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Ao ver o olhar enfurecido que tomou conta do conde, ela já não parecia segura se queria realmente continuar com tal conversa. A mão firme de Colin rodeou o seu pulso e ela suprimiu um gemido de dor.

   — Perdão, creio tê-la ouvido mal — ele não conseguia acreditar, não conseguia acreditar que a doce mulher a sua frente já houvesse sido deflorada, pior ainda, provavelmente por Alfred, seu ex noivo.

   Penélope não deixou o olhar fumegante a amedrontar, por, mas que por dentro estivesse mais amedrontada do que o recomendado para um ser humano.

    — Não me ouviu mal, já sou uma mulher madura — sentiu o aperto no pulso afrouxar e quando se viu livre afastou-se sem pestanejar.

    — Se deitou com Alfred? — O grito ecoou pelo saguão e Penélope não esperava por essa reação, acreditara que ele preferisse que fosse uma mulher experiente, assim não teria que se preocupar em ser cuidadoso.

   — Sim... mas acreditei que... — ele virou-se para sair dali e a cabeça antes confusa da criatura ruiva se tornou um emaranhado mais denso ainda para se desembolar — o que... Mi lorde...

   — Não consigo sequer olha-la — o olhar de repulsa que ele lhe direcionou a fez querer se encolher — sempre foi tão correta e casta milady — o tom ao pronunciar lady foi carregado de ironia — não consigo sequer imaginar o motivo de querer fazer ciúmes a Alfred, se ele já a tomou, não irá a querer, já teve o que os homens desejam com ladys como você. — Ele saiu sem sequer lhe direcionar um comprimento ou sequer um olhar.

Um soluço baixo escapou da sua garganta junto com as lágrimas pesadas que vinha segurando a muito, não sabia ao certo o motivo de estar chorando, sua vida tinha tido tantos baixos e baixos em menos de dois dias que sequer tinha lágrimas para tantas situações atormentadora para qualquer lady existente, fossem como ela, ou não.

   "Ladys como você" sabia que não era o modelo de beleza esperado para um padrão que se sabe lá quem o criou, mas ter aquilo jogado frente a sua face daquela forma machucava, e não importava que fosse o conde quem o jogará. Outras pessoas já jogaram também, como suas irmãs, magras, altas e dóceis. Ou seu pai, enfatizando que devia se casar logo pois seus vestidos eram mais caros do que o de suas irmãs. Até mesmo Alfred, controlando suas limonadas e docinhos nos bailes, ela forçava-se a acreditar que ele se preocupava com sua saúde.

    Um instinto autoflagelante a fez sentir vontade de rir da própria desgraça, ela sabia, sabia que essa não seria a primeira e nem a última vez que seria totalmente reduzida a ela, a criatura baixa, desajeitada, boca dura, e gorda demais. 

   Sentou-se no degrau tão bem encerado que conseguia ver seu reflexo com bochechas vermelhas e olhos irritados. Ele não a desejava, por isso não a tomou, mas por qual motivo se dispôs a ajudá-la? Não havia sentido, o que lhe pediria em troca da ajuda? Será que lhe ajudaria depois da mentira que ela lhe contou?

  Não queria o ver, não quando ele expressará tão abertamente a imagem que tinha dela. Imagem essa que ela agora tinha certeza não ser das melhores.

   Viu Oscar caminhando em direção da escadaria e levantou-se sem nem um terço da graça que se levantaria normalmente.

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   Nancy a informou que está noite dormiria novamente no quarto do conde, que o mesmo não passaria a noite em casa e que no dia seguinte um quarto para ela já estaria pronto.

    — Nancy, o vestido que eu estava usando ontem — a mulher ergueu uma das sobrancelhas em claro sinal de confusão — preciso dele, não quero levar nada que possa ser do conde.

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