Um Amor É Para Sempre

EPISÓDIO 2

Zeca anda de um lado para o outro na sala de espera do hospital. Já se passou uma hora desde o ocorrido com sua esposa. Ele se cansa, senta em uma das cadeiras e balança as pernas. A ansiedade aumenta e ele se levanta mais uma vez.

- Ah, meu amor. Por que você não me ouviu? Eu te disse que era pra descansar
- Diz a si mesmo.

Logo em sua mente, lhe vem a lembrança deles quando jovens. Maria corre pelo campo e ele a segue.

- Você não vai me pegar nunca. - Grita ela.
- Isso é o que você pensa.

Ele corre bem mais rápido e a alcança. Os dois se abraçam e trocam olhares.

- Eu te amo tanto, Ze... - De repente, Maria tem um leve desmaio.

Ele bate levemente no rosto de sua amada.

- MARIA! - Ele se desespera.

Ela abre os olhos lentamente.

- Te assustei? - Maria sorri.
- Claro, não faz mais isso.
- Mas não foi por querer... É que... Eu tenho insuficiência cardíaca... Você sabe.
- Sei. E Você precisa descansar. Vamos para casa?!

Pelo seu rosto, lágrimas escorrem.

- Senhor? - Uma voz estranha o chama. É o médico.
- Eu? - Responde ele com a voz embargada.
- Senhor, eu... Eu sinto muito. Tentamos de tudo, mas a sua esposa não resistiu.

O homem se ajoelha no chão e chora desesperadamente.

-

Chove forte em São Paulo. Ana prepara um chocolate quente para Saulo que está de pijama deitado em sua cama.

- Fiz pra você, meu filho. - Diz ela oferecendo a xícara.
- Obrigado, mãe. Te amo. - Saulo bebe um pouco da bebida. - Esse foi o melhor aniversário que tive. Só não foi muito mais porque...
- Seu papà não esteve aqui. - Fala Ana o interrompendo. - Filho, já te expliquei. Se nós temos conforto e segurança, é porque...
- Ele trabalha pra isso. Tá, tá, eu já entendi. - Diz o menino irritado. - Mas nem tudo é trabalho. Ele tem uma família pra cuidar.
- Eu sei, filho... Eu entendo a sua indignação, por isso, pensei em algo.
- O quê? - Pergunta ele curioso.
- Que tal se amanhã fôssemos fazer uma surpresa ao seu papà?
- Si! Si! Si! - Saulo pula animado em sua cama.
- Ótimo, então... Vai descansar que eu irei organizar tudo. - Enquanto Saulo se deita, Ana o cobre com o lençol, lhe beija na testa e sai do quarto.

Após sua mãe fechar a porta, Saulo acende a luz do abajur que fica ao lado de sua cama, abre a gaveta da pequena cômoda e pega seu caderninho.

28 de Janeiro de 2005, sexta-feira

Oi, caderninho. Voltei. Mas voltei pra dizer apenas uma coisinha pra você. Hoje o pastor me disse que o rei Salomão gostava de escrever, tanto que escreveu alguns livros da bíblia. E você acredita que ele escreveu um de poesias para a sua amada? Espero um dia amar assim ao ponto de dedicar um livro somente para ela. É isso, boa noite. ;)

Ele guarda o seu diário e volta a dormir.

-

Enquanto isso, em Flores da Cunha, Beatriz está na janela observando a chuva e pensando no que havia acontecido mais cedo.

- Filha? - Maria entra no quarto de Bia com um pequeno bolo, que no topo, tinha duas velas com os números 1 e 0. - Feliz aniversário de 10 anos, meu amor.
- Bah, nossa guriazinha já está gigante. Só espero que não esteja pensando em namoricos por ai. - Diz Zeca em tom de brincadeira.
- Longe de mim, papai. Sou muito jovem pra isso. - A menina sorri e assopra as velas.
- Conta pra ela, Maria. - Pede o homem todo animado.
- Seu pai e eu, juntamos um dinheirinho, e vamos fazer uma festinha de aniversário pra você.
- Não acredito! - Beatriz pula da cama. - Eu amo vocês.

Risos tomam conta do quarto.

O pensamento é interrompido pela chegada dos filhos de Diana.

- O que essa menina tá fazendo aqui? - Pergunta um deles.
- Calma, filho. O pai dela precisou sair, mas daqui a pouco ele volta.

Beatriz finge que não escuta a discussão que acontece atrás de si. De repente, um silêncio se faz presente ao perceberem que Zeca adentra a casa chorando.

- Papai? Onde está a mamãe? - Pergunta a menina.

Ele fica em silêncio.

- Não me diga que...? - Diana põe a mão na boca de um dos seus filhos.

- Mamãe... - Beatriz corre até seu pai que a abraça e os dois choram juntos.