Capítulo 6 - De Volta à Vida

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Após alguns dias no CTI do hospital diretamente ligado ao mosteiro onde Vincenzo reside e estuda, ainda sinto dores em meu útero e nas costelas. Foram quatro costelas quebradas pelas mãos delicadas de Ga'al ou devo dizer: Ragnar Lodbrok, filho de Odin?

- Me empresta seu celular, por favor?

- Aaah...não sei se posso...

- Ah! Claro que pode! - Estimulo-o com uma piscadela. - Quero ver se vai chover hoje. - Minto. - Eu amo chuva. Isso me faz pensar em Deus e em toda Sua perfeição. - Estúpido.

- Claro! Está corretíssima! - Agradeço ao enfermeiro que cuidara de mim o tempo todo ou, talvez, tenha me vigiado o tempo todo. Talvez os membros do mosteiro onde estou agora como 'convidada especial' tivessem receio de que eu invocasse Ragnar Lodbrok a fim de me raptar daqui e retornar ao inferno de onde, graças a Miguel - o Meu Anjo - conseguira escapar. Ok. Não posso me esquecer de Padre Pietro e de Vincenzo, seu pupilo irritante.



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"Ragnar Lodbrok", digito no Google. Faço uma careta para o celular ao descobrir que Ragnar Lodbrok talvez não tenha existido e que sua vida e feitos são contados em vários poemas e lendas nórdicas. Não existem evidências históricas concretas de que ele tenha realmente existido. Teoricamente, Ragnar é uma junção de histórias de vários guerreiros diferentes. ! Grande merda. Voltara ao ponto de partida. Nada sei sobre Ga'al 'Ragnar Lodbrok'. Posso supor que tenha sido um viking extremamente violento e devasso que, ao morrer, vagara pela Terra até achar uma idiota qualquer que o invocasse e lhe pedisse por proteção. Cheio de si, orgulhoso, certamente, nomeara a si mesmo como um demônio poderoso capaz de realizar proezas, no entanto, durante o tempo em que estivera com ele, sob seu domínio, nada vira de proezas. Nunca o vira praticar algo fantástico além de partir ao meio seres tão repugnantes quanto ele. Na verdade, eu não me lembro de muita coisa. Por que estou me esquecendo do que passei durante os dois meses no cativeiro? Dois meses!? Não me lembro! Não pode ser! É muito tempo! Por que estou procurando algo a respeito desse tal de Ragnar!?

- Por que não me lembro de porra alguma!? - Penso alto.

- De quê? - Pergunta-me o enfermeiro.

- De nada. - Sorrio, sem graça. - Tome. Obrigada por me emprestar. Não sei onde deixei o meu. - Devolvo o celular ao enfermeiro que consulta o histórico de minha busca no Google e me olha com desconfiança. - É uma das séries que gostei de ver. - Minto novamente. - Gostaria de saber se ainda está no 'streaming' da Netflix. - Abro um sorriso forçado e, de costas, saio da enfermaria de onde fui liberada. Ao passar pelo corredor espelhado, espanto-me com o que vejo. - Puta que pariu! Essa não sou eu!

Aproximando-me do espelho, passo meus dedos sobre os pontos costurados em meu rosto em quase toda sua extensão. Somente a testa está sem pontos. Sou a filha de Frankstein com a noiva de Chuck. Perdi peso e meus cabelos estão um lixo. E esse camisolão!? Por San Juan Diego!

Dess - Uma História InteressanteOnde histórias criam vida. Descubra agora