Capítulo 24: 'O lado Obscuro"

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“Todos nós temos um lado denso, e todos os dias, lutamos para ele não ter força.”

Yummi:

Eu estava dormindo, quando, a minha porta se abriu. Era noite, no horário mais tarde da madrugada, senti a presença de alguém e despertei. Era madame, com o colar em seu pescoço, o colar era redondo e a pedra de mármore era azul-celeste, provavelmente, ele iluminava. A madame, abriu a cortina da minha cama, e estralou os dedos, eu não podia sair da cama:
— Mas, o que… —E ela, colocou o dedo indicador na boca dela, emitindo o silêncio.
— Não aceito bruxas intrometidas aqui no meu clã, e tão pouco, aquelas que desrespeitam a minha presença e as leis. Por isso, é eu vou matar você, aqui, agora mesmo. — Disse ela, e eu não conseguia chamar Ross em voz alta.
Ela estava me prendendo na minha própria cama, então, eu fechei os olhos, e gritei em pensamento por Ross despertar, ela abriu os olhos, e disse:
— Yummi, querida, eu vou te salvar. — disse ela, e a madame sorriu.
— Você, meu querido, vai ter o seu próprio castigo. Por enquanto, é somente ela que me interessa. — E estralou os dedos, e os meus braços começaram a arder: —Farei você me respeitar, e respeitar o clã, nem que sofra por isso. — Disse ela, com fúria.
E então, eu olhei para Ross, e fechei o punho, a princípio, nada aconteceu. Mas, eu sentia o meu sangue ferver por dentro das minhas veias, e como um vulcão em erupção, meus olhos começaram a arder, eu podia sentir o fogo, passando por cada milimetro do meu sangue, podia sentir, o calor que estava, como se eu estivesse, com febre interna. E eu escutei, os gritos de cada bruxa, de cada quarto, um cheiro de fogo e fumaça entrou pela porta do meu dormitório, e a madame, assustada, se levantou apressada para ver, saindo completamente do meu dormitório, e vindo desesperada ao meu encontro:
— Faça parar! Agora! — Exclamou ela, e os gritos, permaneceram ecoando por todo o lugar.
— Não importa quantas bruxas vão ter que morrer esta noite, mas, você se arrependerá por tentar me matar, eu não vou morrer por sua causa. — disse, com uma voz grave e sombria.
— Yummi... Yummi... — Disse Ross, ao meu lado, mas eu não conseguia parar.
A madame, foi caindo no chão, e gritando com agonia intensa:
— Eu não gosto, de ver ninguém me maltratando e fazendo quem eu amo sofrer. — disse, me levantando da cama, e indo até ela.
— PARE! Por favor! — Gritou a Madame, em desespero: —Está queimando! — Gritou ela, mas não havia fogo nenhum.
— Não querida, eu disse que teria um incêndio.
— E a Madame caiu, dura no chão, morta.
E eu também, os gritos cessarão e o cheiro se foi. Eu estava fraca, exausta e aturdida:
— Ross... — Chamei, como se não tivesse feito nada: —O que aconteceu?! — Falei, assustada, ao ver a madame no chão.
— A bomba, você é uma bomba. — disse Ross, me abraçando e eu cobri os olhos, chorando intensamente no peito de Ross.
Ross, pegou o colar da Madame, no mesmo instante que um alarme tocou por todo o prédio, o conselho, gritou o meu nome e o nome de Ross, por toda a corporação, e nós sabíamos, que estávamos encrencados. Eu segurei o braço de Ross, impedindo que ele fosse adiante:
— Esconda o colar, do jeito menos obvio que possa estar. Eu irei sozinha. — disse, e ele me tomou pelo braço e disse:
— Ficou maluca?! Não vou em esconder e deixar você sozinha, levando castigo. — Disse ele: — Eu estou com você até o fim. — Disse, e uma lágrima escorreu diante dos meus olhos.
O corpo de Madame, desapareceu, eles sabiam o que eu tinha feito. E então, Ross me beijou intensamente e eu disse:
— Eu preciso que fique aqui, esconda o colar e ache o livro. Não posso sair sem o livro… —Disse suplicando e Ross abaixou a cabeça: —Não sairei daqui, sem você. — disse, erguendo o seu queixo e ele assentiu com a cabeça.
E sai do dormitório, e andei em direção ao corredor, em direção, ao conselho, em direção, ao piro que me aconteceria.
Toda a sala do conselho das bruxas, estava euforicamente confuso, vozes femininas e masculinas falavam alto sobre o caso, eu estava parada analisando a expressão de cada uma, e foi Annelise quem se dirigiu primeiro a mim:
— Você vai pagar por matar a madame, vai pagar, está me entendendo?! — Disse ela, apontando o dedo para mim.
— Silencio! SILÊNCIO! — Gritou, uma conselheira que estava centralizada na enorme mesa: -Se alguém fará Yummi pagar, será em consenso com o conselho inteiro. No instante que chegou aqui, sabíamos os riscos de Yummi a nossa família. Ela, de fato, é um perigo e uma berração! — Disse ela, sem hesitar em demonstrar nojo e repugnância em sua voz: -Contudo, Madame sabia da possibilidade dela se descontrolar, e mesmo assim, aceitou a jovem em nosso meio. Um ato irresponsável para alguns, e muito corajoso para outros. Contudo, Yummi matou a nossa líder, e sei que ela está esperando uma punição. Devolva-nos o colar Yummi! — Disse a mulher, e eu cerrei o punho.
— Sinto muito pela madame, porém, não peguei colar nenhum. — Disse, e a sala se rompeu em murmúrios e reclamações novamente e a mulher, ergueu os braços, calando todos ao mesmo tempo, ela me olhou, furiosa e caminhou diante de mim.
— Sei que está com ele, mas, ele não te pertence. O colar, querida, pertence à família de bruxos, aos descendentes mais antigos desta cidade. Pertence a mim! Pertence a nós! — Disse ela, cerrando o maxilar.
— Então, pertence a mim também. E a guerra, pode ser evitada, se Madson tomar posse deste colar, estaremos todos condenados, vocês não entendem?! Precisamos dele. — Disse, iluminando os meus olhos, e ela hesitou.
— Seus olhos, são sombrios e contem magia do mal. Você é suja por dentro. — Disse ela, com nojo.
Aquilo me enfureceu, e a porta que estava entreaberta, se fechou sozinha, pelo meu poder:
— Não ouse, ativar a bomba que há em mim, querida. E não ouse, falar de mim desta forma. Eu posso incendiar com apenas um estralo esse lugar que vocês chamam de casa. — Disse, furiosa, e completamente longe de mim.
— Não me ameace! — Disse a bruxa, me olhando com audácia.
— E não me provoque. — Disse iluminando os olhos para ela.
Ela hesitou, e deu passos para trás, e limpou a garganta:
— Você precisa se controlar, não pode perder a cabeça. — disse ela, me olhando com receio.
— Então, não me faça perder a cabeça. — Disse, erguendo a sobrancelha: —O negócio é o seguinte: se querem me punir, punam. Mas, não posso deixar de avisar que sofrerão. Vocês me quiseram aqui, e agora, terão que me engolir. — Disse, saindo da porta, e fechando bruscamente.
Aquela fúria se passou, e eu escorei nas paredes, fraca e completamente perdida, Ross, eu precisava de Ross.

Renascendo- Vol 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora