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Japão — Kyoto, 01 de Novembro de 2024, 00:00 p

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Japão — Kyoto, 01 de Novembro de 2024, 00:00 p.m
Centésimo quinquagésimo quarto dia do colapso global.

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Há coisas que os seres humanos não podem controlar, coisas que estão longe do alcance de suas mãos, coisas controladas por algo além dos céus, algo que adormece entre constelações e dança entre as estrelas.

Há coisas que os humanos tentaram controlar, lutaram para se aperfeiçoarem ao ponto de haver uma mera e frágil esperança de poder segurar o desconhecido na palma das mãos.

Mas infelizmente os seres humanos são mortais. São seres frágeis, feitos de pele rasgável e carne mastigável, com suas partes vitais presas atrás de grades de ossos para protegê-las da violência dolorosa do mundo que atinge seus corpos.

Mizuki acha que a vida é injusta.

Ela acha que não há razão para tanto sofrimento descomunal na vida de algumas pessoas, ela acha que os deuses movem as cordas do destino apenas para vê-los sofrerem, ela acha que eles se divertem ao ver seres tão miseráveis rastejando como vermes na busca de esperança.

Mizuki acha que a morte é injusta.

Ela acha que não há razão para simplesmente a vida ser arrancada de seu cerne em um piscar de olhos, ela acha que ter toda a certeza de viver sendo arrancada de suas mãos como areia numa ampulheta é uma brincadeira cruel da morte.

Mas novamente, nenhum humano pode controlar coisas regidas pelo além, só lhes resta engolir sua raiva e perguntas não respondidas e aceitar como a roda do destino gira e o fio de sua vida é cortado pela foice da morte, certo?

Errado.

Porque agora, deitada no meio de uma rua vazia coberta pelo cheiro pungente de lixo e podridão, Mizuki sente-se com raiva, ela sente as inúmeras perguntas que enchem sua cabeça girar por seus dentes, lutando para se liberarem e buscarem respostas do além.

Seu corpo dói como jamais doeu na vida. Ela sente que sua carne está sendo dilacerada por finas lâminas afiadas que cravaram-se em seus ossos, ela sente sua pele parece queimar como se fosse lenha em brasa, ela sente o sangue em suas veias parece se estagnar como se um caminhão tivesse bloqueado todas suas saídas.

Mizuki sente-se injustiçada. Se ela tivesse forças o suficiente para fazer algo além de respirar ela poderia ter se levantado e apontado o dedo para a grande lua no céu escuro e perguntado “ por que? ”

Porque a cada dia em que sobreviveu neste mundo caótico a esperança em seu coração tomou as rédeas de seus pensamentos, porque a vida permitiu fazê-la sonhar com um futuro melhor e afugentou sua covardia para os confins de sua cabeça, porque a morte atrasou sua chegada e lhe fez pensar ter alguma chance a mais de viver como um ser humano normal pelo menos uma vez. Porquê?

𝐀𝐑𝐌𝐘 𝐎𝐅 𝐃𝐑𝐄𝐀𝐌𝐄𝐑𝐒 - 𝐊𝐢𝐦𝐞𝐭𝐬𝐮 𝐧𝐨 𝐘𝐚𝐢𝐛𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora