2. Stalker

387 40 6
                                    

Evan

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Evan

Tinha uma encomenda de fotos e vídeos na deep web. Eu ia realizar, porque o pagamento
era bom, mas antes precisava acompanhar Margaret numa saída repentina.

Odiava sábados e domingos por isso, Margaret tinha uma rotina bem definida em dias de
semana. Ela morava sozinha, então geralmente acordava, tomava banho, tomava café da manhã, se arrumava, pegava o carro e ia estudar (fazia graduação de Artes Plásticas), depois voltava e assistia Netflix até pegar no sono e ia pra cama dormir, pra repetir tudo no dia seguinte, a salvo de terças e quintas que ela ia pra academia e ficava duas horas levantando peso a toa, ganhando zero de massa e continuando pele e osso.

As vezes achava que se eu chegasse perto demais, minha pressão obsessiva iria comprimir o ar e quebrar ela ao meio, de tão frágil. Talvez seja por isso que algo, na atmosfera que envolvia Margaret, me intimidava. Com facilidade eu batia e humilhava qualquer mulher. Mas não me imaginava fazendo isso com ela.

Eu tinha sorte de ela não tinha amigos, exceto algumas idiotas da faculdade, metidas a
artista também. Amiga de verdade que visitava ou que marcava encontro, nunca existiu. Família também, nunca vi, além de parentes que moravam longe.

Óbvio que eu já conhecia todas as suas redes sociais e algumas vezes invadia seu instagram para verificar as mensagens. Margaret era o tipo de mulher que apreciava a solidão e não fazia questão de ter companhias.

Ainda assim, aos sábados e domingos, a vida dela era imprevisível. Algumas vezes ficava na academia, outras vezes corria pelo parque, ou frequentava a estreia de um filme cult no cinema. Sempre sozinha. E eu sempre perseguia, de um jeito ou de outro. Também, haviam as vezes que ela frequentava eventos de arte, que eram os mais irritantes porque nem sempre eu obtinha acesso e precisava ficar de fora no meu carro esperando ela sair.

Certo sábado acordei apressado quando a vi saindo. Quase a perdi de vista e tive que
mudar meu planejamento. Quando avistei seu Chery QQ ridículo e minúsculo passando, acelerei com minha van e colei nela pra seguir pelo trânsito.

Poucos minutos depois ela estacionou em frente a uma lanchonete chique no Jardim Paulista. No geral, quando isso acontecia, eu revirava os olhos e procurava manter a paciência. Estacionei logo após e a acompanhei, com cuidado e distante pra não ser notado.

Aliás, independente do clima, eu sempre usava blusa com capuz pra cobrir meu cabelo e
me misturar na multidão. Não sei o que faria se Margaret me notasse de novo como
aconteceu na vez do supermercado.

Então ela foi tomar seu café da manhã nessa cafeteria, sentou à uma mesa e para
minha surpresa tinha uma mulher a esperando. Recordei que aquela era a sua irmã, já tinha visto fotos delas juntas no instagram.

As duas se abraçaram demoradamente, tive a impressão de ver Margaret chorando. Me sentei numa mesa próxima, perto o suficiente para ouvir a conversa.

- Que saudades, Maggie. Quando você volta pra casa?

- Não posso mais voltar, você sabe...

- Claro que pode!

- Preciso ficar em São Paulo, meus estudos são aqui, você entende que foi muito difícil eu
conseguir bolsa.

- Preciso ficar em São Paulo, meus estudos são aqui, você entende que foi muito difícil eu conseguir bolsa

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


- Mas você disse que tá com problemas...

Olhei de soslaio e respirei fundo, a imbecil queria levar Margaret pra "casa"? Como assim?

Uma garçonete veio até minha mesa oferecer o cardápio e eu pedi só um café, pra idiota
sair logo e me deixar em paz pra ouvir a conversa da mesa ao lado.

- Foi, Vanessa... Eu te disse... Mas... é bobagem. Esquece isso que te falei!

- Olha, me preocupo com você. Acho que seria melhor transferir seus estudos pra universidade lá de Florianópolis. Não acho seguro continuar aqui. Além do mais, a mãe tá
com saudades suas.

- Entendo... Você tá certa...

A irmã dela a abraçou, e eu fiquei bebendo o café horrível sem açúcar pra me punir pelo
desespero que aflorava em mim e eu não conseguia controlar. Nos minutos seguintes,
Margaret estava de ótimo humor diante da possibilidade de ir embora de São Paulo. O que
eu faria??

Meus nervos queimavam, queria espancar aquela mulher até o rosto ficar irreconhecível.
Tinha que sequestrar uma vadia qualquer pra criar as fotos e vídeos que me comprometi a
entregar, e tinha prazo. Eu pensava o quão problemático seria se eu pegasse a irmã dela.

Voyeur || Evan Peters Onde histórias criam vida. Descubra agora