Capítulo Cinco

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A cafeteria de Maré Azul sempre foi o lugar onde eu e Cristian nos encontrávamos para estudar, mas nesta manhã, ele me chamou para um "Encontro de amigos". Isso era algo comum entre nós, mas nunca marcamos tão cedo. Ainda mais surpreendente foi o fato de Cristian ter aceitado acordar cedo para isso, o que só me fazia pensar que estava entrando em uma furada.

Assim que entrei pela porta, o cheiro de café fresco me envolveu, e o som das máquinas de espresso trouxe uma sensação de tranquilidade. Caminhei até meu assento habitual e aproveitei a vista da manhã incrível pela enorme janela ao meu lado. Enquanto me acomodava, um garçom se aproximou com um bloco de notas na mão.

Levantei a cabeça e fiquei chocada ao perceber quem era: o garoto da noite passada, agora trabalhando no meu lugar favorito.

— Melhor fechar a boca, não quer que entre mosquito, não é mesmo? — Ele riu da minha expressão confusa.

— Era só o que me faltava — resmunguei, não conseguindo acreditar na coincidência.

— Também não estou feliz em te ver — disse ele, e o sorriso em seu rosto desapareceu, substituído por um olhar sarcástico. — Pelo menos desta vez você não está invadindo propriedades – ironizou.

— Então, vai fazer o seu trabalho ou vai continuar incomodando sua cliente? — retruquei, devolvendo o sorriso sarcástico.

— Claro, o que pretende pedir?

— Um cappuccino, sem sarcasmo duplo. Por favor.

— Anotado! Um cappuccino sem sarcasmo, vai ser difícil, mas eu vou tentar — disse ele, com um sorriso que confirmava que não conseguiria deixar o sarcasmo de lado.

Ele se afastou, indo em direção ao balcão, e, naquele momento, ouvi o sino da porta da cafeteria tocar. Olhei para a entrada e lá estava Cristian, com suas pantufas de pato e uma roupa não tão adequada para a situação. Não consegui evitar sorrir diante daquela cena.

Cristian se aproximou enquanto todos na cafeteria o observavam, rindo da sua escolha de roupa. Ele se sentou à minha frente, e minhas bochechas queimaram de vergonha alheia.

— Cheguei — disse ele, com um sorriso satisfeito.

— Gostei do visual — apontei para a roupa  fofa, tentando não rir.

Nós dois rimos enquanto Cristian se acomodava na cadeira. Pouco depois, Vicent voltou com o meu cappuccino, colocando-o na mesa com um gesto suave.

— E para o amigo desajeitado? — perguntou o garoto, lançando um olhar de soslaio para o pijama de Cristian.

— Um café preto, forte— respondeu Cristian, mantendo o bom humor.

Ele apenas assentiu e se afastou para preparar o pedido. No entanto, antes de sair, seus olhos entrotraram os meus e por um segundo senti algo que não sabia decifrar.

Enquanto esperávamos, percebi que Cristian me olhava com uma expressão que eu conhecia bem. Ele estava pensando em algo além do café da manhã.

— Então, o que acha desse novo garçom? — perguntou ele, tentando soar casual, mas eu sabia que havia algo mais por trás da pergunta.

— Ele é… intrigante, para dizer o mínimo — respondi, tomando um gole do cappuccino.

— Intrigante é uma palavra interessante — comentou Cristian, com um sorriso. — Tem algo nele, não é? que não está transparente.

— Com certeza. E parece que precisamos descobrir o que é— disse, decidida.

— Ah, a Liz investigadora está de volta — ele riu, mas pude ver uma ponta de seriedade em seus olhos.

O garoto voltou com o café de Cristian e, ao colocar a xícara na mesa, ele se inclinou ligeiramente na minha direção. nos meus ouvidos com as mãos nos meus ombros eu pude ouvir ele, com palavras curiosas.

— Maré Azul é cheia de segredos — disse ele, quase sussurrando. — Às vezes, quem procura por respostas encontra mais do que esperava.

Antes que eu pudesse responder, ele se afastou novamente, deixando um silêncio pesado entre mim e Cristian.

— Ele definitivamente sabe de algo — Cristian comentou, me olhando com expectativa.

—É, talvez ele realmente saiba de algo. – meus olhos encontravam com os dele que me observava sutilmente por trás do balcão.

Terminamos nossos cafés e Cristian continuou a comentar sobre seus quadrinhos, mas não pude evitar a sensação de ser observada.

Após uma longa manhã Cristian me acompanhou até em casa, com seus braços sobre meus ombros ele me abraçava na porta de casa.

—Podemos nos encontrar na biblioteca amanhã? – ele questionou com seus olhos de cachorrinho.

—Claro, des de que você me deixe ler aquele seu quadrinho.

Cristian revirou os olhos, logo bufando.
—Tudo bem, eu deixo, mas o que eu ganho com isso? –Interesseiro.

—Eu posso te dar um abraço– dei a solução.

—Só um não é o suficiente–Cristian brincou dando um leve beijo em minha testa. — Se cuida. – Cristian disse, assim partindo.

(05)

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Maré De Amor (Em Criação)Onde histórias criam vida. Descubra agora