EvanO Sol nascia opaco por detrás de nuvens cinzentas e borradas. Margaret tinha berrado e socado as "paredes" internas do furgão até se cansar, depois parou e ficou quieta.
Eu dirigia reflexivo sobre o que fazer. Era inacreditável que, justo a vizinha que eu vigiava, tinha me seguido, descoberto sobre mim tudo o que não deveria. Agora precisava dar um jeito de mantê-la escondida e longe da sociedade, ou ela me entregaria à polícia, ou correria de vez pra longe. Não arriscaria.
Embora tivesse a incriminado ao jogar sua corrente junto com Suzana, não duvidava de nada do que essas mulheres malucas são capazes.
Após algumas horas de viagem e trânsito matutino, suportando a estranha sensação de distopia, finalmente alcancei a minha casa. Só me vi seguro após fechar o isolado portão e me encontrei no silêncio absoluto da garagem.
Antes de abrir o porta-malas, enchi um pano com clorofórmio e o mantive em minha mão escondida às costas. Fui até o compartimento traseiro e abri, achei que Margaret iria saltar dali com garras e dentes pra cima de mim, cheia de ódio, contudo a encontrei encolhida no canto, no fundo do compartimento, abraçada aos joelhos, tremendo de cima a baixo.
- Pode vim, já chegamos em casa.
Ela levantou seus olhos grandes pra mim, a maquiagem escorrida.
- Essa não é a minha casa. - murmurou.
- Não.
Continuou me fitando do canto, com o olhar profundo, suja de terra e o cabelo bagunçado. Havia clamor e medo na sua feição, e eu não reprimi o sorriso ao apreciar tanto temor.
Era isso, exatamente esse olhar que as mulheres davam quando percebiam que estavam prestes a sofrer nas minhas mãos, que me causava tanta excitação. Mas, me lembro de dizer que Margaret era diferente, então foi uma excitação diferente também. Esperei em silêncio.
- Você não tá falando sério... Você disse que só queria conversar... e que depois de eu fazer
o que quisesse, iria me deixar ir embora... Eu me livrei daquela porra de cadáver pra você!! - gritou se exaltando de repente.- Calma. - pedi, ainda sorrindo. - Não diga que eu não cumpri com a minha palavra... Você veio embora. Não pra sua casa, mas pra minha, que é quase a mesma coisa, afinal moramos bem perto.
- Seu filho da puta desgraçado!
- Oh... a boca suja. - alertei. - Vai ficar aí enfiada no furgão igual um bicho? Tudo bem, eu tô cansado, vou comer algo e dormir. Se quer ficar aí, que fique... - fiz menção de fechar a porta, mas de imediato Margaret se arrastou pra perto da saída, temendo ficar presa.
- Não! Eu vou sair, mas não admito que você encoste em mim! - advertiu, os olhos arregalados de medo. - Nem aponte de novo aquela merda de revólver em mim, ou eu vou fazer um escândalo!
- Não vou tocar em você, juro.
- Você é doente... - exprimiu, dando-se conta de onde se meteu. Ela estava descrente, não acreditava em nada do que eu dizia, e que outra alternativa possuía?
Queria ter condições de me preservar sério, passar confiança. Era impossível. Meu sorriso insistia e eu a analisava com ansiedade contida. Dei espaço para que saísse da van, mostrando que o caminho estava livre. Margaret saltou pra fora e se preparou pra correr pro portão fechado da garagem.
Era óbvio que ela faria isso, eu estava preparado, então quando pulou pra longe, agarrei por trás. Apanhei a sua cintura com meus braços tão firmemente que seus pés se soltaram do chão. Ela abriu a boca e puxou ar pronta pra gritar, e foi nessa hora que eu meti a mão com o pano com clorofórmio em sua face.
Senti o pulmão dela se enchendo e seu corpo esguio se debatendo em desespero. Contive até ela amolecer em meus braços. Apreciei cada instante desse desmaiar lento em cima do meu peito.
A cabeça de Margaret tombou pra trás em meu ombro, e suas costas escorregaram pelo meu peito. O traseiro dela desceu pelo meu quadril, e eu quase desci junto para o chão, acompanhando.
Fechei os olhos, enfiando o nariz no meio dos seus cabelos longos que se espalhavam, e inspirei o cheiro perfumado, próximo do pescoço. Era tão bom que o mundo ficou em câmera lenta. Era a primeira vez que eu sentia Margaret, minha mão direita a segurava na
barriga e a esquerda ainda permanecia com o pano no seu rosto.Ao retirar o pano com clorofórmio, ela continuou desacordada, as pálpebras bem fechadas e os lábios abertos, como se dormisse no meu colo. Estava vulnerável.
Segurei no seu queixo, prestes a beijar a boca dela. Recebi o arquejo contra minha boca e parei. Não podia, não assim. Agitei a cabeça em negativo e afastei, dei impulso a pegando por inteiro. Fiquei de pé novamente e carreguei pro interior de casa.
Fui direto pro meu quarto. Deitei ela na cama e ali deixei, sabia que ia demorar pra acordar. Então aproveitei e corri para o porão abaixo do dormitório, o meu estúdio.
Esse porão tinha a entrada no assoalho, escondido. Arrastei o móvel, puxei o tapete, levantei a porta e desci a escada para o porão. Levei comigo baldes, produtos de limpeza, vassoura e rodo. Estava uma bagunça. Mesmo cansado e nauseado, dediquei os minutos seguintes em limpar o estúdio que agora serviria como cativeiro para Margaret, seu novo lar.
Retirei todos meus instrumentos de gravação, lavei o chão, limpei onde Suzana havia morrido na noite anterior, retirei os vestígios de sangue. Deixei apenas a cama, local onde já espanquei e gravei muitas mulheres. Troquei o lençol e fronha dos travesseiros. Depois ainda lavei a pequena divisão do banheiro.
Ao finalizar a faxina, apanhei cinco mini câmeras espiãs e as instalei em cada canto, sem esquecer de inserir as escutas. Dessa maneira, eu assistiria Margaret sempre que quisesse.
Ao terminar, subi para o quarto e reencontrei Margaret adormecida em minha cama. Peguei com cuidado e desci as escadas. Posicionei na cama no porão e fiquei a observando, tão leve e indefesa.
Sorri comigo mesmo, dando um suspiro aliviado. Era inevitável não apreciar a situação. De perto era muito mais bonita, as sobrancelhas grossas e escuras davam um ar selvagem e excêntrico ao rosto delicado. Queria ficar horas observando seus detalhes, mas era melhor deixar sozinha antes que acordasse.
Me retirei e tranquei a porta do porão, cobrindo por cima com o tapete e o móvel. Esperaria ela acordar, e quando isso acontecesse, ela teria uma surpresa.
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Voyeur || Evan Peters
HorrorDARK ROMANCE+18 Evan trabalha gravando e vendendo vídeos de mulheres sequestradas na Deep Web. Para ele, esse é o emprego perfeito. Mas debaixo dessa máscara de homem frio e misógino, existe um rapaz cheio de traumas, que esconde uma paixão devasta...