EvanCom Vanessa fora do caminho, tive paz para perseguir Margaret como costume. Claro que,
como era de esperar, ela ficou arrasada por brigar com a irmã, chegou a faltar na aula,
e passou a noite acordada. Ainda assim, no dia seguinte, voltou à rotina de sempre.Pra mim, esse assunto estava encerrado.
Antes que desse merda pro meu lado, fui fazer meu trabalho atrasado. Peguei a van e dirigi
até o centro velho da cidade, passando por ruas repletas de prostíbulos decadentes e luzes neon envelhecidas. O cheiro acre de lixo e mendigos perambulando de um lado pro outro já eram parte recorrente do cenário.Diminuí a velocidade do motor e abri a janela do furgão, para escolher uma das mulheres que se exibiam à beira rua. Sempre procurava as de aparência mais debilitada.
Suzana era uma dessas mulheres, ela estava quase caindo para a frente dos carros que
passavam devagar, claramente drogada, o cabelo loiro bagunçado e maquiagem borrada.O quanto a vida já tinha maltratado essa vadia? Era a hora de torturar um pouco mais.
Chamei pra dentro e ela veio, com um sorriso estranho, acendendo cigarro e se
acomodando no banco passageiro, aparentando felicidade por ser escolhida por um rapaz novo. Tentou passar a mão no meu cabelo e eu recuei enquanto dirigia, com repúdio.Tive que aturar a vagabunda tagarelando e flertando comigo até chegarmos em casa.
Minha casa ficava num bairro comum, ninguém se metia com minha vida e nunca me meti com ninguém, sempre fui discreto e só tirava as mulheres de dentro da van após já estar no interior da garagem totalmente fechada.
Feito isso, arranquei a moribunda Suzana da van e arrastei para o meu estúdio, que se
tratava de um porão que ficava abaixo do meu quarto. Com um compartimento grande, se
parecia com um galpão, tinha paredes acolchoadas, lá eu guardava meus equipamentos e realizava gravações.Ela ficou perambulando pelo ambiente, o som de seu salto alto ecoando, achando que
estava me seduzindo, enquanto eu ligava as luzes e refletores.- O que você faz aqui, amor?
- Faço fotos e vídeos de mulheres como você. - expliquei arrumando o tripé.
- Eu já sai com um cara igual você, uma vez. Ele me posicionou numa cama, fez várias
fotos minhas, depois me fodeu e filmou. - explicou rindo e me devorando com seus olhos caídos.Não falei nada. Coloquei a balaclava cobrindo o rosto e minhas luvas de costume.
- Precisa disso mesmo? - ela questionou, ainda achando que fosse algum fetiche louco.
- Cala a boca e senta aqui. - ordenei, empurrando pra sentar na única cadeira que havia no foco das luzes.
Nessa hora Suzana começou a estranhar a situação, pois seu sorriso divertido deu lugar à feição de suspeita.
Antes que compreendesse o que acontecia, prendi as mãos e pernas da mulher
respectivamente nos braços e pernas da cadeira. Amordacei a boca também porque ela já estava prestes a fazer um escândalo.Para contribuir, liguei as caixas de som em volume alto, e logo Ghostemane se sobressaiu à sua voz.
Era comum que fizessem encomendas de mulheres desacordadas, mas essa encomenda em especial era para torturar em sã consciência. Liguei a câmera e iniciei o serviço.
Eu já espanquei muitas mulheres e fazia esse trabalho há anos, então sabia medir a força para que não desmaiassem rápido, e quando acontecia de desmaiar, sempre tinha água e
sais de amônia para recobrarem à razão imediatamente e eu continuar.O que eu não esperava era que Suzana estivesse sob efeito de alguma droga pesada e não demorou em convulsionar. A única vez que uma idiota convulsionou na minha cadeira,
consegui soltar das amarras e socorrer; mas essa não dei conta.Eu juro, não pude soltar a tempo e não consegui fazer nada, por mais que a esticasse no chão. Talvez todo o estresse que passei por causa da Vanessa recentemente tivesse tirado meu foco e eu exagerei na Suzana, não sei... Mas quando Suzana parou de se tremer, com o rosto ensanguentado e a boca espumando, eu percebi que ela havia morrido.
Interrompi o vídeo e desliguei tudo. Arranquei a balaclava, transpirando.
Fiquei uns trinta minutos com o cadáver daquela vagabunda sujando o chão do meu
estúdio, sem ter ideia de o que fazer com ela.Que merda! Nunca isso tinha acontecido
comigo, tinha que acontecer justo naquela hora?? Meus pensamentos não se
reorganizavam, minha cabeça doía e eu só queria quebrar tudo, sair correndo e largar
aquela imundice pra nunca mais voltar.Pensei em Margaret, e então pensar nela me acalmou. Me deu um sopro de autocontrole
quando me lembrei que a reencontraria na janela, sendo simples e feliz do jeito dela, pra eu apreciar pro resto da vida.Mas antes tinha que me livrar de Suzana. Com a boca seca e uma sensação horrível,
envolvi o corpo dela em um grande plástico.Peguei do jeito que estava e meti dentro do
compartimento traseiro da van. Abri a garagem para sair dali como se nada tivesse
acontecido e dirigi para longe de casa, atravessando avenidas movimentadas e tráfegos contínuos.Só eu e um cadáver no porta malas, se misturando no cinza da noite junto com a
cor fraca dos faróis, semáforos e outdoors da cidade.Fiz uma viagem de uma ou duas horas, achei melhor parar antes que amanhecesse. Queria
estar o mais longe possível da civilização.Quando já não haviam mais luzes nem asfalto,
entrei em pequenas estradas de terra e encontrei o lugar ideal.Estacionei ao ter certeza que era uma via isolada e afastada do movimento dos carros. O silêncio era quebrado pelo coaxar distante de sapos e estrilar de grilos. Desci do automóvel, deixando somente os faróis acesos, e fui arrancar o cadáver de Suzana da parte traseira.
Recoloquei minhas luvas e puxei o corpo envolvido em plástico para fora, e ela tombou com tudo próximo dos meus pés.
Dei dois passos pra trás e ouvi um barulho estranho. Paralisei, prendendo a respiração. Não era o som repetitivo dos insetos noturnos. Me pareceu um suspiro ou um gemido de aflição.
Com o celular em mãos, acendi o flash para usar como lanterna e olhei ao redor. O facho de luz me evidenciou apenas matagal, árvores próximas e grandes arbustos. E então eu vi... um carro que eu não tinha visto antes, agora estacionado há alguns metros de distância do
meu, na estrada deserta.Meu estômago gelou e um arrepio nefasto me tomou, era só o que faltava! Justo quando eu
desovava um cadáver, tinha alguém me espionando.
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Voyeur || Evan Peters
HorrorDARK ROMANCE+18 Evan trabalha gravando e vendendo vídeos de mulheres sequestradas na Deep Web. Para ele, esse é o emprego perfeito. Mas debaixo dessa máscara de homem frio e misógino, existe um rapaz cheio de traumas, que esconde uma paixão devasta...