1. Vizinha

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Voyeur: se pronuncia Vôiér
Voyeur é o substantivo masculino com origem no francês que descreve uma pessoa que
obtém prazer ao observar atos sexuais ou práticas íntimas de outras pessoas, sem que
essas saibam que estão sendo observadas.
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Evan

Margaret era a minha vizinha da casa do lado. Ela não fazia ideia da minha existência, mas
eu a assistia, todos os dias pela minha janela, há pelo menos dois anos. Por que eu estou
contando isso? Não sei, sinceramente acho uma perda de tempo, só que a minha cabeça
está uma pilha e eu preciso desacelerar, acredito que escrever sobre a Margaret e as coisas que aconteceram, resolva.

Os bairros residenciais em São Paulo são repletos de casas comuns e sobrados. Em um
desses sobrados muito próximos um dos outros, morava Margaret. Desde que se mudou, nunca colocou cortinas, não sei porquê. Eu agradecia, não sei se existiam mais vizinhos que ficavam a olhando igual eu, e preferia nem saber.

No começo eu só pegava o binóculo que eu tinha, apagava as luzes e a observava, todos
seus passos após ela voltar do trabalho. Mas com o tempo virou uma compulsão, eu
precisava assiduamente olhá-la a cada instante, ou começava a me sentir estranho.

Nunca fiquei assim por nenhum motivo que seja. Passei a marcar a hora que ela chegava, comprei um binóculo melhor, coloquei o
despertador pra acordar junto e observar a sua rotina. Ficou doentio até o momento que eu precisei me aproximar, quando ela não voltou no horário de costume. Fiquei tão nervoso que peguei meu carro no dia seguinte para persegui-la.

É meio bizarro falar sobre isso porque, parando pra pensar, fiz coisas absurdas só pra não perdê-la de vista. Chego a dar risada lembrando e mesmo que eu quisesse parar com isso, não consegui.

Ficava imaginando se um dia enlouqueceria ponto de atacá-la ou fazer algo igual eu fazia
com as outras mulheres. Eu com certeza não teria coragem... Porque, o mínimo que me
aproximei foram alguns metros de distância, uma vez quando a seguia no supermercado e
ela me olhou de repente, seus olhos azuis me encararam e eu congelei.

 Porque, o mínimo que me aproximei foram alguns metros de distância, uma vez quando a seguia no supermercado e ela me olhou de repente, seus olhos azuis me encararam e eu congelei

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Parecia que tinham jogado um balde de água fria na minha barriga. E eu travei de um jeito
que cheguei a ter raiva de mim mesmo, me senti uma criança repreendida pela mãe, nem
quando a polícia me escoltou fiquei assim.
Às vezes pensava que matar Margaret diminuiria essa neura toda. Não podia, eu nunca nem tinha falado com ela, como mataria ela?? Era absurdo que uma dúvida dessas venha de um cara como eu.

Eu já a vi com um homem. Não era namorado, e nesse período foi o único homem. Eu me
dedicava exageradamente em persegui-la, então se algo me fugiu aos olhos foi falha minha, mas realmente duvido que tenha tido outro além desse. Ele era bem mais velho, não
parecia brasileiro. Acho que essa vagabunda só saiu com ele por carência ou por dinheiro.

Foram num motel caro e eu paguei o quarto ao lado para ouvir. Tudo o que eu mais queria na minha vida, nessa noite, era ter a chance de abrir um buraco na parede pra vê-los juntos.

Foi enlouquecedor só ouvir. Na semana seguinte ela recebeu esse mesmo cara na sua casa. Eu pude assisti-los juntos na cama. Foi como a realização de um sonho e eu juro que me surpreendi, não sabia que gostaria tanto. Não senti ciúmes ou raiva, pelo contrário. Foi tão gratificante... chegou a ser sublime.

Acho que não tem formas de descrever minha reação, mesmo que não podendo ver
perfeitamente, afinal estavam numa cama dentro de um quarto há muitos metros de
distância, eu os assistia apenas com o meu super binóculo pela janela.

Esperei que ele voltasse para terem mais momentos, e não aconteceu. Foi uma pena. E ela nunca mais esteve com ninguém. Agora você deve estar se perguntando: Mas o que eu fazia com as outras mulheres?

Normalmente eu pegava puta barata do centro, essas bem drogadas, que ninguém daria conta se sumir, ou que a polícia não dava a mínima caso ela fizesse denúncia. Dopava e
trazia pro meu estúdio, tirava umas fotos e fazia a venda dessas fotos na deep web.

Na deep web existiam comunidades específicas para esses tipos de fotos, alguns caras gostavam de ver elas nuas e largadas como se estivessem mortas, então assim fazia, outros gostavam delas machucadas. Era bem simples, e por incrível que pareça, ganhava muito dinheiro com essa venda.

Feito isso, largava na rua. Eu nunca encostei nelas - no sentido sexual. E me dá nojo a
possibilidade de fazer isso, porque eram sujas, doentes.

Mas a Margaret... eu não sei, a Margaret era diferente.

Voyeur || Evan Peters Onde histórias criam vida. Descubra agora