7. Suspeito

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Margaret

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Margaret

Esse rapaz havia agredido a minha irmã??

Comecei a desconfiar quando ele estranhamente reapareceu logo após ela ir embora, sem mais nem menos. Isso me
incomodou como nunca e pela primeira vez os seus olhares se tornaram árduos o bastante
para me perturbar.

Ele não me perturbava antes, as perseguições não eram um problema. Como já cheguei a
comentar, até procurava por sua presença. Porém, envolver Vanessa revirou meu estômago e o jeito como ela ficou me alertou do perigo que eu corria.

Após alguns dias depois de sua ida tive vontade de fazer as malas e fugir, correr até ela e pedir perdão.

Por que Vanessa foi assaltada e não me explicou direito o que aconteceu? Por que ela não quis depor na polícia? Por que ela só quis desesperadamente me levar embora?

Com certeza, não foi um "simples" assalto.

Foi assim que concluí que precisava tratar esse assunto diretamente com meu vizinho, pois se eu fosse antes à polícia, a possibilidade de ele ser incriminado eram grandes, e eu não queria cometer o erro de responsabilizar um inocente. Ainda não tinha certeza da sua culpa.

Claro que era suspeito, muito questionável toda essa circunstância, porém, no fundo queria acreditar que ele não era um delinquente, não conseguia imaginá-lo batendo na minha irmã e fazendo esse absurdo!

E assim fiz uma loucura. Jamais teria feito isso... e me pergunto, de onde tirei coragem e
determinação pra ir tão longe?? Talvez eu já estivesse envolvida demais com esse cara, com suas perseguições, apegada à sua silenciosa companhia, pra me arriscar a esse ponto. Precisava tirar a dúvida.

Aluguei um carro diferente, pois se ele visse meu Chery QQ perceberia que sou eu, e fiz o
disparate de persegui-lo. Ele tinha uma van branca, comum e meio suja. No começo foi fácil seguir pela noite paulista. Então ele se enfiou em uns bairros esquisitos. Continuei quietinha como quem não queria nada, coladinha nele. E pra minha surpresa, ele buscou uma garota de programa.

Não imaginava que fosse esse tipo de homem... Mas... Sem julgamentos.

Levou para casa, que era ao lado da minha.

Estacionei em frente e esperei. Quando o
portão abriu de novo, ele estava sozinho no automóvel, parecia doente, e embora a
iluminação do poste próximo fosse precária, de dentro do meu carro eu vi sua feição
arruinada no banco de motorista da van.

Sem pensar duas vezes, dei partida e o acompanhei pelas estradas. Ele fez uma longa
viagem e durante esse período eu me questionava onde estaria a garota? Ele teria a
deixado em casa? Pois eu não a vi saindo. E ela não estava no furgão com ele.

O rapaz estacionou após horas, num lugar ermo e escuro. O medo começava a me importunar, éramos só eu e ele no meio do nada, agora ficava evidente que eu o perseguia.

Tentei estacionar alguns metros de distância e desci do veículo para observar escondida
por detrás do matagal.

Silenciosa e sem pensar direito, me atentei às suas atitudes. A essa altura, eu sabia o
quanto estava sendo imprudente. O quão insensata eu era. Mas já era tarde demais pra me arrepender ou voltar atrás, havia uma curiosidade mórbida em mim que me impulsionava a continuar ali, com os olhos temerosos pregados nele.

Travei de cima a baixo e todos os pelinhos dos meus braços arrepiaram quando me dei
conta que ele tirava um pacote pesado e úmido do porta malas. A princípio pensei ser um manequim, contudo, quando o pacote caiu amolecido para a terra, eu vi o rosto da mulher e a reconheci.

Era a garota de programa! Estava morta!
Tentei segurar meu suspiro de horror, não consegui. A situação ficou pior ainda, se
possível, quando ele virou e apontou a luz do celular diretamente no meu carro, e depois na
minha direção!

Aproximou-se. Havia me ouvido, tinha certeza, eu estava perdida! No susto e no pavor, tentei recuar agachada e tombei pra trás, caindo sentada. Apoiei as mãos na grama molhada e me arrastei pra longe, porém, a luz de seu celular já me alcançava e os passos de seu coturno já estavam perto. Em menos de segundos eu senti a mão de luva segurando
meu braço e me puxando pra cima.

Nem em mil anos vou conseguir descrever o que senti. Se desse pra evaporar e deixar de
existir naquele instante, teria o feito! Ele me pegou e me ergueu, me pondo à sua frente. Os
olhos castanhos fundos me encararam e se encontraram com minha feição de pavor.

O tempo pareceu congelar. Tanto quanto eu, ele também mostrava espanto. Com certeza,
não esperava ser pego no flagra com um cadáver pela pessoa que ele costumava perseguir.

Não disse nada, não reagiu, não se moveu, não piscou. E foi nesse momento que eu percebi que eu tinha cometido o maior erro da minha vida.

Voyeur || Evan Peters Onde histórias criam vida. Descubra agora