Beatriz e Saulo brincam entre as vinhas. O menino para de repente e põe as mãos no joelho em sinal de cansaço. Bia se vira e vê a cena. Ela corre em direção a ele e da uma risada.
- O nome disso é sedentarismo. - Fala a menina enquanto sorri.
- Para. - Diz Saulo tentando recuperar o fôlego. - Uma viagem de São Paulo pra cá é muito cansativa.
- Está bem, está bem. Acredito em você.Após alguns segundos parados, Bia puxa Saulo pela mão. Eles sobem um pequeno morro que tem uma vista belíssima. O sol está começando a se pôr.
- Aqui é lindo mesmo. - Fala Saulo admirado.
- Eu te falei. - Diz a menina enquanto se senta.
- Sei que é errado perguntar a idade de uma mulher, mas... - Ele senta ao lado de Bia. - Quantos anos você tem?Beatriz cruza os braços e olha para o menino com a cara de brava.
- Se sabe que é errado, então porquê pergunta? - Diz ela fitando o menino com os olhos.
Saulo baixa a cabeça envergonhado. De repente, ele ouve risadas. Bia está sorrindo da reação do garoto.
- Eu estava brincando, guri. - Ela bate de forma leve o cotovelo no menino. - Tenho dez anos.
- Sério? - Ele pergunta surpreso. - Também tenho dez anos.
- Com esse tamanho? Você é bem baixinho pra quem tem essa idade.
- Fazer o quê? - Ele sorri. - Em que dia você nasceu?
- Vinte e oito de janeiro, e você?
- Não acredito. - Saulo fica boquiaberto. - Eu também nasci nesse mesmo dia e mês.Beatriz fica em silêncio e o menino nota a tristeza no olhar dela.
- Aconteceu alguma coisa? - Pergunta ele preocupado.
- É que... - Bia olha para ele com os olhos lacrimejando. - Nesse mesmo dia, eu perdi a minha mãe.
- Eu sinto muito. - Ele a abraça.Eles ficam em silêncio por mais alguns minutos.
- Eu quase perdi alguém importante pra mim não faz muito tempo. - Diz Saulo. - A minha vovó Dalva.
- O que ela teve? - Questiona a menina enxugando as lágrimas de seu rosto.
- Câncer. Mas eu fico preocupado pois sei que essa doença pode voltar.Rapidamente vem na lembrança de Saulo seu último dia na casa de sua avó materna. Ele senta-se à mesa para lanchar. Sua avó traz uma jarra com suco.
- Eu sei o quanto você ama essa combinação. - Diz Dalva sentado na cadeira ao lado do neto. - Bolo de cenoura e suco de uva.
- Obrigada, vovó. Eu te amo. - Ele a beija na bochecha e pega uma fatia do bolo. - E a mamãe? Está bem? Já chegou?
- Sim. Amanhã você já pode ir pra casa. - Ela passa a mão no cabelo do menino. - Sua mãe passou por um período complicado, meu neto. Tenha paciência com ela.
- Eu entendo. - Ele bebe um pouco do suco. - Esses últimos meses não foram fáceis. Mas estarei sempre com ela, pode deixar. - Ele pisca para ela que sorri.Suas lembranças logo se vão quando Beatriz começa a sacudi-lo.
- Saulo?! - Chama a menina preocupada.
- Hã?! Oi! - Ele fala confuso.
- Você ficou parado de repente.
- Estava pensando na minha avó. - O menino baixa a cabeça. - Não está sendo fácil. Meu pai se casando com a amante, minha mãe com outro homem... Minha família se destruiu. E ela foi a única coisa boa que me restou em meio a esse caos. Se eu a perder será como se o meu coração fosse arrancado de mim.
- Eu te entendo. - Dessa vez é Bia quem abraça Saulo. - Foi isso que eu senti quando perdi a minha mãe.
- Obrigado pelo abraço. - Comenta Saulo. - Ele pode curar tudo.Eles sorriem e ficam em silêncio por alguns segundos.
- Quem diria, não é? - Diz ele finalmente. - Temos vidas diferentes, mas histórias tão parecidas.
- Você fala muito bem pra quem tem dez anos. - Ela fala impressionada. - Tem certeza que tem essa idade? Ou é um gnomo disfarçado? - Ela sorri.
- Um dia serei bem mais alto que você. - O menino sorri também e estende a mão. - Amigos para sempre?
- Para sempre é muito tempo. Daqui a pouco você me esquece.
- Como se isso fosse possível.Beatriz fica envergonhada e Saulo sorri novamente.
- Desculpa... - Diz o menino que se levanta e estende a mão novamente. - Só foi um elogio, porque até agora você só me humilhou. Me chamou de sedentário e gnomo.
- Não foi por mal. - Bia se levanta e aperta a mão do Saulo. - Amigos para sempre então.Eles se abraçam e ao fundo o sol se põe. Mas o clima de amizade é cortado por gritos de um homem que vem correndo na direção deles. É Zeca.
- Guri. - O homem respira fundo recuperando o fôlego. - A sua mãe quer falar com você. Ela disse que é urgente... É sobre a sua avó.
Beatriz olha para Saulo que está preocupado com a notícia.
-
Nota da autora:
Oi, tudo bem? Vim agradecer a cada um que tirou um tempinho do seu dia para ler a minha primeira obra escrita. Inspirada por amigos que me incentivaram, resolvi colocar pra fora esse talento que nem imaginava que tinha. Depois de muita enrolação escrevi essa história que só está começando. Muito em breve, a segunda parte estará disponível pra todos vocês que acompanharam até aqui. Será que essa amizade vai continuar mesmo? E o que aconteceu com a avó do Saulo? Fiquem de olho. E claro, obrigado a todos! Amo muito vocês ❤️
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Um Amor É Para Sempre
FanfictionSaulo é um menininho muito doce e inteligente. Filho de Daniel e Ana, ele ama escrever sobre o que acontece no seu dia-a-dia em seu "caderninho". Ele tem uma grande admiração por seus pais, mas tudo começa a mudar quando coisas sobre o seu pai começ...