𝐌𝐈𝐙𝐔𝐊𝐈 𝐌𝐀𝐓𝐒𝐔𝐌𝐎𝐓𝐎 nunca soube o que faltava em sua vida para enfim sentir o sentimento de estar finalmente completa. Ela estava na busca de um novo propósito para se sentir verdadeiramente humana quando o mundo em que vivia colapsa.
E...
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Japão — Kyoto, 28 de Maio de 2024, 20:00 p.m 3 dias antes do colapso global.
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Mizuki gostaria de negar que estava enlouquecendo, gostaria de negar que as olheiras abaixo de seus olhos eram por conta do estresse dos exames semestrais, ela gostaria de negar que não estava vendo coisas anormais, que não sentia ele estava sendo observada a todo momento por todas as pessoas, mas ela não consegue. Sua língua parece ser feita de chumbo em sua boca, seus dentes se cerravam como as barras de uma jaula, aprisionando suas palavras em sua garganta e a forçando a engoli-las.
Ela se perguntou por muitas noites em que o sono se recusava em lhe visitar, se ela era realmente a única pessoa que notará que há algo de errado com o mundo. Ela se perguntou muitas vezes se estava realmente louca, assim como sua mãe lhe disse que ficaria algum dia, assim como sua vó lhe amaldiçoava quando estava com raiva.
Em meio a tantas perguntas sem respostas, a ansiedade crescente em seu âmago e só medo rastejando por sua pele. Mizuki decidiu tomar a decisão que era provavelmente a menos inteligente entre muitas outras.
Ela decidiu ignorar quaisquer anormalidades que encontrasse.
Seja vendo algo insignificante que poderia passar por despercebido se não fosse observado com cuidado. Como quando na manhã passada em que ela viu as folhas varridas pela velha senhora que morava no apartamento ao lado se enfileirado como se fossem soldados treinados e marchando com pulinhos pela beira da calçada em direção a um passarinho que estava morto próximo a uma lixeira.
Ela gostaria de dizer que não ficou horrorizada vendo aquelas folhas que ganharam vida de uma hora pra outra se juntarem e arrancarem a cabeça do cadáver do pobre animal como se fossem uma simples peça de brinquedo e logo após comemorarem como se estivessem recebido um troféu de guerra. Entretanto ela não podia mentir para si mesma, se não fosse por seu autocontrole no momento ela provavelmente teria gritado.
Apesar xícara de café em sua mão já não tinha um gosto tão bom como nas manhãs passadas ela ainda assim bebericou um gole e fechou as cortinas abertas como se não tivesse visto nada.
Ela também decidiu ignorar as anormalidades mais perceptíveis que poderiam ser vistas de relance. Como quando ela passará em uma cafeteria antes de ir para a escola e quando estava prestes a receber seu pedido a garçonete atrás do balcão virou sua cabeça em um ângulo de 360° graus em sua direção enquanto sorria docemente e lhe perguntava se ela desejava algo mais.
Acredito que não seja necessário mencionar como ela praticamente sentiu sua alma sair do corpo, e como suas mãos tremiam enquanto ela pegava seu pedido e agradecia a garçonete que estava com a cabeça virada em direção as costas.
Neste dia em específico ela chegou um pouco atrasada na escola, quando recebeu seu pedido ela saiu da cafeteira e ficou em frente a uma das janelas de vidro enquanto olhava para a situação dentro da loja.
