Encostados no sofá com Aylin deitada sobre os pais ressonando, os adultos trocaram olhares cúmplices aquela não era a primeira noite em que os dois lidavam com a menina se rendendo ao sono. -Depois ela vai pedir para nós contarmos o filme todinho -Nestha diz tocando os cabelinhos espalhados em seu colo.
-Eu particularmente esqueço e me perco todo nas histórias -Cassian diz ajustando a manta corpo pequeno, os cabelos do policial soltaram do coque.
-É a terceira noite que Aylin implora um filme -Nestha comenta encarando o policial -É minha vez de colocá-la na cama? -A voz suave feminina atraiu mais uma vez Cassian.
-Eu te ajudo -Levanta pegando a garotinha que estava imóvel se aconchega no peito de Cassian.
Um sorriso genuíno forma nos lábios da médica ao ver a criança se acomodar tão facilmente ao peitoral grande dele, em silêncio Nestha pega a manta seguindo em direção ao quarto infantil onde se apressa em deixar acesa a luz auxiliar.
-Mas uma noite ela acordará se sentindo que foi teletransportada -A mulher sussurra afastando as cobertas para Cassian acomodar o corpo da menininha que resmunga mas não acorda.
-No fundo ela gosta de ser transportada -Com cuidado, ele acomoda o pescoço da criança e a médica cobre devidamente o corpo pequeno, mas o movimento fez os olhos azuis acordarem
- a mamãi vai dormir aqui de novo né? -O tom preguiçoso e manhoso chama a atenção dos adultos que trocam olhares como se um esperasse a resposta um do outro -Por favor vocês vão me contar o filme depois...
Nestha toca a pontinha arrebitada da menor que fecha os olhos com facilidade. -Depois contamos o filme, pode dormir, amor... -Beija a testa da menina que se entrega ao sono
Ao se retirarem da sala, Cassian avaliou o fato de que estaria tarde para a mulher pedi um uber ou dirigir para casa. -Nestha, está tarde -Suave, era assim que a voz grave se mostrou.
-Acredito que dê para ir, não quero incomodar e muito menos mal acostumar Aylin, não sei o que ela está pensando em me ver três noites aqui -Justifica encarando o policial que se encontrava com roupas pretas com as tatuagens nos braços expostas.-Não há necessidade de ir, pode muito bem esperar amanhã. -Cassian diz sereno -Ela gosta quando você está aqui quando amanhece.
Um sorriso sincero forma nos lábios de Nestha, ela estava buscando ser mais presente na vida da criança e estava gostando da experiência normalmente, Aylin não dissociava os tratamentos do pai com o da mãe, ela não via Nestha como uma vilã.
-Tudo bem, eu fico, mas durmo no sofá.. não é justo você se tirar do local de conforto por minha causa- A médica solicita com os braços cruzados. -Você chegou do trabalho estressado, não acho justo você dormir no sofá.
O estresse do trabalho tinha mais ligação com as insinuações e insistência da Delegada do que o risco de ser policial, seus dedos massagearam suas têmporas ao lembrar do fato, diante dos olhos azuis da Archeron algo inocente mas ao mesmo tempo perigoso acende em suas ideias.
-Podemos dividir a cama, há espaço para nós dois - Saiu mais por impulsividade do que espontaneidade uma expressão sugestiva da face da mulher o fez entender que ela não negaria a ideia.
-Gosto de dormir de frente para porta, espero que não tenha alguma preferência de lado -Caminha indo em direção ao quarto deixando Cassian estático pela resposta.
Cruzando a porta do quarto, o policial encontra a mulher desmanchando o coque dando algumas ondulações nas mechas claras. Ele repensou quais as chances disso dar errado, o mesmo seguiu para o outro lado da cama, se acomodou do lado de Nestha sendo separados por meio centímetro do centro do colchão.-Gosto da aproximação que está tendo com Aylin -Cassian manteve as mãos sobre o abdomen encarando o teto. -Ela se mostra menos carente quando retorno do trabalho.
Deitada de bruços, a cabeça de Nestha estava em direção de Cassia. Sutilmente, um sorriso curvou em seu rosto, suave. -Gosto de passar o dia com ela, inclusive, passou o dia todo fingindo que estava escrevendo.
Um sorriso desenha o rosto de Cassian, impulsivamente vira em direção a mulher que já o encarava. -Toda vez que eu saía com ela dizia para ela se preparar quando fosse escrever.
-Então vou mostrar as páginas escritas daí você traduz- Nestha sugere sentindo a respiração dele perto até demais - Não sei se posso ensinar como fazer as letras por conta da coordenação dela.
-Pode tentar Nestha -Os olhos vacilaram entre o cinza azulado e os lábios rosados que naquele momento estavam levemente abertos.
Algo esquentava dentro dos dois, as ondulações espalhadas na cama e os olhos em direção dele mexia com Cassian que por mais que se arrependesse de ter convidado-a para dividir a cama sabia da possibilidade de se entregar.
Os poucos centímetros deixaram de existir conforme se aproximavam, com os narizes encostados e respiração descompassada, as mãos de dele acaricia os fios da nuca da médica que inalava o cheiro dele uma combinação amadeirada e terrosa. Mas o que mais sobressaía era a leve insinuação de especiarias, algo quente e familiar, como canela ou cravo, que aquecia o ar ao seu redor. Para Nestha, era um porto seguro, uma presença reconfortante e forte que sempre a fazia se sentir protegida, ainda que não dissesse isso em voz alta.
-Não me faça me arrepender, Nestha -Os dedos pressionam a extensão da nuca que respondeu o toque com uma arfada acompanhada de arrepio.
-Então não se arrependa Cassian.
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Destroços do adeus
FanfictionO protagonismo da maternidade era de grande importância na sociedade. Mas um dos maiores desafios também passam pelos pais solteiros, Cassian cria sozinho sua filha de três anos, seguindo com sua vida em ser pai solo e atencioso, o homem se encontr...