Capitulo 19: "De Volta para Mim"

1 0 0
                                    

“Nada se compara, a sensação de encontrarmos aquilo que perdemos.
Enche o nosso coração de ar, nos completa, nos trás a felicidade genuína.”

Issac:

Eu estava na festa, observando todos os lobos comemorando e celebrando a minha posse da tribo, eu me sentia mais poderoso, mais forte e mais sagaz. Meus ouvidos estavam mais aguçados e os meus olhos, mais atentos em tudo o que acontecia ao meu redor. Eu já havia brindado, comemorado e só faltava fazer o discurso, porém, eu sentia a falta de Camille, em todo o tempo e o tempo todo. Era como se algo não tivesse correto, fora da ordem, ela fazia parte de um pedaço de mim, eu não havia dito que eu amava ela, por nenhum minuto, apenas, naquele momento do hospital, quando o aparelho registrou o seu último batimento cardiaco, a última linha na tela de LED dizendo que ela não retornaria mais, eu sentia a sua falta, em cada instante, eu precisava tê-la de volta. O lobo Kim, bateu em meu ombro e disse:
— Ao enfim nosso Alfa Issac, hein?! — Fazia tempo que a tribo não se sentia tão livre, tão abençoada. E ele ergueu a taça cheia de refrigerante.
— Refrigerante?! — Comentei, debochando: —O que aconteceu com o apreciador de vinho?! — Indaguei, e ele sorriu olhando para a taça e depois para a festa.
— Algumas coisas, mudam definitivamente. Eu descobri que bebendo vinho, eu me transformava em um lobo pior do que nossa criatura já era. Sentia mais sede, e bem, não é bom né!? — Disse ele, dando de ombros.
— Acho que consigo entender. — Disse e ele sorriu e me olhou:
— O que vamos fazer, depois, que a festa acabar?! — Perguntou ele, me olhando com atenção.
— Nós iremos lutar, afinal, precisamos disso.
Madson virá, só está esperando o tempo dela, conheço aquela criatura maligna. — disse e ele me olhou.
— Camille também virá, no tempo dela. Nós não nos conhecemos, mas, esperamos por ela.
—Disse ele, e eu coloquei as mãos em volta do seu pescoço e disse:
— Bem, acho que se sentirá em casa. Aquela dali, não é uma loba, mas, uma humana difícil, como tal. — Disse a ele, que sorriu.
— Está na hora do discurso. — Disse Kim, e eu sorri.
Eu, então, fui em direção, ao meio da cateia e disse:
— Atenção a todos!: —E todos silenciaram: — Sei que estamos celebrando, e há dignidade nisso. Hoje, recomeçaremos de onde nunca deveríamos ter parado, hoje, iniciamos mais um ciclo, mais uma etapa na nossa vida, a cateia sempre será a nossa casa, um nos outros, um pelos outros. Somos uma família, e temos a honra de proteger, e cuidar de cada um de nós. É importante lembrar, que a partir da festa, teremos uma missão: vencer a guerra.
E juntos, eu sei que podemos. Juntos, eu sei que conseguiremos. Nada é mais forte do que a família, do que a nossa união, treinaremos para a batalha árdua que se seguirá em nosso caminho, e teremos, a honra e a força para lutarmos para nos livrarmos do mal que se segue. Sempre terão a mim, e eu sempre terei a vocês. A família! — Ergui a taça de vinho, e uivei para a lua cheia que estava em cima de nós ainda e todos os lobos uivaram juntos.
Eu me afastei, e então, precisei ficar um tempo sozinho, eu já sabia onde que eu deveria ir, um lugar, onde eu poderia senti-la novamente.
Corri em direção ao cemitério, e ao chegar na sua lápide, sentei e fiquei observando o silêncio, com muito custo, eu fechei os olhos e disse:
— Se eu pudesse, eu te falaria tantas coisas, Mille, uma delas, é muito obrigado. De alguma forma, eu não sei como, mas, de alguma forma, você me salvou. Lutou por mim, mesmo quando, eu não tinha mais forças, você é a minha força, e eu...— Paralisei, a terra abaixo de mim, estava tremendo, literalmente como um terremoto. Um vento soprou fortemente em nossa volta, e a coisa mais bizarra do mundo aconteceu, embaixo de mim, literalmente em baixo, uma mão surgiu e uma cabeça, braços, tronco, não pode ser. Não... Eu pisquei, estava tão próximo de mim, e eu engoli em seco, me levantei e me afastei, e então, eu vi, o seu rosto, sujo de terra. Camille saiu viva e respirando, assustado me coloquei de pé, e ela, também.
Ela estava... ela não podia... ela... pôde... : — Camille?! — Eu chamei, ela olhou para mim e deu um sorriso largo e seus olhos havia um brilho diferente.
— Issac… —Disse ela, com lágrimas nos olhos: —Eu estou aqui, sou eu. — disse ela, completamente suja de terra.
— S-santo... D-Deus... — Exclamei baixo e com receio.
— Eu... estou com tantas saudades. — Disse ela, e eu engoli a seco, completamente sem reação.
— C-cam-mil... Mas… C-com-mo? ! — Gaguejei, completamente confuso.
— Eu… é muito longa a história. Eu, conheci alguém, e essa pessoa, me ajudou. Ela...—E ela abaixou os olhos e deu um sorriso: — Significa muito para mim, e para nós. Ela me ensinou a lutar, e a, Issac, eu tenho poderes agora.
Como Yummi. — disse ela, sorrindo abertamente.
— Poderes?! Mas... como assim?! — Perguntei, confuso.
— Você não está feliz em me ver... — Concluiu, desanimada.
— É que você, literalmente, acabou de sair da cova.
Vem, não é isso, é só que, é assustador. — Disse, sem saber exatamente o que dizer.
— Claro… — disse, ela colocando os cabelos para trás da orelha: —Você tem razão, para você, eu estive morta. Mas, não achou que eu reviveria?! — Indagou ela, e eu engoli a seco.
— Achei, claro. Mas, não assim… veja, isso não importa. Você está aqui, só isso basta. — disse e ela correu e me deu um abraço, me sujando completamente: —Você precisa urgentemente de um banho, Mille. E ela deu risada, fraca, era Mille.
Ela havia retornado, a profecia aconteceu, a guerra estava chegando.
Caminhamos juntos em direção na saída do cemitério, e ela segurando a minha mão disse:
— Espero que você já tenha ganhado de Lauren, Moon disse que você estava em uma emboscada.
— Disse e eu sorri.
— Sabia que tinha sido você, só você para me fazer aquilo. Foi... Incrível! Lauren ia mesmo preparar uma emboscada, e aquelas visões e aquela sensação. Foi... perfeito! Você é perfeita. — Disse a ela, que sorriu e corou.
— Eu não podia ficar quieta, enquanto, você estava lutando pelo seu povo. Não era justo. — disse, e eu sorri e coloquei as mãos em sua cintura:
— Nosso povo. O que eu tenho, é seu. E o que é seu, é o que eu tenho. Mille, você não sabe o quanto é bom ter você de volta. — Disse e ela sorriu abertamente.
— É bom ver você de novo. — Disse ela, com os olhos cobertos de lágrimas: — Você tem razão, eu preciso mesmo de um banho. — E eu sorri.

Não importa o que virá, eu tinha Mille de volta, ela havia renascido.

Renascendo- Vol 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora