Capítulo Vinte e Seis: Casa dos Gritos, Parte Um

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ENTÃO, ELA NÃO VIU DE ONDE, uma coisa atingiu sua cabeça com tanta força que ela foi novamente derrubada no chão. Têmis, plenamente desnorteada e quase desacordada, ouviu Hermione gritar de dor e cair também. Harry tateou à procura de sua varinha, piscando para limpar o sangue dos olhos...

- Lumus! - sussurrou.

A luz produzida pela varinha de Harry mostrou-lhe um grosso tronco de árvore; tinham corrido atrás de Perebas até a sombra do Salgueiro Lutador, cujos ramos estalavam como se estivessem sendo açoitados por um forte vento, avançavam e recuavam para impedir os garotos de se aproximarem.

E ali, na base do tronco, o cão arrastava Rony para dentro de um grande buraco entre as raízes - o garoto lutava furiosamente, mas sua cabeça e seu tronco foram desaparecendo de vista...

- Rony! - gritou Harry, tentando segui-lo, mas um pesado galho chicoteou ameaçadoramente o ar e ele foi forçado a recuar.

Agora estava visível apenas uma das pernas de Rony, que ele enganchara em torno de uma raiz na tentativa de impedir o cão de arrastá-lo mais para o fundo da terra - mas um estampido terrível cortou o ar feito um tiro; a perna de Rony se partiu e um instante depois, seu pé desaparecera de vista.

- Harry... temos que procurar ajuda... Olhe para Têmis! - gritou Hermione; ela também sangrava; o salgueiro a cortara na altura dos ombros.

Harry deu um grunhido de horror, se agachou no chão e trouxe Têmis para si, a erguendo no colo no estilo noiva.

- Não! Aquela coisa é bastante grande para comer Rony; não temos tempo...

- Harry, nunca vamos conseguir entrar sem ajuda...

Mais um galho desceu como um chicote em sua direção, os raminhos curvados como articulações de dedos.

Têmis então finalmente acordou do pequeno desmaio com o susto, assimilou o que estava acontecendo, desceu do colo de Harry e correu até o nó que havia no tronco, como seu pai havia lhe ensinado. Abruptamente, como se a árvore tivesse se transformado em pedra, ela parou de se movimentar. Sequer uma folha virava ou sacudia. Bichento voltou a se aproximar deles e se esfregou nas pernas da Lupin, que logo o pegou no colo.

- Me sigam! - berrou Têmis, acordando os dois amigos do transe em que estavam.

Harry e Hermione venceram a distância até o tronco em segundos, mas antes que pudessem
alcançar o buraco nas raízes, Têmis deslizara para dentro com Bichento em seus braços. Harry entrou em seguida; avançou arrastando-se, a cabeça à frente, e escorregou por uma descida de terra até o leito de um túnel muito baixo. Segundos depois, Hermione escorregou para junto do garoto.

- Como raios você sabia disso? - perguntou Harry, estupefato.

- Aonde é que foi o Rony? - sussurrou Mione com terror na voz.

- Por ali - respondeu Têmis, ignorando Harry e caminhando, curvada, atrás de Bichento, que havia saltado de seu colo e seguido rumo.

- Onde é que vai dar esse túnel? - perguntou Hermione, ofegante.

- Eu não sei... Está marcado no Mapa do Maroto, mas Fred e Jorge disseram que
ninguém nunca tinha entrado. Ele continua para fora do mapa, mas parecia que ia em direção a Hogsmeade... - respondeu Harry

Os garotos caminharam o mais rápido que puderam, quase dobrados em dois; à frente, o rabo de Bichento entrava e saía do seu campo de visão. E a passagem não tinha fim; dava a impressão de ser no mínimo tão longa quanto a que levava à Dedosdemel. Têmis só conseguia pensar em três coisas: Rony, no que aquele canzarrão podia estar fazendo com o seu amigo e em como esse lugar claustrofóbico era aonde o seu pai tinha que ficar todo mês em dia de lua cheia antigamente.

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