10. Sequestrada

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Evan

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Evan

O Sol nascia opaco por detrás de nuvens cinzentas e borradas. Margaret tinha berrado e socado as "paredes" internas do furgão até se cansar, depois parou e ficou quieta.

Eu dirigia reflexivo sobre o que fazer. Era inacreditável que, justo a vizinha que eu vigiava, tinha me seguido, descoberto sobre mim tudo o que não deveria. Agora precisava dar um jeito de mantê-la escondida e longe da sociedade, ou ela me entregaria à polícia, ou correria de vez pra longe. Não arriscaria.

Embora tivesse a incriminado ao jogar sua corrente junto com Suzana, não duvidava de nada do que essas mulheres malucas são capazes.

Após algumas horas de viagem e trânsito matutino, suportando a estranha sensação de distopia, finalmente alcancei a minha casa. Só me vi seguro após fechar o isolado portão e me encontrei no silêncio absoluto da garagem.

Antes de abrir o porta-malas, enchi um pano com clorofórmio e o mantive em minha mão escondida às costas. Fui até o compartimento traseiro e abri, achei que Margaret iria saltar dali com garras e dentes pra cima de mim, cheia de ódio, contudo a encontrei encolhida no canto, no fundo do compartimento, abraçada aos joelhos, tremendo de cima a baixo.

- Pode vim, já chegamos em casa.

Ela levantou seus olhos grandes pra mim, a maquiagem escorrida.

- Essa não é a minha casa. - murmurou.

- Não.

Continuou me fitando do canto, com o olhar profundo, suja de terra e o cabelo bagunçado. Havia clamor e medo na sua feição, e eu não reprimi o sorriso ao apreciar tanto temor.

Era isso, exatamente esse olhar que as mulheres davam quando percebiam que estavam prestes a sofrer nas minhas mãos, que me causava tanta excitação. Mas, me lembro de dizer que Margaret era diferente, então foi uma excitação diferente também. Esperei em silêncio.

- Você não tá falando sério... Você disse que só queria conversar... e que depois de eu fazer
o que quisesse, iria me deixar ir embora... Eu me livrei daquela porra de cadáver pra você!! - gritou se exaltando de repente.

- Calma. - pedi, ainda sorrindo. - Não diga que eu não cumpri com a minha palavra... Você veio embora. Não pra sua casa, mas pra minha, que é quase a mesma coisa, afinal moramos bem perto.

- Seu filho da puta desgraçado!

- Oh... a boca suja. - alertei. - Vai ficar aí enfiada no furgão igual um bicho? Tudo bem, eu tô cansado, vou comer algo e dormir. Se quer ficar aí, que fique... - fiz menção de fechar a porta, mas de imediato Margaret se arrastou pra perto da saída, temendo ficar presa.

- Não! Eu vou sair, mas não admito que você encoste em mim! - advertiu, os olhos arregalados de medo. - Nem aponte de novo aquela merda de revólver em mim, ou eu vou fazer um escândalo!

- Não vou tocar em você, juro.

- Você é doente... - exprimiu, dando-se conta de onde se meteu. Ela estava descrente, não acreditava em nada do que eu dizia, e que outra alternativa possuía?

Queria ter condições de me preservar sério, passar confiança. Era impossível. Meu sorriso insistia e eu a analisava com ansiedade contida. Dei espaço para que saísse da van, mostrando que o caminho estava livre. Margaret saltou pra fora e se preparou pra correr pro portão fechado da garagem.

Era óbvio que ela faria isso, eu estava preparado, então quando pulou pra longe, agarrei por trás. Apanhei a sua cintura com meus braços tão firmemente que seus pés se soltaram do chão. Ela abriu a boca e puxou ar pronta pra gritar, e foi nessa hora que eu meti a mão com o pano com clorofórmio em sua face.

Senti o pulmão dela se enchendo e seu corpo esguio se debatendo em desespero. Contive até ela amolecer em meus braços. Apreciei cada instante desse desmaiar lento em cima do meu peito.

A cabeça de Margaret tombou pra trás em meu ombro, e suas costas escorregaram pelo meu peito. O traseiro dela desceu pelo meu quadril, e eu quase desci junto para o chão, acompanhando.

Fechei os olhos, enfiando o nariz no meio dos seus cabelos longos que se espalhavam, e inspirei o cheiro perfumado, próximo do pescoço. Era tão bom que o mundo ficou em câmera lenta. Era a primeira vez que eu sentia Margaret, minha mão direita a segurava na
barriga e a esquerda ainda permanecia com o pano no seu rosto.

Ao retirar o pano com clorofórmio, ela continuou desacordada, as pálpebras bem fechadas e os lábios abertos, como se dormisse no meu colo. Estava vulnerável.

Segurei no seu queixo, prestes a beijar a boca dela. Recebi o arquejo contra minha boca e parei. Não podia, não assim. Agitei a cabeça em negativo e afastei, dei impulso a pegando por inteiro. Fiquei de pé novamente e carreguei pro interior de casa.

Fui direto pro meu quarto. Deitei ela na cama e ali deixei, sabia que ia demorar pra acordar. Então aproveitei e corri para o porão abaixo do dormitório, o meu estúdio.

Esse porão tinha a entrada no assoalho, escondido. Arrastei o móvel, puxei o tapete, levantei a porta e desci a escada para o porão. Levei comigo baldes, produtos de limpeza, vassoura e rodo. Estava uma bagunça. Mesmo cansado e nauseado, dediquei os minutos seguintes em limpar o estúdio que agora serviria como cativeiro para Margaret, seu novo lar.

Retirei todos meus instrumentos de gravação, lavei o chão, limpei onde Suzana havia morrido na noite anterior, retirei os vestígios de sangue. Deixei apenas a cama, local onde já espanquei e gravei muitas mulheres. Troquei o lençol e fronha dos travesseiros. Depois ainda lavei a pequena divisão do banheiro.

Ao finalizar a faxina, apanhei cinco mini câmeras espiãs e as instalei em cada canto, sem esquecer de inserir as escutas. Dessa maneira, eu assistiria Margaret sempre que quisesse.

Ao terminar, subi para o quarto e reencontrei Margaret adormecida em minha cama. Peguei com cuidado e desci as escadas. Posicionei na cama no porão e fiquei a observando, tão leve e indefesa.

Sorri comigo mesmo, dando um suspiro aliviado. Era inevitável não apreciar a situação. De perto era muito mais bonita, as sobrancelhas grossas e escuras davam um ar selvagem e excêntrico ao rosto delicado. Queria ficar horas observando seus detalhes, mas era melhor deixar sozinha antes que acordasse.

Me retirei e tranquei a porta do porão, cobrindo por cima com o tapete e o móvel. Esperaria ela acordar, e quando isso acontecesse, ela teria uma surpresa.

Voyeur || Evan Peters Onde histórias criam vida. Descubra agora