Capítulo 20

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Nestha se recusou a ir ao trabalho depois de toda aquele episódio, apesar de Aylin parecer reagir bem com a ideia de ter a mãe por perto, a médica queria ter certeza de que não foi um episódio traumático para ela.

-Papai vem também? -A sutileza infantil em perguntar a Nestha sobre a presença do pai foi uma observação pertinente.  Mas cedo Cassian havia ouvido de sua filha se a  mãe dela iria comparecer ao café.

-Bem, seu pai não irá hoje por eu planejar algo para nós duas apenas - Justifica com um sorriso -Sei que você está com algumas perguntas e devido a isso podemos fazer compras e conversar, depois, no horário de almoço podemos chamar seu pai.

-O papai falou a mesma coisa -Dar de ombros enquanto Nestha confere o cinto da menininha que estava no banco do carona na cadeirinha -Não é justo!! 

-É justo sim -Nestha sorrir se sentindo segura para dirigir- Seu pai e eu combinamos assim, logo vamos fazer alguns exames de rotinas antes mesmo de te matricular numa escola 

A criança torce os lábios sem entender muito bem. -Podemos comer sorvete? 

-Sorvete se toma, a depender do que vamos fazer sim podemos tomar sorvete, mas é só uma bola, está frio ainda para se tomar sorvete. -Analisa  a neblina enquanto dirigia com cautela. 

Os olhos azuis de Aylin revelaram não entender o comentário da mãe.  -Você sempre vai ficar indo para o hospital dormir? -Balançou os pezinhos olhando os sapatinhos  enquanto a médica seguia o caminho da clínica. 

Nestha refletia aquela pergunta, ela queria ser a mãe que nunca  foi para aquela criança e seria necessário adaptar seus plantões e horários para que pudesse ser de fato essa  figura, com determinação no olhar, anotou mentalmente sua reunião para poder proporcionar maior tempo de qualidade com Aylin. 

CASSIAN

A frente do computador vendo as novas alternativas de casas boa suficiente para mim e para Aylin, não queria apartamentos ao menos não os andares altos gostaria que minha filha tivesse autonomia de se deslocar sem correr riscos de acidentes. 

-Ainda a procura? -Feyre dar um tapinha em meu ombro -Achou algum legal?

-Ainda não, as bem localizadas possuem estruturas inapropriadas para uma criança -Resmungo em frustração -Escadas com corrimãos de vidro, piscina sem barra de proteção e algumas sem espaço suficiente para ela brincar. 

-Sabe que não precisa de pressa para se mudar -Ela me assegura -Eu amo vocês aqui e amo o fato da minha afilhada está sempre aqui comigo. 

-Eu agradeço Fey, mas mesmo amando está aqui você e Rhys precisam de privacidade as vezes -Comento -E agora com Nestha querendo ser mais presente na vida da minha filha acho bom delimitar algumas coisas. -Massageio aas têmporas quando lembro que minha filha tinha saído com ela para resolver coisas que Nestha insistiu em resolver. 

 -Relaxa... confia nela mesmo que seja um pouco - Sinto a mão  da minha cunhada em meu ombro. -Olha ela me  mandou fotos fazendo compras depois de fazerem uma bateria de coisas.

Encaro o aparelho vendo a mulher que um dia significou tudo para mim sorrindo para o espelho com Aylin segurando algumas sacolas, era uma cena que eu sempre imaginei antes de ser abandonado por ela. -Vejo que ela está bem. -Me refiro a Aylin. 

A tristeza que sentia  era profunda. Pensar que fui deixado para cuidar de Aylin sozinho ainda doía intensamente. Eu queria acreditar que Nestha estava tentando se redimir, mas a cicatriz da dor e da traição ainda estava aberta. Cada sorriso que ela compartilhava com Aylin me lembrava dos momentos que sonhei ter com minha família, momentos que me foram arrancados quando ela nos deixou.

Destroços do adeusOnde histórias criam vida. Descubra agora