Renascendo- Vol 2

Capítulo 10: "Velhos Amigos"

“O orgulho de te faz ficar cego, não permite que você enxergue que precisa de ajuda.”

—Issac:
Após deixar Yummi no clã das bruxas, decidi que, se eu quisesse vencer da Alfa, eu teria que me esforçar mais. Treinar, estar alinhado com o meu destino. Era necessário provar a minha força, o meu equilíbrio, era noite de lua cheia, e lobos nesse período, só conseguiam se controlar ao máximo do equilibro que ele conseguisse, por séculos, fomos treinados para usar a nossa transformação apenas como uma referência do nosso próprio eu, e raramente, usávamos para ferir ou mesmo brigar. É logico que como um futuro líder, matar e brigar, faziam parte do nosso treinamento, contudo, não era algo que precisávamos necessariamente usar. Somente, se um de nós estivéssemos correndo perigo. E foi assim, por longas horas de treinamento, socos, giros, mantendo o máximo da concentração, que eu a vi, parada no meio das árvores, me olhando. A princípio, achei que estivesse ficando louco, mas, ao piscar inúmeras vezes, não era loucura da minha mente, ela de fato, estava ali. Eu rosnei com fúria, poderia ali mesmo atacá-la, contudo, ela sorriu com um ar destemido:
— O que você quer?! — Rosnei, com fúria.
— Só ver o amor da minha vida, não pode?! — Disse ela, ainda parada no meio da floresta.
— Vai embora! Some da minha frente. — Disse, segurando o punho.
— Vamos brincar?! Ora, não seja tão patético Issac, eu sei que você gosta de brincadeiras. — disse ela, piscando.
— Madson, como ousa vir até mim, logo após ter... — Eu abaixei a cabeça, era difícil completar a frase.
— Ora ainda ressentido com isso?! Francamente, você nem sequer pensou em seguir a sua vida?! — Indagou ela, irônica e sarcasticamente e os meus olhos ficaram amarelos intensos: —Calma, cachorrinho, eu venho em paz. Veja, eu mesma precisava ter uma distração, e ver esses músculos em trabalho, ui! Chega até dar arrepios. — Disse ela, sorrindo com prazer.
— Não me ousa testar Madson, saia! — Ordenei, e ela sorriu e deu um passo a frente.
— Sabe Issac, eu diria para você não me testar.
Correr desesperado não vai te ajudar nadinha, e tão pouco, treinar. Diga, é isso que você tem para a guerra?! Só você?! Eu ouvi dizer que sua amiguinha, Yummi né, é uma bela de uma bruxa… especial. E ouvi dizer que agora, ela está sob proteção do clã das bruxas, o que significa…—E ela esperou que eu concluísse a sua linha de raciocínio, vendo que eu não concluo, ela prosseguiu: —Que tão certo quanto você é um lobo, ela, é a arma que preciso. Ou melhor, ela tem algo que eu preciso. A grande questão, Issac, é que, Yummi é como uma bomba atômica, um movimento brusco e ela “Bum” —E ela gesticulou com as mãos, representando uma explosão.
— O que quer dizer com isso?! — perguntei, e ela sorriu e ajeitou o cabelo.
— Eu quero que ela exploda. Acha mesmo que eu não consigo rastreá-la, eu sabia que naquele dia, na invasão, ela não estava lá. Mas, mesmo assim, eu sabia que, bastava um movimento brusco nas bruxinhas, que elas corriam atrás do meu objetivo.
Yummi vai explodir, e quando ela fizer, eu vou usá-la. Achei que quisesse saber. — Disse ela, dando de ombros.
Ali eu não me contive, corri em sua direção, mas ela foi mais rápida, desapareceu por completo. Esmurrei o saco de areia, furando-o e derramando areia por todo o canto. Eu estava furioso, parecia que tudo estava contribuindo para que Madson vencesse, Camille, precisava acordar, era urgente. Eu precisava fazer alguma coisa, mas antes, eu precisava ser um alfa, a batalha precisava acontecer. Então, eu treinei com todas as minhas forças, mais do que, um ritual a ser feito, eu precisava estar pronto para a luta que viria. Sem hesitar, continuei treinando intensamente. Até que lembrei, peguei minha bicicleta na garagem e fui em direção a alguém que eu sabia que era importante. A janela do quarto, estava aberta e a luz acessa, a cortina estava balançando levemente sob o quarto, ao tocar a campainha, ele desceu. O seu cabelo estava mais longo, e ele para variar, estava sem camisa.
Miguel me olhou de baixo acima, e abriu e fechou a porta atrás de si: 
— Sabia que uma hora viria, só não sabia quando. — disse ele, e eu cerrei a mandíbula. 
— Olá, Miguel. — disse, erguendo a sobrancelha.
— Diga, o que você quer?! — perguntou ele, com severidade. 
— Por mais que eu odeie confessar isso, mas, preciso da sua ajuda. — disse ele, e ele sorriu: -É sério, Yummi está no clã das bruxas, e ela é uma arma fundamental para a guerra que se aproxima. Os lobos estão dividos, entre mim e a Alfa, e Camille…-E eu engoli a seco, era difícil citar Camille. 

Miguel, abaixo a cabeça, quando citei Camille, eu me lembro no dia do enterro, ele chorou intensamente sob o seu caixão, era como se, ele estivesse quebrado por dentro tanto quanto eu:
— Olha, cara, por mais que eu tenha dito o que acontecesse, tinha que acontecer. Estava previsto. Sobre os lobos, realmente, está previsto uma rebelião, e, por mais que eu odeie, preciso confessar, está em desvantagens e eu não vou ficar no lado de Madson. Por isso, você pode contar comigo. Porém... — disse ele, e eu já sabia que tinha um porém. 
— O que você quer?! — E ele colocou as mãos na cintura.
— Eu estou com problema nas minhas bandas, alguns lobos estão adoecendo. No lado do rio, milhares estão perdendo suas forças e seus poderes, alguns, dizem que é a maldição da profecia, outros, dizem que algo sombrio está chegando e que nem todos vão conseguir sobreviver. — disse Miguel, e eu franzi a testa. 
— Como não fiquei sabendo disso?! — perguntei, sem compreender.
— O conselho achou melhor, não envolver você nisso. Mas, se, essa doença é consequência da profecia, logo, você está envolvido. Precisamos curar os lobos, vai precisar de um exército até mesmo das bandas do rio. — disse ele: —Será que pode ajudar?! — Perguntei e eu concordei.
— Conheço alguém que possa nos ajudar, só não diga a ninguém. Venha e coloque sua blusa. — Disse olhando para ele, que entrou e correu para vestir a camiseta.
Eu sabia quem era especialista para ajudar na questão de doenças, era questão de tempo.