𝐌𝐈𝐙𝐔𝐊𝐈 𝐌𝐀𝐓𝐒𝐔𝐌𝐎𝐓𝐎 nunca soube o que faltava em sua vida para enfim sentir o sentimento de estar finalmente completa. Ela estava na busca de um novo propósito para se sentir verdadeiramente humana quando o mundo em que vivia colapsa.
E...
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Japão — Kyoto, 10 de Maio de 2024, 06:00 a.m 21 dias antes do colapso global.
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Mizuki se sentia pesada, era como se sua pele fosse revestida por chumbo e a gravidade a puxasse cada vez mais profundamente para o chão.
A cada respiração ofegante seus pulmões doíam, o ar possuía um cheiro de enxofre que cada vez que era inalado por suas narinas traziam uma dor agoniante que se alastrava por toda sua caixa torácica. Era como se seus pulmões estivessem dilacerados e queimando com chamas incandescentes que não se apagariam por toda a eternidade.
Um líquido viscoso quente cobria todo seu corpo dolorido, seus cabelos pareciam úmidos e grudentos em sua nuca, suas roupas pareciam estar coladas contra sua pele, a sensação de estar completamente afogada em algo grudento lhe fez sentir suas entranhas se revirarem em seu estômago como se fossem vermes se retorcendo.
Haviam vozes gritando a distância, o som se distorcia em seus ouvidos abafados que zumbiam com um som afiado em seus tímpanos, os tons diferentes se misturavam ao ar, mas todos gritavam com o mesmo sentimento ecoando por suas bocas. Havia desespero e medo.
Mizuki queria se levantar, queria erguer sua cabeça que pendia para baixo e gritar em plenos pulmões: Estou aqui!
Mas sua cabeça parecia pesar como se fosse chumbo, sua garganta queimava em carne viva e sua língua parecia estar dormente assim como todo seu corpo.
A única coisa que ela podia mover era sua mão direita que segurava fortemente algo rígido e frio em sua palma, como se fosse uma tábua de salvação, sua única saída para a situação em que se encontrava.
Um som de passos soou a sua frente, rítmico e controlado apesar do caos à sua volta. O som pareceu despertar seus membros dormentes que rapidamente pulsaram, seus nervos pareciam gritar em protesto a seus músculos que se moveram sem pestanejar e ignorando qualquer dor em seus ossos.
Sua mão se agarrou fortemente contra a base sólida em sua palma, ela pode ouvir seus ossos dos dedos rangendo e suas articulações estalando.
Seu coração se contraiu dolorosamente em seu peito, o ar parecia escapar de seus pulmões, sua garganta seca pareceu se entorpecer com a sensação desconfortável de coceira que subiu por ela, era como se inúmeras formigas se fincassem em sua carne.
Um gosto metálico subiu por sua garganta e inundou sua boca, com dificuldade ela abriu sua boca para cuspir o líquido viscoso, mas sua mandíbula contrariou seu comando e pendeu-se frouxamente para baixo fazendo com que o líquido em sua boca escorresse por seus lábios e manchasse seu queixo.
Uma voz soou acima de sua cabeça, o tom poderoso pingava zombaria e escárnio, as palavras pareciam se embaralhar em sua mente e ela não podia fazer nada além de lutar contra a sensação que subiu por sua espinha.
