EPISÓDIO 9

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São Paulo, 17 de Junho de 2005, Sexta-feira.

Oi, Caderninho. Faz tempo que não escrevo nada aqui... É que coisas vem acontecendo desde a última vez que escrevi. Vou te dizer alguns desses acontecimentos nesses últimos cinco meses. Meus pais se divorciaram e o papà vai casar com a amante. Mamãe teve início de depressão com todas essas coisas que vem acontecendo, e teve uma gravidez complicada. Mas nem tudo é ruim... A Aurora já nasceu (ela é linda), e por incrível que pareça, meu pai está mais presente. Já a minha mãe... nem tanto. Temo que essa distância não seja só pela depressão que ela teve, e sim, porque ela já tenha outro homem. Papà tem me alertado sobre isso.
E claro, passei os melhores meses da minha vida na casa da minha avó. Ah, e ganhei um amigo na escola, o Antônio. Isso é tudo. Até mais :)

Saulo fecha o seu caderno e o guarda com muito cuidado. Seu celular toca e ele atende.

- Papà! - Fala o menino animado.
- Figlio mio. Como vocês estão?
- Eu estou bem, a Aurora também está.
- E a sua mãe?
- Continua na mesma, sem ninguém. Ela não é você que esperou sair o divórcio e já está se casando.
- Eu já pedi desculpas a vocês... - Daniel respira fundo. - Aliás, você vai vir ao meu casamento?
- É que... Eu não acho justo ir no casamento do meu papà com a mulher que ajudou a minha família se separar.
- Saulo, eu já te pedi desculpas. Já pedi desculpas a sua mãe... E eu preciso do meu primogênito aqui comigo.
- Tivesse pensado nisso antes de trair a minha mãe.
- Ah! - Daniel suspira. - Se você mudar de ideia, sua nonna estará vindo amanhã.

O menino encerra a ligação e fica olhando para a parede pensativo.

- E se eu for? - Saulo se questiona. - Vou perguntar a mamãe se ela ficaria chateada.

-

Na sala, sentados no sofá, Ana e Diogo estão conversando.

- Ah, Diogo. - Diz ela enquanto pega na mão dele. - Muito obrigado por ser meu parceiro nesses últimos meses. Seu apoio foi fundamental.
- Não tem o que agradecer. - Responde ele. - Fiz isso de coração, pois acho que já tínhamos ficado separados tempo demais. E com certeza, isso reacendeu o sentimento que sempre houve aqui.
- Mas agora não é como antes. Eu sou mãe e estou divorciada.
- E dai? Pelo menos agora não temos o Daniel para nos atrapalhar. - Diogo sorri. - Eu te amo, Ana.

Ele passa a mão pelo rosto dela e lhe dá um beijo na testa. De repente Ana se assusta com um barulho.

- O que foi? - Pergunta Diogo.
- Achei que fosse o Saulo... - Ela fala preocupada.
- Quando você vai falar da gente pra ele?
- Em breve... Estamos recomeçando agora, e... - Ana suspira. - O Saulo está muito próximo do pai, e eu não sei o que o canalha do Daniel pode ter colocado na cabeça do menino.
- Mas ficar adiando isso não é certo. Se o pai dele pode seguir a vida, você também pode.

Ana se levanta e começa a andar de um lado para o outro.

- Como eu disse, estamos recomeçando agora. Vamos ser pacientes? - Ela estende a mão para ele. - Quando eu conversar com o Saulo, com certeza ele vai entender e gostará muito de você.

Diogo pega na mão dela e se levanta. Ela passa os dedos pelo rosto dele que retribue o carinho e logo se beijam. Descendo as escadas, Saulo fica surpreso vendo aquela cena. Sem conseguir dizer uma palavra, o menino fica parado. Ana vira o rosto e nota a presença do seu filho.

- Saulo?! - Ela fala surpresa.

O menino corre para seu quarto.

- SAULO! - Ana grita enquanto sobe as escadas correndo.

-

Em seu quarto, Daniel está deitando na sua cama. Ele se lembra do dia em que Saulo nasceu e na felicidade que sentiu ao ver o menino.

- Nosso filho é lindo, Daniel. - Ana chega perto de seu esposo com o bebê no colo. - O nome dele será Saulo. O que acha?
- Perfeito.

Ele pega Saulo em seus braços.

- Tão delicado, não é? - Lágrimas saem dos olhos de Daniel. - Olha, mamma. - Ele mostra o seu filho todo orgulhoso a sua mãe. - O nome dele é Saulo... Ele se parece tanto com o... - Ele não consegue completar a frase.
- Ah, filho. - Giovanna acaricia a cabeça do filho e o beija na bochecha. - O Saulo é lindo e realmente se parece com o nosso pequeno ragazzo. - Ela começa a chorar também.
- Independente de qualquer coisa filho, eu serei o melhor pai possível. E irei te proteger de tudo e todos. - Diz Daniel a Saulo. - Eu te amo.

A lembrança se vai e Daniel rola na cama.

- Eu falhei, meu filho... - Diz ele a si mesmo. - Eu falhei.

O celular começa a vibrar. Coincidentemente é Saulo quem está telefonado.

- Filho?
- Papà, amanhã estarei em Flores da Cunha. Te amo.
- Ah! - Daniel pula da cama. - Fico feliz, figlio mio. Aconteceu alguma coisa?
- Nada de importante. Até amanhã.
- Até.

Daniel encerra a ligação.

- Finalmente terei meu filho perto de mim. Eu te avisei, Ana. Eu te avisei.

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