada. —E nada vai nos impedir.

(03)

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Maré De Amor (Em Criação)Onde histórias criam vida. Descubra agora