30. Olha o Que Você me Fez Fazer

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Evan

Era inacreditável que Margaret teve a coragem e audácia de não somente tentar fugir, mas também de me afrontar jogando meu celular, notebook e roupas na banheira cheia de água.

A única conclusão que eu chegava era que enlouqueceu de vez e não tinha lógica alguma confiar nela, que de uma forma ou outra se voltaria contra mim.

Eu não poderia também ir correndo atrás dela igual um desvairado só de cueca pelo motel porque chamaria atenção e minha cota de humilhação por vagabunda havia esgotado.

Então, tentando raciocinar na pior condição da vida, e procurando ser o mais rápido possível, corri de volta pro quarto e peguei meu revólver que, por um milagre, ainda estava no criado-mudo. Apanhei meu coturno, única peça seca, e as chaves da van.

Apressei em direção ao veículo na garagem. Taquei o coturno no carpete, acionei o motor e dei marcha ré arrancando com a van tão rápido que chegou a cantar o pneu e levantar fumaça.

Avistei Margaret parada em frente à cabine falando com o recepcionista. Filha da puta, provavelmente mandava chamar a polícia! Pisei fundo e em menos de três segundos brequei com a van bem perto.

Saltei e a agarrei brusco, por trás. Margaret deu um pulo, assustada, seguido de um grito ao sentir o cano do revólver na cabeça. Agora eu a prendia com um braço ao redor do corpo, como minha refém, com a arma bem posicionada caso lutasse pra fugir. Ela segurou no meu braço, tentando se soltar, mas eu a contive.

A pessoa à nossa frente era um senhor de idade, dentro da guarita da saída do motel. Ele estava tão assustado quanto ela, com o telefone fixo a meio caminho em direção à orelha. Para nossa sorte, não havia ninguém naquela manhã por ali, com exceção de nós três.

- Larga o telefone!! - alertei. Empurrei Margaret contra o vidro para mostrar o revólver na sua cabeça. - Larga agora, ou vou meter bala nela!!

- Evan!! Não! - ouvi ela arfando, implorando. Ignorei.

O homem começou a tremer e lentamente voltou o aparelho no gancho, obedecendo, os olhos fixos na gente.

- Isso, agora abre a porta da cabine.

Ele meneou a cabeça em negativo, oscilando com temor. Olhou para Margaret, buscando apoio ou respostas. Nenhum apoio veio, ela tremia também, sob minha dominação, eu sentia as suas costas ofegantes colada no meu tórax nu. Enfiei o rosto entre seus cabelos e sussurrei ao ouvido.

- Calma, já vai acabar se ficar quieta. - voltei a gritar pro velho. - Anda logo, caralho!! Abre a porra da cabine!!

Confuso, perdido e perturbado, pegou o molho de chaves e fez o que mandei. Me aproximei, chutei a porta para terminar de abrir, arrastei Margaret comigo, e invadi a pequena guarita, empurrando a fugitiva com força pro chão. Com um soluço, ela caiu e me olhou furiosa.

Voyeur || Evan Peters Onde histórias criam vida. Descubra agora