Capítulo 15 - Morgana - Volume I

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SÉCULO XVII - ITÁLIA

Se eu soubesse que seria assim, não o teria aceitado. Ao me resgatar das mãos imundas do padre Antonio, Ga'al me prometera uma vida repleta de prazeres.

Não enxergo prazer algum em capinar, plantar e colher frutas, verduras e legumes. A terra é fértil. A casa é pequena, porém, encantadora, vista do lado de fora. Por dentro é úmida, fria. O oposto de suas mãos quentes que não se cansam de procurar por meu corpo. Sinto repulsa por seu toque, ainda que ele me satisfaça bastante na cama. Com Ga'al, aprendi a gostar de sexo e a não enxergá-lo como imundície ou castigo.

Ga'al é um bom homem. Bruto, tosco, mas seu coração é bom. Ao menos, costumava ser, antes de conhecer meu temperamento impulsivo, reativo e ambicioso.

Estou exausta de tanto trabalhar e nada receber além de uma vida irritantemente pacata, no campo, longe das festas nos castelos dos mais abastados.

- É lá que eu desejo estar...- Penso alto, estirada na relva onde a brisa do mar toca meu rosto jovial.


O som das ondas que se chocam contra os rochedos me distrai, logo, não pressinto sua presença sempre ofegante.

- Pensando em quê?

- No que devo cozinhar hoje. - Minto. - Tire suas mãos imundas de mim.

- Não posso. - Afirma Ga'al, sorrindo, deitado ao meu lado. Seu sorriso ingênuo e sua boca carnuda me fazem arfar. - Não consigo ficar perto de vc sem te tocar.

- Deverias tentar. - Sugiro, erguendo meu tronco numa vã tentativa em me livrar de suas mãos pegajosas. Sorrio enquanto ele se diverte, puxando os cadarços do corpete que cobre parte de meu vestido puído. - Eu não te quero agora, marido.

- Quer sim. Eu sinto. - Sussurra-me ele retirando seus dedos hábeis e úmidos de minhas entranhas. - Diz que me ama, Morgana.

 - Diz que me ama, Morgana

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- Não posso. Eu não minto. - Minto. - Gosto muito de vc, mas não te amo. Vc mente.

- Eu não minto, amor. - Defende-se ele contra meus lábios. Seu cheiro másculo de floresta me desperta por dentro. Suas mãos aflitas apalpam meus seios. Mordo seus lábios quentes antes de me deixar beijar por ele. Algo dentro de mim me faz tremer. Uma tremedeira gostosa de se sentir. Ainda sobre mim, ele me questiona. - O que te falta? Por que eu te vejo sempre pensando em algo que não me diz? Eu te amo, Morgana. Jamais amei alguém assim.

- Isso é um problema seu. Não meu. - Refuto. Movendo, aleatoriamente, meus pés e braços, luto contra ele que se mantem sobre mim. Incomodada com sua expressão de encantamento, ordeno. - Saia de cima de mim! Eu não te quero agora! - Minto outra vez. Sem me opor, permito que ele me invada com fúria e devassidão. De olhos fechados, ouço seus gemidos de prazer. Seu urro demorado quando seu líquido quente se espalha pelo interior de minhas coxas e seu queixo descansa em meu ombro. Ga'al fora o primeiro homem de minha vida. Minto. Literalmente, o primeiro homem fora o 'padre porco' a quem fui vendida por meus pais, aos quinze anos. Por algumas moedas de ouro e um cavalo velho, meus pais me deixaram em suas mãos onde conheci o inferno na Terra até encontrar Ga'al que o matara com uma de suas muitas poções mágicas e secretas. Devo minha vida a ele e essa dívida levaria séculos para ser paga. - Posso levantar agora ou ainda devo esperar que me use um pouco mais?

Dess - Uma História InteressanteOnde histórias criam vida. Descubra agora